segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O Direito à Indiferença


Enquanto continuam quer a ocupação da Government House quer a teimosia do PM Samak, o país vai começando a exprimir outro tipo de sentimentos e, finalmente direi eu, começam a aparecer grupos de pessoas "ajuizadas" que apelam às duas partes.

Na Sexta foi, como já relatei, iniciada a tentativa de mediação pelo Presidente do Senado num esforço comum com o Presidente do Parlamento e o Líder da Oposição.

Como é normal ambas as partes reiteraram os seus "princípios" de não moverem uma vírgula no seu discurso sem que a outra avançasse primeiro. Até aqui nada de novo. Aqueles que negoceiam nunca vão dizer publicamente que o aceitam. De qualquer modo o Presidente do Senado que era suposto relatar os seus avanços hoje ainda não o fez. Também é um sinal de que continua empenhado e convicto no êxito da sua missão.

Mas entretanto, surgiram quer sondagens quer um grupo vasto de académicos e o que transparece é o sentimento de que nenhuma das partes, Governo e PAD, faz parte daquilo que os tailandeses querem.

As duas sondagens que hoje apareceram são claras. Numa 62% e na outra 66% dos inquiridos não apoiam nenhuma das facções em luta neste momento.

Para além de outras perguntas, e portanto outros indicadores, este é por si sintomático de que começa a haver um afastar da população das posições que quer uma parte quer a outra apregoam.

O grupo de Professores de várias Academias do país solicita numa declaração intitulada "Ninguém está acima da Lei" que os lideres do PAD se entreguem à justiça se querem ter alguma veleidade de encontrar uma via, legal e democrática de contestar o Governo de Samak e que os seus apoiantes abandonem a Government House. Por outro lado recomendam ao Governo o levantamento imediato do Estado de Emergência e o inicio de negociações sérias tendentes a encontrar uma solução para o futuro do país.

São pequenos sinais mas sinais que são ouvidos e que expressam de uma forma clara e lúcida aquilo que o povo genuinamente quer.

O Economist refere que a actual situação, do ponto de vista da economia do país, é pior do que um Golpe de Estado. Embora não deva ser seguido este pensamento o facto é que ele é verdadeiro sabendo-se como os Golpes de Estado neste país se desenvolvem de forma pacífica. Os prejuízos para a economia são por demais evidentes. Contudo um dos factos que conduziu à fraqueza da Democracia na Tailândia é o facto de sempre que não se sabe o que fazer se recorrer a um Golpe de Estado como que uma varinha mágica capaz de recolocar o país no bom caminho.

Tal tem sido um factor que de interrompe de forma continuada o desenvolvimento do processo democrático.

Num comentário à parte refira-se que Samak, afirmou a sua intenção de ir à Assembleia Geral da Nações Unidas, para explicar ao Mundo a situação na Tailândia, como disse, e reafirmando que não tinha razão alguma para não estar presente. Lembre-se que há dois anos atrás foi nesse mesmo momento que os militares retiraram o poder a Thaksin Shinawatra, quando este se encontrava na ONU.

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