Hoje joga-se a meia final onde Portugal deveria estar, mas não está. E não está porque os Alemães foram melhores do que nós. Simplesmente por isso.
Já escrevi bastante sobre a nossa derrota mas é bom que assimilemos que perdemos porque a outra equipa foi simplesmente mais eficaz, mais acutilante, mais produtiva do que a nossa.
Normalmente perdemos "porque o arbitro é um malandro e estava comprado pelos outros ou era ceguinho e mal intencionado de todo".
Na realidade em 99% dos casos perde-se porque pura e simplesmente outros ganham. La Palisse era mestre nestas afirmações mas aquilo que é verdade faz todo o sentido.
Temos quase sempre a tendência, e na generalidade dos temas, para atribuir a outros as culpas dos nossos fracassos. Não é só no desporto que isso se passa. Essa tendência tem, por certo, a ver com a nossa dificuldade em aceitar sermos um país pequeno e com uma reduzida importância no panorama internacional, isto após termos, nos longínquos séculos XV e XVI dominado o Mundo.
Quando existe um pequeno êxito de Portugal ou de um português exaltamos de alegria e tentamos sempre fazer o Mundo ver como somos fantásticos, mas depois somos por demais pequenos nas coisas do nosso dia a dia.
A consciência do conhecimento pessoal, e neste caso colectivo, é um dos cimentos dos grandes homens, dos grandes países, das grandes causas. Saber aquilo que somos e sabemos e talvez mais importante aquilo que não somos e não sabemos, cria valor na nossa vida só pode conduzir ao engrandecimento das nossas acções.
A humildade para a todos atendermos, a todos vermos como iguais e para o facto de que somos imperfeitos só nos fortalece e enobrece ao contrário do que muitos pensam.
A nossa vida é uma aprendizagem permanente e esses ensinamentos vêem de todos e de todos os lados seja ele o Rei ou o pedinte. Dizia um famoso Professor de Michigan "it is not important to be qualified. It is important to stay qualified" C K Prahalad.
Esta noção da necessidade de estarmos em permanente alerta e atentos aos outros e às outras coisas fará de nós, por certo, seres melhores e mais contributivos para o engrandecimento de Portugal como país e de nós como portugueses.
Vem isto tudo a propósito do Euro e também do facto que quando se está longe sente-se o país de forma diferente daquela que quando estamos no dia a dia emersos na realidade. Apetece nos ser "mais" portugueses mas, como vemos de fora, sabemos o quanto temos de lutar para mostrar que esse nosso país é digno de existir no Mundo.
Logo à noite o jogo não nos interessa muito mas quanto a mim já agora que ganhem os Alemães. Não posso "gostar" deles, porque nos ganharam, mas assim como assim ainda são contribuintes para a melhoria de vida dos portugueses através dos fundos comunitários. São para além disso são nosso parceiros/irmãos nesta imensa comunidade e os Turcos ainda estão à porta e por muitos anos.
Contudo seria engraçado se os Turcos fossem campeões Europeus pois aconteceria que durante o campeonato a única equipa que os tinha vencido tinha sido precisamente Portugal.
Que joguem bem é aquilo que se pede. O resto é uma bola de couro e 26 protagonistas mais alguns espontâneos que podem aparecer durante a partida.
Bernardo Pires de Lima
Há 4 horas
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