terça-feira, 6 de maio de 2008

Burma - Nargis e a dor de cabeça diplomática.


O ciclone Nargis acompanhado de uma forte e alta maré no delta do Irrawaddy, um dos maiores da Ásia, deixou Burma/Myanmar em estado de grande devastação.

Apesar das normais dificuldades nas comunicações, agora grandemente afectadas pela destruição causada os relatórios vão saindo a pouco e pouco do pais dando a conhecer ao Mundo a dimensão do desastre do passado Domingo.

Várias cidades costeiras ficaram totalmente destruídas, de acordo com o porta-voz da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Michael Annear. A ajuda está lenta por causa dos problemas de mobilidade causados pela devastação e pelo grande numero de escombros que impedem o acesso as zonas afectadas.

No inicio pensava-se que as vitimas seriam somente algumas centenas mas quando se conseguiu ter acesso a informações sobre a situação no delta esse numero subiu para milhares falando-se actualmente entre 10 a 15 mil mortos

Ainda na semana pasado quer a UE quer os USA reafirmaram a imposição de sanções ao regime de Burma pela constante e continuada violação dos direitos humanos no pais.

A dramática necessidade de ajuda humanitária coloca sempre o problema de fazer chegar essa ajuda a quém a necessita, e não à clique militar no poder, sem que isso por outro lado seja visto como um relaxamento na condenação que o mundo ( infelizmente não todo ) faz da situação que se vive naquele pais.

Neste contexto o papel da China é mais uma vez ambiguo. Nada foi dito até ao momento por Pequim o principal suporte do regime do General Tan Shwe.

No próximo dia 10 de Maio está previsto o referendo sobre a nova Constituição, que todo o mundo vê como uma forma de cimentar o poder militar instituido. A população foi instruída que no dia 10 se faltarem ao trabalho para votar o dia será descontado no salário ( dos mais magros do mundo ) mas se optarem, por votar antes e SIM esse desconto não será efectuado. Grande lição de democracia.

Contudo na presente situação não se sabe ainda se o referendo irá ser adiado ou não.

Não queremos democracia, agora só queremos água - afirmou um homem com idade por volta de 30 anos na fila do poço de um vizinho em Yangun, capital económica do país.

Como se vê a situação é por demasiado importante para neste momento se olhar para o lado.

A UE disponibilizou imediatamente 2 milhões de Euros em ajuda humanitária de urgência a ser fornecida através da Cruz Vermelha, NGOs Europeias e Nações Unidas. O Comissario Louis Michel, e a Comissão não olhou para o Governo mas para o povo de Burma e assim liderou, outra vez, na disponibilização de ajuda quando e onde ela é necesssária no mundo.

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