Esta manhã visitei o Immigration Detention Centre (IDC) ou seja a cadeia supostamente temporária para aqueles que estendem a sua estadia na Tailândia para além do permitido no visto de entrada. A estadia no IDC pode prolongar-se por bastante tempo dependendo da gravidade da ofensa (abuso de visto por longos períodos) ou da falta de meios do detido para sair do país (falta de dinheiro para comprar um bilhete de avião para o país de origem).
Todo o cidadão que entra no Reino tem que obter um visto que varia em duração. Mesmo a ideia de que não é necessário obter visto par a maioria dos ocidentais não é inteiramente verdade pois o carimbo aposto no passaporte no momento da entrada funciona como um visto (sem prévio requerimento) e é dado ao visitante um tempo para permanecer no país, normalmente 29 dias.
Acontece que muitos, ou porque são ilegais procurando emprego (fundamentalmente dos países vizinhos) ou porque vêm fugindo à procura de um lugar para refazer a vida (caso dos norte-coreanos) ou porque pensam que a Tailândia é um país "fácil" para o exercício de actividades ilegais (caso de africanos e de provenientes do sub-continente asiático) ou ainda porque simplesmente se deixam ficar envolvendo-se em demasiadas facilidades e festas que nem sempre são boas conselheiras (a maioria dos ocidentais de mochila às costas), acabam como "residentes" temporários do IDC.
Sem surpresas o IDC não é um hotel de 5 estrelas. É uma cadeia e em principio quem lá está é porque violou a lei, embora possa ser considerado que não é um caso criminal grave, e por isso têm de passar por esse processo de detenção.
Quando uma pessoa pretende estender o seu visto pode dirigir-se ao centro da imigração e solicitar tal, que normalmente será concedido mediante um pagamento. Por outro lado se uma pessoa é "apanhada" no aeroporto tendo ultrapassado um dia pode sair sem problemas e se forem dois dias paga, no local, uma multa de 500 baht (12 euros) e deixa o país sem problemas. Acontece que na maioria dos casos dos ocidentais deixam acabar o dinheiro, desleixam-se em tudo e acabam numa cela à espera que alguém da família envie dinheiro para poderem sair do país. Há contudo muitos que nem sequer têm família no país de origem ou quando a têm a família simplesmente não quer saber deles e por ali ficam até ser encontrada uma solução. Um dos "residentes" há um ano é um cidadão inglês de provecta idade, doente, sem dinheiro cá ou em Inglaterra, onde a família o não quer e portanto sem solução. Não pode ser expatriado contra vontade nem pode ser libertado pois não tem condições para viver aqui no país.
Voltando à visita a primeira impressão que se tem é de que as instalações são bastante razoáveis. Não é de esperar luxo mas são muito melhores do que em muitos lugares que já visitei. Hoje havia 1.092 detidos de inúmeras nacionalidades e como se pode compreender o espaço por vezes é escasso mas é interessante ver como se organizam os detidos e como são capazes de saber conviver com a situação.
Os norte-coreanos, gente que sabe que normalmente após uns meses ali acabam sendo aceites ou pela Coreia do Sul ou pelos Estados Unidos, têm as duas celas onde se encontram os homens em estado impecável de limpeza e arrumação. Eventualmente sentem-se melhor ali, e pelo menos com fundada esperança, do que no seu passado e parecem aceitar este hiato na vida muito bem. O oposto se passa nas zonas que acolhe os ocidentais e os africanos. Pouco cuidada, mal cheirosa e como me disseram com frequentes conflitos entre os detidos. Os primeiros muito provavelmente queixam-se das condições dizendo que "se fossa na Europa não era assim". Eventualmente têm razão mas o facto é que se não tivessem violado a lei não estariam ali e portanto só se deveriam queixar deles próprios e não do sistema. Falei com uma mulher de um país da Europa que dizia estar ali há 8 meses, obviamente queixando-se das condições e da comida, porque "tinha ficado no país um dia mais", por certo tentando que tivesse pena dela e promovesse qualquer coisa em seu favor totalmente fora das minhas capacidades, deveres ou interesse. Uma mulher coreana que estava perto dela, bem pelo contrário, ao ver-nos veio saudar-nos e desejar um Bom Ano Novo Chinês. Diferenças de sentimentos bem marcantes daquilo que são os favores que a vida teve com pessoas diferentes.
Vi as crianças, que acompanham as mães detidas, a saírem para ir para a escola que existe nas instalações, a forma organizada como o sector das mulheres norte-coreanas (provavelmente o resto da família dos que estão na ala dos homens) falava com um representante da embaixada da Correia do Sul que ali estava a prestar apoio (os do Norte não vão lá), enfim vi uma cadeia, pois é disso que se trata, onde no fim são os detidos que fazem o seu dia a dia melhor ou pior visto as condições básicas serem iguais mas aceitáveis.
Uma só nota muito negativa mas essa tem não a ver com o IDC mas sim com agentes exteriores.
Disseram-me que às Segundas-feiras é o dia que entram mais detidos, na sua grande maioria homens dos países vizinhos. Perguntei porquê? Resposta simples: muitas empresas contratam mão-de-obra ilegal (cambojanos, laocianos e birmaneses) e o pagamento é normalmente feito às Segundas. Alguns patrões no Domingo chamam (compram) a polícia que vai ou à fábrica ou ao estaleiro da obra e prende todos os ilegais e assim no dia seguinte não há salários para pagar. Verdadeiro abuso de todos os direitos e exploração dos já de si desprotegidos imigrantes ilegais.
Todo o cidadão que entra no Reino tem que obter um visto que varia em duração. Mesmo a ideia de que não é necessário obter visto par a maioria dos ocidentais não é inteiramente verdade pois o carimbo aposto no passaporte no momento da entrada funciona como um visto (sem prévio requerimento) e é dado ao visitante um tempo para permanecer no país, normalmente 29 dias.
Acontece que muitos, ou porque são ilegais procurando emprego (fundamentalmente dos países vizinhos) ou porque vêm fugindo à procura de um lugar para refazer a vida (caso dos norte-coreanos) ou porque pensam que a Tailândia é um país "fácil" para o exercício de actividades ilegais (caso de africanos e de provenientes do sub-continente asiático) ou ainda porque simplesmente se deixam ficar envolvendo-se em demasiadas facilidades e festas que nem sempre são boas conselheiras (a maioria dos ocidentais de mochila às costas), acabam como "residentes" temporários do IDC.
Sem surpresas o IDC não é um hotel de 5 estrelas. É uma cadeia e em principio quem lá está é porque violou a lei, embora possa ser considerado que não é um caso criminal grave, e por isso têm de passar por esse processo de detenção.
Quando uma pessoa pretende estender o seu visto pode dirigir-se ao centro da imigração e solicitar tal, que normalmente será concedido mediante um pagamento. Por outro lado se uma pessoa é "apanhada" no aeroporto tendo ultrapassado um dia pode sair sem problemas e se forem dois dias paga, no local, uma multa de 500 baht (12 euros) e deixa o país sem problemas. Acontece que na maioria dos casos dos ocidentais deixam acabar o dinheiro, desleixam-se em tudo e acabam numa cela à espera que alguém da família envie dinheiro para poderem sair do país. Há contudo muitos que nem sequer têm família no país de origem ou quando a têm a família simplesmente não quer saber deles e por ali ficam até ser encontrada uma solução. Um dos "residentes" há um ano é um cidadão inglês de provecta idade, doente, sem dinheiro cá ou em Inglaterra, onde a família o não quer e portanto sem solução. Não pode ser expatriado contra vontade nem pode ser libertado pois não tem condições para viver aqui no país.
Voltando à visita a primeira impressão que se tem é de que as instalações são bastante razoáveis. Não é de esperar luxo mas são muito melhores do que em muitos lugares que já visitei. Hoje havia 1.092 detidos de inúmeras nacionalidades e como se pode compreender o espaço por vezes é escasso mas é interessante ver como se organizam os detidos e como são capazes de saber conviver com a situação.
Os norte-coreanos, gente que sabe que normalmente após uns meses ali acabam sendo aceites ou pela Coreia do Sul ou pelos Estados Unidos, têm as duas celas onde se encontram os homens em estado impecável de limpeza e arrumação. Eventualmente sentem-se melhor ali, e pelo menos com fundada esperança, do que no seu passado e parecem aceitar este hiato na vida muito bem. O oposto se passa nas zonas que acolhe os ocidentais e os africanos. Pouco cuidada, mal cheirosa e como me disseram com frequentes conflitos entre os detidos. Os primeiros muito provavelmente queixam-se das condições dizendo que "se fossa na Europa não era assim". Eventualmente têm razão mas o facto é que se não tivessem violado a lei não estariam ali e portanto só se deveriam queixar deles próprios e não do sistema. Falei com uma mulher de um país da Europa que dizia estar ali há 8 meses, obviamente queixando-se das condições e da comida, porque "tinha ficado no país um dia mais", por certo tentando que tivesse pena dela e promovesse qualquer coisa em seu favor totalmente fora das minhas capacidades, deveres ou interesse. Uma mulher coreana que estava perto dela, bem pelo contrário, ao ver-nos veio saudar-nos e desejar um Bom Ano Novo Chinês. Diferenças de sentimentos bem marcantes daquilo que são os favores que a vida teve com pessoas diferentes.
Vi as crianças, que acompanham as mães detidas, a saírem para ir para a escola que existe nas instalações, a forma organizada como o sector das mulheres norte-coreanas (provavelmente o resto da família dos que estão na ala dos homens) falava com um representante da embaixada da Correia do Sul que ali estava a prestar apoio (os do Norte não vão lá), enfim vi uma cadeia, pois é disso que se trata, onde no fim são os detidos que fazem o seu dia a dia melhor ou pior visto as condições básicas serem iguais mas aceitáveis.
Uma só nota muito negativa mas essa tem não a ver com o IDC mas sim com agentes exteriores.
Disseram-me que às Segundas-feiras é o dia que entram mais detidos, na sua grande maioria homens dos países vizinhos. Perguntei porquê? Resposta simples: muitas empresas contratam mão-de-obra ilegal (cambojanos, laocianos e birmaneses) e o pagamento é normalmente feito às Segundas. Alguns patrões no Domingo chamam (compram) a polícia que vai ou à fábrica ou ao estaleiro da obra e prende todos os ilegais e assim no dia seguinte não há salários para pagar. Verdadeiro abuso de todos os direitos e exploração dos já de si desprotegidos imigrantes ilegais.
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