terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Abhisit - PAD

O gabinete reúne-se hoje. Para além do tema quente das multas que as incumbentes no sector das telecomunicações pretendem impor aos operadores móveis, no valor de mais de 2 mil milhões de US Dólares, invocando irregularidades cometidas durante os governos de Thaksin Shinawatra e que ainda irá fazer correr muita tinta, o governo vai debruçar-se sobre o assunto – conflito com o Camboja.

Abhisit está fortemente pressionado pelo PAD e pela frente Patriótica. Estes últimos interpuseram uma acção penal contra o PM e outros ministros acusando-os de "traição à pátria" visto no entender do grupo o governo, através da sua negligência, deixa que o vizinho "roube" território nacional.

Num primeiro esforço Abhisit conseguiu que o Camboja retirasse as placas, uma dizendo serem os tailandeses uns invasores e outra "aqui é Camboja". Posteriormente tentou estabelecer uma ponte com o PAD dizendo que ambos têm o mesmo objectivo que é defender o país mas eventualmente haverá diferente informação pelo que apelou ao grupo amarelo que se sentasse á mesa e partilhasse com o governo a informação que têm de que os terrenos em questão "são tailandeses". A esta última responderam que nada havia a falar e que Abhisit a única coisa que tinha afazer era aceitar os pedidos do PAD.

Agora o governo veio, através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, reafirmar a intenção de resolver o conflito através dos instrumentos legais internacionais e solicitar ao país vizinho que retire as bandeiras cambojanas que flutuam por cima de um pagode situado na zona em disputa. Os cambojanos já responderam considerando tal uma afronta e portanto não retiram as bandeiras.

O pior estava para vir quando ontem o Ministro da Defesa tailandês, o General Pravit Wonsuwon, dá uma "bofetada" no PM dizendo: "os cambojanos já retiraram as placas. O que é que quer mais (referindo-se ao PM)?" para continuar com o seguinte comentário: "parece querer reduzir a pressão doméstica e tenta fortalecer a sua imagem como Hun Sem mas no fim quem sofre somos nós (soldados) que somos colocados numa situação difícil". Para além do ministro o comandante da 2ª Região militar que responde pela zona afirma também "o Camboja não é uma criança ao qual se ordena para fazer isto ou aquilo".

A clara distanciação do comando militar da forma como Abhisit está a tentar lidar com um problema que na realidade é mais do foro da política doméstica e da inabilidade de alguns no governo em lidar com os amarelos do PAD, é um assunto a seguir com extrema atenção.

Já várias vezes referi, e assim acontece sempre, os militares dos dois países tem uma excelente relação e sabem bem, apesar de uma ou outra esporádica escaramuça, que as disputas não se resolvem à morteirada. Têm sido sempre eles a terem as portas abertas dos quartéis de um e de outro lado da fronteira.

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