quarta-feira, 7 de julho de 2010

Decisão do Governo

Como previsto mas contra a opinião da grande maioria (associações e confederações empresarias, sondagens, académicos, representantes da sociedade civil, etc) o governo decidiu prolongar a imposição do Estado de Emergência por três meses, ou seja até passada a remodelação dos sectores militares mas retirou do conjunto de 24 províncias 5 que no entender do CRES não registam nenhuma instabilidade (sic). Várias pessoas lembram que no Sul do país o Estado de Emergência está em vigor à 5 anos e o facto é que a situação não melhorou muito pelo contrário. Nos últimos meses os incidentes têm sido mais violentos causando mais vítimas.

São elas Kalasin, Sisaket, Nakhon Phathom, Nan and Nakhon Sawan, as duas primeiras no Nordeste, a terceira a Oeste de Bangkok, Nan no Norte e a última no Centro do país.

Ainda ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros falando sobre os alertas aos turistas afirmava que só um país do Médio Oriente tinha levantado por completo as restrições ao trânsito de nacionais, esquecendo-se de referir que o primeiro a dizer que existe instabilidade, é o próprio CRES facto que o governo abençoa.

Na realidade para quem vive aqui não existe mais instabilidade do que aquela que existe na Áustria (para referir um país do qual se fala pouco) e a manutenção da situação nada mais é do que uma forma de continuar e perpetuar a "limpeza" que está a ser feita pelos militares em todo o país e para continuar a gozar do orçamento extraordinário de que foi dotado o CRES, facto que tem levantado inúmeras questões em vários cantos da sociedade. Uma das medidas também ontem anunciada foi a decisão do comando do exército de enviar 10.000 dos seus homens, por certo com generosos per diem, por todo o pais para "explicar" a acção levada a cabo pelas forças armadas em Maio. Como era esperado essa acção vai incidir sobretudo no Nordeste do país, a zona vermelha, e já se teme que isso acabe no aumento de prisões arbitrárias ao abrigo do Estado de Emergência, pois quem discorde pode ser chamado a "explicar-se". Ainda ontem, a mais que insuspeita Comissão Nacional dos Direitos Humanos afirmou, através da boca de um dos seus comissários, afirmou que estavam a ser violados os direitos de mais de 2/3 dos detidos na ressaca do Maio vermelho, pois, entre outros factos, não os autorizavam a contactar as famílias nem mesmo para dizer que estavam vivos.

Quase caricato foi algumas das "razões" usadas para suportar a manutenção do Estado de Emergência.

O porta-voz do Primeiro-ministro disse que era conhecido existir vários locais no país onde activistas vermelhos eram treinados no uso de armas! Se é conhecido e estando em vigor o Estado de Emergência porque não se põe cobro a isso, já que tal, se for verdade é uma ameaça real para o país?

Suthep disse que tinha de ser mantida a lei porque os vermelhos iam lançar uma nova estação de televisão para colmatar a falta da People's Channel cujo sinal foi cortado pelo governo (recorde-se que os meios de comunicação amarelos, incluindo uma televisão, que são tão facciosos como os vermelhos, continuam no ar)! Então o governo não é o próprio a querer uma comunicação social livre como consta do ponto três do Road Map para a reconciliação? Se fechou por várias vezes o canal vermelho não o pode voltar a fazer agora sem necessitar da lei?

Por fim o CRES afirmou que os vermelhos estão à espera que seja levantado o Estado de Emergência para regressar às manifestações! Quer isso dizer que não é mais possível haver manifestações, ou oposição ou que o Estado de Emergência irá ser prolongado indefinidamente ou até à total supressão da oposição?

No fim de contas quem sofre é o país e a sua reputação. Basta para isso ouvir os noticiários internacionais onde todos, sem excepção, referiam que "apesar dos apelos dos agentes económicos o governo do PM Abhisit Vejjajiva decidiu estender o período da lei de excepção por mais três meses". Foi em síntese esta a mensagem que ouvi repetidamente esta manhã.

O PM, embora tenha falado na abertura de um forum sobre investimento não se manifestou sobre a decisão que o seu gabinete tomou.

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