segunda-feira, 14 de junho de 2010

Reconciliação e Interesses

Reconcilio ou não reconcilio parece ser o dilema de Abhisit.

Tanto diz que sim como diz não. Na Quinta-feira disse não estar confiante no processo. No sábado voltou a afirmar o seu compromisso com o "road map" para no Domingo vir a dizer que este poderá ser implementado em seis meses mas os resultados só serão visíveis dentro de 3 ou 4 anos. Talvez por isso o Secretário geral adjunto admitiu ontem que uma das soluções que a Comissão Nacional de Eleições vê para a presente instabilidade e para as faladas dificuldades de se conseguir realizar eleições livres é emendar a Constituição alterando o prazo do mandado parlamentar para 10 anos mantendo assim o presente governo até o final de 2017. Um verdadeiro golpe de estado Constitucional.

Entretanto a ABAC, universidade católica, fez uma sondagen que de igual modo mostrava o cepticismo face ao plano já que 60% dos respondentes estavam descrentes no processo e não acreditavam que ele fosse levado para a frente.

A teoria de ganhar tempo por parte do governo assenta perfeitamente com a estratégia dos parceiros da coligação cujo único objectivo, como disse há dias, é dinheiro e poder. A manutenção de Abhisit à cabeça do governo deixa-lhes tempo e espaço para realizarem as preparações necessárias para esses seus objectivos. O mesmo se pode dizer no que respeita as forças armadas que nunca viram tanto dinheiro ser canalizado para o seu orçamento como durante este governo. O orçamento para o ano fiscal 2010/2011 que previa inicialmente uma redução no orçamento militar acabou com um aumento de cerca de 15%, quando ao mesmo tempo os recursos para a educação, saúde e recursos naturais (o país debate-se com a pior seca de que há memória), a título de exemplo, foram reduzidos.

Tudo parece estar a ser feito para que se perpetue a presente situação até serem atingidos os objectivos dos pequenos partidos da coligação, altura em que forçarão a realização de eleições.



Entretanto a contestação ao nome do nomeado para encabeçar a comissão dita independente para averiguar os incidentes sangrentos dos últimos meses aumenta de tom e vieram a lume relatos da actuação de Kanit na Nakhon, quando em 1996, na altura em que era o Acusador Público, mandou arquivar um processo de alegada corrupção na aquisição de terras em Phuket, destinadas àqueles que não tinham terras, e que acabaram todas nas mãos das famílias poderosas da província. Esse processo passou-se na altura do governo Democrata e para além de haver um cunhado de Kanit envolvido o grosso dos putativos implicados eram membros do partido no poder, o mesmo de agora. Kanit é acusado de favorecer o partido Democrata o que alegadamente poderá acontecer agora.

Abhisit parece cada vez mais ser usado quer pelos seus parceiros de coligação quer pelos militares como alguém que tome conta a faça o trabalho "chato e difícil" de governar enquanto esses se encarregam de zelar pelos seus interesses muito próprios.

Abhisit de uma forma genuína lança ideias, promove projectos e depois as coisas só acontecem na medida em que não conflituam com os interesses e poderes dessas "máfias" políticas tremendamente bem organizadas e financiadas. Por isso dizia Nevin, na semana passada, num pequeno círculo onde estava um amigo meu, que tem neste momento mais dinheiro do que Thaksin. Sempre os dois verdadeiros demónios (ou deverei dizer três?), Thaksin e dinheiro.

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