terça-feira, 10 de março de 2009

Pressão sobre os Democratas


O PAD decidiu no final da semana passada criar um Partido político, a Vela da Correcção (numa tradução livre de Thien Hang Tham-THT). Esse Partido rejeitará doações vindas de empresas só aceitando contribuições dos militantes aos quais vai pedir 100 bath por mês. Estranho que durante os 193 dias da campanha de 2008 os principais contribuintes para a sua luta tenham sido empresas, para além de altas individualidades interessadas em ver o movimento derrubar o "regime de Thaksin".

O General Chamlong será o seu líder e apresentarão ao país um programa o que está a criar grande expectativa visto, finalmente, a "Nova Política" que sempre apregoaram e defenderam vai ser explicada. Chamlong declarou que a principal razão para que o movimento se transformasse em partido, o que sempre tinha sido reclamado e sempre negado, é porque o Governo não está a actuar e não está a mostrar agradecimento pela forma como o PAD ajudou a colocá-los no poder(sic). Suthep o braço direito de Abhisit veio a lume dizendo que os Democratas nada devem ao PAD e negou que exista algum conflito com o PAD na sequência da acusação que estaria por detrás dos mandados de captura emitidos, mas adiada a sua execução contra os líderes "amarelos". Para se ver como a justiça tem ritmos diferentes, alguns elementos da UDD que no passado dia 26 de Fevereiro, aquando do cerco à Government House, atacaram um polícia, estão já atrás das grades. Viva a igualdade de direitos!

A partir deste momento os Democratas, e num futuro processo eleitoral terão a competir nas mesmas águas o PAD ou THT, o que irá ser um problema sério para as suas aspirações para além de este desaguisado entre pares poder trazer de novo o PAD para as ruas. Alguns crêem ver neste movimento uma forma de fazer com que o Governo pressione o sistema judicial para que ele seja ainda mais lento do que tem sido até aqui com o PAD ou mesmo deixe cair, como um dos seus Ministros já disse, as queixas contra o movimento pelos prejuízos descomunais que causaram ao país.

Por outro lado a nova tática da UDD de levar as suas manifestações para a província, multiplicando-se em variadas manifestações, parece estar a dar frutos visto conseguirem muito mais cobertura jornalística, e assim também atrair mais pessoas, para o movimento. Thaksin pelo seu lado continua a manter viva a chama dos seus apoiantes com permanentes discursos e entrevistas que vai dando pelo mundo fora e que sempre têm grande eco nos meios de comunicação tailandeses. Numa das últimas entrevistas disse que até ao final do ano tudo estava resolvida sendo encontrada uma solução para o país onde todos estarão em paz. fez afirmações interessantes como a de que se este PM conseguisse trazer paz ao país e receber o apoio do povo ele, "como um cão que se doma", estaria a seu lado para ajudar a consolidar essa união nacional!!

Para ajudar a pressão sobre o Governo um grupo de grandes personalidades encabeçadas pelo antigo Ministro das Finanças do Genaral Surayud Chulanon (o PM após o golpe de 2006), M.R. Pryidhianon Devakhula, que se tem mantido bastante activo com uma coluna semanal sobre assuntos económicos no The Nation, criou um grupo de pressão, chamado Rak Muang Thai, ou seja "amor pela Tailândia", que pretende vir a intervir na sociedade sem contudo, pelo menos para já se transformar de movimento cívico em movimento político.

O Rak Muang Thai incluí pessoas de todos os espectro políticos, sendo transversal á sociedade, podia dizer-se com amarelos, vermelhos e outras cores, o que pode criar um movimento de grande solidariedade á sua volta. É bom não esquecer que todas as sondagens feitas, especialmente pela Universidade Assumption, sempre apontaram para uma larga maioria de cerca de 2/3 sempre contra as duas principais forças em competição. Os Thaksinistas e os conservadores.

Por outro lado as questões sobre os casos de Lèse majesté estão cada vez mais na ordem do dia e a internacionalizar-se sem que o Governo consiga ter uma posição coerente.

Na sequência do abaixo assinado a ser apresentado ao PM por um grupo de académicos e políticos espalhados por todo o mundo para que a lei seja revista, Abhsit respondeu positivamente dizendo que o gabinete iria olhar para a lei. No dia seguinte uma empresa que tinha um sitio de web onde alojava um fórum de discussão, foi invadida pela polícia que levou os computadores e prendeu a sua Directora, uma professora universitária. Acontece que esse fórum é propriedade de um Senador, meio tailandês meio inglês, irmão do professor Ji Ungphakorn, que se refugiou no Reino Unido após ser acusado do crime de Lèse Majesté devido ao conteúdo do seu livro "Um golpe para os ricos". A empresa tinha sido criada no tempo de Thaksin e era um dos principais fóruns de discussão contra aquele, mas nunca tinha sido objecto de nenhuma acção policial como a que agora aconteceu.

Este caso tocou forte no meio da comunicação social que ontem, entre os próprios jornalistas, o comentava com palavras pouco simpáticas para Abhisit.

É sabido que ataques á comunicação social e á liberdade de expressão deste grupo nunca são bem vindos pela corporação e acabam por fazer ricochete sobre quem inicia os disparos.

Abhisit, já voltou atrás na sua palavras sobre a revisão da lei e veio agora dizer que ela será levada acabo mas, mas e mais mas ou seja que não tem intenção de abrir o debate só que ele está na rua. Amanhã e depois de amanhã há dois importantes eventos em Bangkok, um deles recheado de Embaixadores, em que estes assuntos por certo irão ser discutidos.

Outro facto que está agitar os meios é a visita de Abhisit a Londres em início de Abril. No dia 2 irá ao seu antigo "College" em Oxford proferir uma palestra mas nesse mesmo dia e no mesmo local, Gilles Ji Ungphakorn irá falar, por certo sobre os temas que lhe são queridos o que pressupões uma tarde quente na Universidade. Há quem conspire que os dois se irão encontrar, por detrás das cortinas o que poderá muito bem acontecer, sabendo-se da forma de ser de Abhsit, mas mesmo que aconteça será sempre negado visto lhe ser extremamente prejudicial perante os seus apoiantes nas esferas mais altas do poder.

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