quarta-feira, 11 de março de 2009

As Dificuldades de uma Governação


A pressão vai-se acentuando sobre o Governo e os casos contraditórios avolumam-se.

Ontem à noite foi fechada uma estação de rádio que na sua essência não era muito favorável á actual liderança Democrata. Esta manhã o Vice-Primeiro Ministro Suthep, que esteve presente nas comemorações do 5º aniversário do desaparecimento forçado do advogado e activista dos direitos humanos Somchai Neelapaichai, quando perguntado pela comunicação social sobre este caso afirmou que o Governo não fecha rádios que isso compete á Autoridade Nacional das Telecomunicações, tentando manter-se assim alheio a mais um caso de silenciamento de meios de comunicação social.

Noutro caso o PAD lançou um pedido ao PM para que substituísse os investigadores que solicitaram os mandados de captura contra os seus lideres acusando-os de não serem imparciais visto terem sido nomeados pelo anterior Governo. Caso o Governo não aceda ao pedido vai ter forte oposição daqueles, caso aceda vai ter a comunicação e a UDD "à perna" por mais uma vez estar a fazer o trabalho ao PAD.

Dizia-me esta manhã um dos mais reputados jornalistas tailandeses, e conhecido apoiante dos Democratas, que o que está acontecer é uma guerra entre Abhisit e a Polícia e que cada vez que o PM diz branco a Polícia faz preto para descredibilizar o Governo. É, segundo ele, o que se está a passar neste momento naquilo que são os direitos humanos e as liberdades essenciais como a da imprensa.

Na realidade os factos são exactamente assim. O PM diz que vai rever a lei de lèse-majesté e no dia a seguir é vasculhado e fechado o Prachathai.com com a prisão da sua Directora. O PM mostra-se disponível ao diálogo com a Sociedade Civil, e fecham uma rádio.

De uma certa forma o Governo tem ajudado nessas indefinições ao mostrar as suas fragilidades no diálogo com as forças militares. No programa que apresentou e em várias ocasiões posteriores o Governo anunciou a decisão, que está escrita nesse programa, de criar uma entidade civil capaz de gerir o conflito no Sul do país, retirando dessa forma o poder extremo que os militares aía gozam, especialmente o ISOC, através da aplicação da lei de excepção e da lei marcial que vigora nas três províncias mais a Sul. Ontem mesmo o Governo acaba de anunciar o reforço do orçamento do ISOC, para o sul em 350 milhões de bath e o aumento do subsídio mensal atribuido aos militares aí colocados de 1.000 para 2.500 bath por mês, segundo consta contra a vontade do Ministro das Finanças que assim vai ver o seu cofre mais pobre.

Todas estas questões estão a desgastar enormemente o Governo na sua acção diária e a clivar ainda mais as diferenças que existem no seu seio.

Duas ultimas questões. O Governo decidiu solicitar ao King Prajatiphok Institut, um prestigiado Instituto da Função Pública tailandesa, que se "aventurasse" no estudo da necessária reforma política, naquilo que é para alguns uma medida destinada a tentar ganhar tempo, visto o KPI ter anunciado que o estudo demoraria 17 meses, obtendo uma posição independente e que se espera possa contentar quer "amarelos" quer "vermelhos". Acontece que, e isto acontece sempre que existem fragilidades, embora o KPI tenha forte reputação de qualidade e independência, já se ouviram muitas vozes contra especialmente saídas da coligação no poder explorando todos os possíveis pontos fracos que o KPI possa ter.

A segunda. Hoje o Credit Lyonnais veio dizer que a contracção, agora já admitida por todos, de economia tailandesa para este ano pode ser de cerca de 9%, ou seja pior do que aconteceu aquando da crise de 1997, o que obrigou o Governo a redobrados esforços para tentar contradizer essa previsão terrivelmente pessimista.

Para terminar o Puea Thai entregou hoje no Senado uma moção de censura contra o Governo, focando especialmente o PM, mas pensa-se que não terá muita possibilidade de sucesso, contudo será mais um fogo que terá de ser apagado neste braseiro.

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