domingo, 4 de janeiro de 2009

Fim do Ano


Fim do Ano de 2008 passado em Vientiane. capital do Laos um dos últimos países onde os lideres ainda se chamam Camaradas e onde por todo o lado se vê hasteada a par da bandeira do país a bandeira vermelha com a foice e o martelo, símbolo de um passado que não deixa saudades!

Vientiane por outro lado é uma cidade tranquila, pequena com pouco mais de 200.000 pessoas e capital de um país, que apesar de estar em 151 lugar na classificação dos países por PIB nominal per capita, tem um sorriso bem sincero nas faces dos seus habitantes.

A capital. na margem do rio Kong (normalmente chamado por nós Mekong), mesmo do outro lado de Nong Khai, capital da província Tailandesa com o mesmo nome, tem imensos traços da passagem dos franceses pelo seu país, nos letreiros das ruas, nos nomes dos Ministérios, na grande quantidade de restaurantes franceses, e mesmo na língua que apesar de ser muito semelhante ao tailandês tem nalguns sons lembranças da colonização francesa.

A história do país mistura-se muitas vezes quer com a Tailândia quer com o Vietname.

Nos anos do Reino Lan Xang, o reino dos mil elefantes, a partir do século XIV parte dos territórios que hoje são Tailândia, como o Norte e o Nordeste, eram território reclamado pelo Rei Somdetch Brhat-Anya Fa Ladhuraniya Sri Sadhana Kanayudha Maharaja Brhat Rajadharana Sri Chudhana Negara, mais conhecido por Fa Ngum (nome hoje dado à avenida que ladeia o Kong), rei que veio a morrer onde hoje é a província tailandesa de Nan. Fa Ngum reinava desde aquilo que hoje é a China até aos campos de Champasack, fazendo por vezes algumas incursões até Angkor. Durante o seu reino o Reino de Lan Xang era o maior desta região.

Muito mais recente é a relação com os Vietnamitas que atinge o seu auge no século XX durante os anos das lutas comunistas que assolaram o Laos e o Vietname. Ainda hoje existem várias zonas do país crivadas de minas lançadas por ar pelos americanos durante a guerra contra os comunistas do Vietcong que se serviam do Laos como retaguarda da sua batalha contra o "imperialismo" americano.

No Museu Nacional do Laos podem ver-se essas várias etapas da vida do país até aos dias dos camaradas que actualmente lideram e ao grande apoio dos lideres dos países comunistas amigos, assim reza o que se vê na última sala do Museu.

Como sempre na Ásia o pragmatismo prevalece e apesar de estarmos num país comunista o que mais interessa são os objectivos imediatos e as relações principais hoje em dia são com os "suspeitos do costume". Estados Unidos, Europa, Japão, Austrália, China e Coreia (do Sul entenda-se que a do Norte fechou a sua missão aqui). No fim de contas são este grupo de países aqueles que pode comprar os bens que o Laos produz, e que pode atribuir a tão necessária ajuda humanitária para a construção de escolas, hospitais, etc.

Comunistas à parte não deixei de ver um Hummer e um Lamborguini e as matrículas eram do Laos não de outro país qualquer. É de certeza um mal sinal pois quem trabalha honestamente neste país não consegue ter dinheiro para tanto nem mesmo para encher um depóstito de gasolina para aqueles "cavalos" todos.

Vientiane, bem como o Laos, são bem merecedores da nossa visita e revisita pela sua naturalidade e simpatia e o facto de uma pessoa se sentir bem ali. Pouco há para fazer mas tem o encanto de se estar num sítio que é um grande contrastaste com o reboliço de uma metrópole como Bangkok. Encontrei contudo uma livraria de muito boa qualidade para além de outras, várias, mais pequenas, sinal de que existe hábitos de leitura na terra.

Enfim, uma entrada em 2009 bem suave como deve ser visto que na realidade entre a meia noite de 31 de Dezembro e as 0:01 de 1 de Janeiro para mim não vai mais do que um segundo. O resto é folclore que me diz muito, mesmo muito pouco.

O anúncio da festa parecia ser uma premonição do desastre

Entretanto Bangkok acabou mergulhado num outro desastre. O Santika que deveria estar fechado há 4 anos ainda não estava e como muitos lugares por esse mundo fora, com alguma incidência aqui na Ásia, não respeitam nada na ganância do dinheiro e agora 64 vidas perderam-se dos quais 13 ainda não foram identificados, e 86 pessoas estão ainda hospitalizados sendo que 24 nos cuidados intensivos.

O dono e outros irão ser culpabilizados mas quem também deveria estar no banco dos réus eram os juízes que deram uma licença precária, contra a decisão da Polícia em fechar o estabelecimento, o que permitiu ao Santika operar atropelando todas as regras de segurança e pôr em perigo a vida de todos como agora ficou evidente. Argumentam os Juízes agora que a Polícia quis tirar a licença sem base legal, mas é sabido quem dá licenças de funcionamento a estabelecimentos como o Santika é a Polícia. Mais informa o Supremo Administrativo que a Polícia recorreu da senteça desse Tribunal em 2007 e que deverá aguardar o julgamento. Será que os mortos que já houve não são suficientes para calar o porta voz do Supremo Admiistrativo?

Estou a ler actualmente um livro escrito por um jornalista e escritor Italiano que vive há longos anos na Ásia e que a páginas tantas diz: "as in so much of Asia nothing is really illegal". Infelizmente é uma das verdades que se aplica ao caso Santika.

Entretanto um dos principais videntes/adivinhos/astrólogos , sempre muito houvidos por tudo e por todos, mesmo todos, previu, isto ainda nos finais de Dezembro, que haveria um grande fogo em Bangkok em Janeiro e para já acertou em cheio. Outras coisas ele diz mas por ora vou guardar para mim visto na generalidade não serem muito boas.

Que o Ano de 2009 consiga trazer de novo às nossas faces grande parte do sorriso que 2008 quis à viva força tirar.

É somente isso que desejo a todos.