quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Situação Económica na Tailândia



O Tourism Council of Thailand (TCT), o organismo independente onde se juntam governo, operadores e utilizadores dos serviços de Turismo, acabou de divulgar as conclusões da analise sobre o sector e as previsões a curto prazo para o país.

É esperado que o fluxo de turistas que entrem no país durante a presente estação alta, decresça em cerca de 3 milhões ou seja 20% do total previamente esperado para o ano. Isso terá um impacto negativo na ordem dos 109 mil milhões de bath (2.200 mil milhões de €). Como já anteriormente referi a maioria dos hotéis de 5 estrelas está "às moscas", alguns mesmo sem clientes e todos os outros serviços adjacentes, museus, locais turísticos,restaurantes,bares, zonas de animação, agências de turismo, guias, etc, estão despedindo pessoal devido à falta de clientes. Os únicos que mantém umas taxas de ocupação razoável são os hotéis não classificados ou de 1/2 estrelas mas mesmo assim aquela é de 19% de acordo com o TCT. A Thai Hotels Assotiation prevê que cerca de 30% dos efectivos empregados no sector hoteleiro serão despedidos durante o ano de 2009.

Em Chiang Mai era previsto estar-se a realizar neste momento a 14ª Cimeira da ASEAN, com a participação das delegações dos 10 Estados Membros mais a China, Coreia do Sul e Japão e igualmente uma delegação do Banco Mundial encabeçada pelo seu Presidente e outra das Nações Unidas com Baan Ki-Moon a liderar. Os hotéis estavam todos reservados e sei de pessoas que não conseguiram fazer marcações em Outubro devido à cimeira. Neste momento esses mesmos hotéis estão totalmente vazios e a cidade que iria receber cerca de 3.000 pessoas entre Delgados, assistentes e jornalistas está deserta.

Os Governadores de Phuket, Krabi e Phang Na solicitaram ao Governo Central ajuda para poderem enfrentar a crise.

O turismo foi afectado devido à instabilidade política existente no país fundamentalmente por causa do fecho dos aeroportos mas não é só o Turismo que está a ser afectado ao ponto de o Banco Central hoje vir requerer ao novo governo a implemantação de medidas extraordinárias e não convencionais de modo a poder enfrentar-se a crise que se alastra a todos os sectores da economia.

Primeiro foi a industria automóvel, logo seguida pela electrónica, os dois principais pilares das exportações no país (estes dois sectores entre produtos acabados e peças ocupam os quatro primeiro lugares na tabela das exportações), a entrarem em forte quebra induzida pelo arrefecimento da procura nos mercados de destino. Hoje é referido que a Associação dos Produtores de camarão decidiram reduzir a produção em 20%, com os consequentes cortes na força laboral, devido igualmente à retracção da procura externa.

Pela primeira vez este ano a venda de veículos caiu 1.88%. Pode parecer nada para quem na Europa vê esses números multiplicados exponencialmente mas o facto é que todas as marcas fortes no mercado estão a vender entre 6 e 17% a menos este ano com excepção da Honda que regista ganhos. A indústria automóvel e de acessórios é o maior empregador no país e um dos grandes motores das exportações e do consumo interno.

O cenário é muito pouco favorável para uma economia tão aberta como a tailandesa e o Presidente do Bangkok Bank, o maior banco do país, advertiu hoje que se não forem tomadas medidas urgentes o próximo ano poderá ver o pais registar um crescimento negativo da sua economia.

Do ponto de vista orçamental se bem que a balança comercial deva apresentar ganhos, devido à contracção da procura e portanto das importações, existe uma grande preocupação com a falta de animação do consumo e consequente arrecadamento de receitas. Mesmo assim alguns analistas aconselham o novo gabinete a reduzir o IVA de 7 para 5%. Contudo este já afirmou que irá prosseguir, à sua maneira, algumas das políticas populistas de Thaksin, que custam muitos milhões, não só para conquistar os corações dos que não os apoiam mas também para dinamizar o consumo interno.

Abhisit, Doutorado em Economia em Oxford irá, ao que tudo aponta, liderar ele próprio a equipa económica visto haver a consciência de que atacar estas questões é uma das prioridades do novo executivo. Contudo Korn Chatikavanij, seu companheiro de estudos em Oxford, Secretário-Geral Adjunto do Partido, ex Managing Director do JP Morgan Thailand, e o muito provável novo Ministro das Finanças, adverte que ainda antes desse ataque á economia há que criar as condições para unir o país e trazer os irmãos desavindos para a mesma mesa.

Uma árdua tarefa para um PM que acaba de receber a necessária aprovação pelo Rei para iniciar a formação do seu Governo e apresentar ao país o seu programa de governação previsto para o dia 26,

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