Ontem, como previamente anunciado os apoiantes do ex PM Thaksin Shinawatra reuniram-se no Estádio Nacional, bem no centro da cidade ao contrário do que o tinham feiro no dia 1 de Novembro.
O Miguel Castelo Branco, que visitou o local reporta, pelo seu olhar, o que se passou ontem.
Não concordo em muitos dos pontos que relata nomeadamente em dois. O número de pessoas e o a origem social dos manifestantes.
Vários meios de comunicação hoje referiam 50.000 o número de apoiantes que se encontravam no local. Não me parece ser relevante que sejam 20 ou 50.000 mas o facto é que três dos principais meios de comunicação, verdadeiros bastiões da luta anti Thaksin, falam exactamente no mesmo numero, 50.000 que por acaso é mais do que o dobro de 20.000.
Quanto ao estrato social dos manifestantes. Aí estamos 100% em desacordo. Os dois vimos através da televisão que aqueles que se encontravam no estádio são no geral do mesmo tipo que se vê diariamente nas ruas, com muitas"tias" de Channel vestidas e bem maquilhadas. Engraçado foi ver pelas 11.30 da noite num bar de um dos hotéis mais caros da cidade, onde fui, entrar um casal vindo directamente do estádio com as suas camisas encarnadas. Verdadeiro proletariado rural disposto a pagar 100 € por umas bebidas!! Por outro lado eu sempre fui um adepto de que todos nós somos iguais e não só quando nascemos. Pobres ou ricos, para mim nada me diz! A nobreza de cada um não está associada à sua conta bancária mas ao seu saber. Sempre tive uma grande convicção de que "o povo nunca é estúpido" especialmente quando vota. A sabedoria que demosntram, especialmente aqueles que são mais puros e menos "trabalhados" pelos ares e luzes das cidades, se bem analisada, é uma grande lição para os políticos que na maoíria das vezes os desprezam a não ser para lhes conquistarem o voto.
Outro dia em conversa com um lider de uma comunidade numa das províncias no Sul da Tailândia, onde existe uma situação de instabilidade que já matou mais de 3.000 desde 2002, lider esse que me relatava aquilo que entendia ser as atrocidades da Polícia, perguntava se os Deputados eleitos pela região davam algum apoio a esses movimentos da sociedade civíl como o que ele representava. A resposta foi elucidativa. Nunca mais os vimos. Para a próxima vamos ter de escolher outros.
Passado estes fait divers não me parece que se esteja a assistir ao nascimento de uma esquerda visto não haver hoje em dia na Tailândia espaço para correntes alinhadas do pensamento político ideológico. O debate de alguns intelectuais ainda está numa plataforma tão distante dessa que me parece um pensamento remoto. Por outro lado as "massas" que são arrastadas para as manifestações fazem-no por questões "do coração" pela paixão ou pelo ódio a um homem: Thaksin e aquilo que uns vêm o perigo que ele representa para a monarquia.
Concordo com o Miguel que o Thaksin me parecer ser uma chama a apagar-se sem muita capacidade de reconquistar o terreno perdido. Outro dia dizia a um professor de uma Universidade, um astuto analista político, que se os jornais deixassem de escrever a palavra Thaksin, o que fazem em demasia, o "homem" deixaria de ter eco na sociedade. falaria para os seus apoiantes mas sem o eco que a comunicação social lhe dá. Sempre foi um verdadeiro manobrador dos profissionais do sector e soube (sabe) aproveitar-se dele muito bem, mas compete também aos jornalistas darem-lhe o devido peso e não entenderem que é a única maneira de venderem papel.
Voltando à esquerda e direita vemos que aqueles que tinham alguma relação com o Comunista internacionalista que pairou sobre a Indochina no passado estavam de um modo geral no PAD. Reciclados mas com ainda as capacidades organizativas que a vida de militância e clandestinidade propiciou a alguns.
O UDD, os vermelhos, está a milhas de distancia da capacidade organizativa que o PAd mostrou através quer dos seus lideres quer através das acções extremamente bem preparadas dos "guardas do PAD". deveria tirar as aspas pois são assim reconhecidos pelos seus próprios lideres. Aqueles são hoje um exército bem treinado, equipado e pago que controla os 98% dos manifestantes do PAD que lutam pacificamente por uma causa que entendem ser justa. Do outro lado, UDD, o mais que conseguem fazer é ameaças verbais e alguns actos isolados que levaram a cabo contra o PAD durante os tempos da ocupação da Government House.
O comício lá se terminou com um discurso, via vídeo, de Thaksin que nada de novo trouxe, e todos voltaram para casa ordeira e pacificamente sem perturbarem em nada a vida dos habitantes desta cidade e é bom de referir que o comício foi bem no coração da cidade.
O único incidente foi uma pequena bomba que terá sido atirada de um autocarro que fez muito barulho mas nenhum estragos. Vi na televisão o que se passou e era difícil mesmo perceber onde teria rebentado visto nada estar danificado.
Amanhã no Parlamento lá se irão contar as espingardas. Ainda há menos de uma hora a televisão dava como previsão que o líder Democrata seria eleito com uma maioria escassa de 241 contra 235 Deputados mas suficiente.
Deseja-se paz e capacidade de respirar mas não parece que o futuro seja uma avenida plana para quem quer que ficar á frente do país. Ainda hoje os jornais alertavam para as centenas de milhares de postos de trabalho em risco na indústria electrónica. Num país onde não existe regime de segurança social que dê alguma compensação a quem perde emprego, esses desempregados, que se irão juntar aos já cerca de 200.000 na indústria automóvel, só em Novembro, e aos milhares também no sector turístico, poderão ser uma problema social a ter em conta num futuro a curto prazo.
Quanto ao estrato social dos manifestantes. Aí estamos 100% em desacordo. Os dois vimos através da televisão que aqueles que se encontravam no estádio são no geral do mesmo tipo que se vê diariamente nas ruas, com muitas"tias" de Channel vestidas e bem maquilhadas. Engraçado foi ver pelas 11.30 da noite num bar de um dos hotéis mais caros da cidade, onde fui, entrar um casal vindo directamente do estádio com as suas camisas encarnadas. Verdadeiro proletariado rural disposto a pagar 100 € por umas bebidas!! Por outro lado eu sempre fui um adepto de que todos nós somos iguais e não só quando nascemos. Pobres ou ricos, para mim nada me diz! A nobreza de cada um não está associada à sua conta bancária mas ao seu saber. Sempre tive uma grande convicção de que "o povo nunca é estúpido" especialmente quando vota. A sabedoria que demosntram, especialmente aqueles que são mais puros e menos "trabalhados" pelos ares e luzes das cidades, se bem analisada, é uma grande lição para os políticos que na maoíria das vezes os desprezam a não ser para lhes conquistarem o voto.
Outro dia em conversa com um lider de uma comunidade numa das províncias no Sul da Tailândia, onde existe uma situação de instabilidade que já matou mais de 3.000 desde 2002, lider esse que me relatava aquilo que entendia ser as atrocidades da Polícia, perguntava se os Deputados eleitos pela região davam algum apoio a esses movimentos da sociedade civíl como o que ele representava. A resposta foi elucidativa. Nunca mais os vimos. Para a próxima vamos ter de escolher outros.
Passado estes fait divers não me parece que se esteja a assistir ao nascimento de uma esquerda visto não haver hoje em dia na Tailândia espaço para correntes alinhadas do pensamento político ideológico. O debate de alguns intelectuais ainda está numa plataforma tão distante dessa que me parece um pensamento remoto. Por outro lado as "massas" que são arrastadas para as manifestações fazem-no por questões "do coração" pela paixão ou pelo ódio a um homem: Thaksin e aquilo que uns vêm o perigo que ele representa para a monarquia.
Concordo com o Miguel que o Thaksin me parecer ser uma chama a apagar-se sem muita capacidade de reconquistar o terreno perdido. Outro dia dizia a um professor de uma Universidade, um astuto analista político, que se os jornais deixassem de escrever a palavra Thaksin, o que fazem em demasia, o "homem" deixaria de ter eco na sociedade. falaria para os seus apoiantes mas sem o eco que a comunicação social lhe dá. Sempre foi um verdadeiro manobrador dos profissionais do sector e soube (sabe) aproveitar-se dele muito bem, mas compete também aos jornalistas darem-lhe o devido peso e não entenderem que é a única maneira de venderem papel.
Voltando à esquerda e direita vemos que aqueles que tinham alguma relação com o Comunista internacionalista que pairou sobre a Indochina no passado estavam de um modo geral no PAD. Reciclados mas com ainda as capacidades organizativas que a vida de militância e clandestinidade propiciou a alguns.
O UDD, os vermelhos, está a milhas de distancia da capacidade organizativa que o PAd mostrou através quer dos seus lideres quer através das acções extremamente bem preparadas dos "guardas do PAD". deveria tirar as aspas pois são assim reconhecidos pelos seus próprios lideres. Aqueles são hoje um exército bem treinado, equipado e pago que controla os 98% dos manifestantes do PAD que lutam pacificamente por uma causa que entendem ser justa. Do outro lado, UDD, o mais que conseguem fazer é ameaças verbais e alguns actos isolados que levaram a cabo contra o PAD durante os tempos da ocupação da Government House.
O comício lá se terminou com um discurso, via vídeo, de Thaksin que nada de novo trouxe, e todos voltaram para casa ordeira e pacificamente sem perturbarem em nada a vida dos habitantes desta cidade e é bom de referir que o comício foi bem no coração da cidade.
O único incidente foi uma pequena bomba que terá sido atirada de um autocarro que fez muito barulho mas nenhum estragos. Vi na televisão o que se passou e era difícil mesmo perceber onde teria rebentado visto nada estar danificado.
Amanhã no Parlamento lá se irão contar as espingardas. Ainda há menos de uma hora a televisão dava como previsão que o líder Democrata seria eleito com uma maioria escassa de 241 contra 235 Deputados mas suficiente.
Deseja-se paz e capacidade de respirar mas não parece que o futuro seja uma avenida plana para quem quer que ficar á frente do país. Ainda hoje os jornais alertavam para as centenas de milhares de postos de trabalho em risco na indústria electrónica. Num país onde não existe regime de segurança social que dê alguma compensação a quem perde emprego, esses desempregados, que se irão juntar aos já cerca de 200.000 na indústria automóvel, só em Novembro, e aos milhares também no sector turístico, poderão ser uma problema social a ter em conta num futuro a curto prazo.
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