Não gosto da palavra escumalha, aliás nunca gostei muito de adjectivos especialmente quando eles se destinam a classificar pessoas.
Bem sei que o nosso mundo está diferente, que a luta diária por um posição, um lugar, um pouco de ar, nos faz por vezes demasiado focados numa só realidade e nos impede de parar e escutar. A nossa corrida diária é um grande obstáculo para que sejamos capazes de ler e ouvir ao lado e só assim opinar.
Já uma vez referi uma frase que me ficou do Professor C K Prahalad " It is not important to be qualified. What is important is to stay qualified". Tento lembrar esta mensagem todos os dias naquilo que traz consigo da necessidade de abrirmos mais as nossas orelhas do que a nossa boca.
Vem isto a propósito da referência, já anteontem escrita, que o Miguel Castelo Branco faz aos apoiantes, daquilo que vulgarmente se chama "os Vermelhos" por oposição "aos Amarelos" do PAD. Uma escumalha de baixo nível, gente muito pobre, etc. Aliás esta mesma afirmação encontra-se no blog do PAD:
So Red-shirt Gangsters became crazy Furious, angry and low-class Red-shirt Gangsters as same as Thaksin, their father.
Por acaso encontrei estas imagens dessas gentes de baixo nível, trazidas da província para encherem os comícios na cidade.
Esta do Comício no Dia 1 de Novembro
Mais interessante é a conversa com a elite urbana. Embora não entenda quem faria então a política se "os políticos não deveriam fazer política". Entendo contudo a frustração que existe nestas camadas de jovens profissionais urbanos (também não gosto da palavra elite) e a sua dissociação com a vida do país. O mesmo se passa infelizmente no mundo. Obama terá sido uma Change ao ter conseguido trazer para a vida política grande numero de jovens. Na realidade o problema não está neles. O problema está naqueles que querem "representar" os interesses deles sem terem a mínima ideia do que é ética, clareza, e outros adjectivos que ora me atrevo a utilizar. Os políticos, aqui como em Portugal e muitos outros lugares do mundo, conseguiram a fantástica proeza de afastar os jovens da vida comum, visto lhes ser muito mais vantajoso não ter de suportar pessoas incómodas e interessadas no comun e não no particular.
Embora de forma diferente, quer o Miguel quer eu, interessamo-nos deveras por este país e pelas suas gentes (elites ou escumalha) e muitas e boas discussões se passam à volta de um bacalhau e de um bom vinho português e é isso, uma das coisas, que nos vai enriquecendo aos dois.
3 comentários:
Caro Nuno:
Há aqui um tremendo equívoco, pois a escumalha a que me refiro sempre (escumalha, ralé, etc) não são os pobres. Nunca na minha vida classifiquei pessoas pela sua categoria social, nível de rendimento e influência. Pelo contrário. Nessa acepção de "pobre", fui-o durante quase uma década (e que década) quando fui "trocado por miúdos" nas experiências da descolonização exemplar que alguns teimam escamotear. "ESCUMALHA" é essa gente que por aí anda cheia de dinheiro e sem cabeça, semi-letrada, com ódio a tudo o que desconhece e apostada em transformar o mundo à imagem da sua voragem. Quando refiro escumalha, refiro-me aos pobres de espírito neo-endinheirados - o famigerado jet set - e a sua grosseira visão do mundo, o seu falso chique a tresandar a exibicionismo roncante. Essa é a ideologia neo-rica do "salve-se quem puder" e do "comprar tudo, vender tudo" que tão bem conhecemos em Portugal nas versões mais ou menos convincentes dos banqueiros, dos donos da comunicação social e dos grossistas donos dos supermercados. Essa "escumalha" nunca leu, não tem mundo para além das portas dos grandes hotéis e está convencida que é alguém. O que me mete medo - em Portugal é asunto há muito arrumado - vê-la aqui trepar sobre as costas deste povo pobre que tanto respeito e vê-los, lá em cima, a fazer de conta que são reis....reis do dinheiro.
Ainda bem que eu entendi mal as várias vezes que usas a palavra escumalha.
Abraço
Ena... agora compreendo... Tantos chineses! O Thaksin também é chinês, não é?
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