Três semanas de férias e três semanas em que nada escrevi. Mesmo o post que coloquei antes das eleições em Bangkok já o tinha escrito antes de partir. Era tudo tão linear e sabido que tinha a certeza de que nada se iria alterar. E assim foi.
Aqui em Bangkok a situação em pouco ou nada mudou e continua em vigor o Estado de Emergência, qual vara de condão utilizada para se continuar a proceder á "limpeza" das cores encarnadas no país. E também assim vai acontecendo.
As questões políticas mais prementes dizem contudo respeito ao foro do partido e da coligação no poder pois continuam a não ter sossego apesar dos sucessos contra a oposição. Muitas vezes se ouve dizer que os piores inimigos são aqueles que temos dentro de casa, ou seja os nossos amigos.
Ontem Suthep, o inefável Vice do governo Abhisit, disse na conferência do Partido Democrata realizada em Phuket, que estava vivendo o tempo mais difícil da sua já longa carreira de 30 anos na política, acabando por afirmar que as instituições e o sistema democrático na Tailândia estavam em risco e que uma guerra civil era possível. Esta expressão, que continua a sustentar a existência do Estado de Emergência, deve ter sido bem traduzida visto ser repetida em vários meios de comunicação sempre mencionando aquela "possibilidade", da qual, pessoalmente, não partilho.
É um facto que as acções posteriores a 19 de Maio que têm tido como objectivo acabar com a oposição e com o "thaksinismo", missão na qual o governo do General Surayud saído do golpe de estado de 2006 falhou ao permitir o regresso dos "clones" de Thaksin ao poder, criam um clima de grande animosidade nos apoiantes da causa vermelha mas esta está, ainda, enfraquecida e desorganizada. Segundo um dos líderes de uma das facções, a viver há mais de um ano no exílio, Jakrapob Penkair, a coordenação da luta dos camisas vermelhas faz-se agora do exterior o que ainda tornará mais difícil a sua condução.
Aqui em Bangkok a situação em pouco ou nada mudou e continua em vigor o Estado de Emergência, qual vara de condão utilizada para se continuar a proceder á "limpeza" das cores encarnadas no país. E também assim vai acontecendo.
As questões políticas mais prementes dizem contudo respeito ao foro do partido e da coligação no poder pois continuam a não ter sossego apesar dos sucessos contra a oposição. Muitas vezes se ouve dizer que os piores inimigos são aqueles que temos dentro de casa, ou seja os nossos amigos.
Ontem Suthep, o inefável Vice do governo Abhisit, disse na conferência do Partido Democrata realizada em Phuket, que estava vivendo o tempo mais difícil da sua já longa carreira de 30 anos na política, acabando por afirmar que as instituições e o sistema democrático na Tailândia estavam em risco e que uma guerra civil era possível. Esta expressão, que continua a sustentar a existência do Estado de Emergência, deve ter sido bem traduzida visto ser repetida em vários meios de comunicação sempre mencionando aquela "possibilidade", da qual, pessoalmente, não partilho.
É um facto que as acções posteriores a 19 de Maio que têm tido como objectivo acabar com a oposição e com o "thaksinismo", missão na qual o governo do General Surayud saído do golpe de estado de 2006 falhou ao permitir o regresso dos "clones" de Thaksin ao poder, criam um clima de grande animosidade nos apoiantes da causa vermelha mas esta está, ainda, enfraquecida e desorganizada. Segundo um dos líderes de uma das facções, a viver há mais de um ano no exílio, Jakrapob Penkair, a coordenação da luta dos camisas vermelhas faz-se agora do exterior o que ainda tornará mais difícil a sua condução.
Contudo ontem em Samut Sakorn, uma província às portas de Bangkok onde foi levantado o Estado de Emergência, estes realizaram uma manifestação presenciada por milhares de vermelhos, segundo os vários relatos que li, e onde Thaksin falou de novo aos seus apoiantes, facto que já não acontecia há meses. Mesmo assim a máquina do governo, operada pelos militares, é mais forte e eficaz do que a máquina de propaganda vermelha.
Enquanto estive lá fora, em Portugal, as pessoas perguntavam-me repetidamente sobre a situação no país e mostravam não compreender várias coisas. Primeiro porque é que as manifestações tinham demorado tanto tempo e segundo porque é que ninguém tinha intervindo com uma palavra de sensatez. Eram no essencial as duas perguntas que me eram feitas por quem está habituado a que as pessoas por um lado acatem a orden e a lei e portanto uma manifestação nunca pode atingir as proporções do que aqui acontece (recorde-se por exemplo que os "amarelos" ocuparam a sede do governo durante 192 dias ou seja quase 7 meses) e quando a situação começa a descarrilar existe no sistema constitucional alguém com o poder de mediação e de isenção capaz de falar para todo o país independentemente das posições de quem ouve.
O facto é que aqui na Tailândia nem o primeiro é verdade já que a permissividade, o "mai pen rai" e o facilitismo levam a que situações como as que se têm vivido nos últimos dois anos sejam "aceitáveis" e, nem o segundo, com o extremar e radicalizar de posições, torna possível encontrar alguém neutro capaz de mediar e a chefia da Nação, o Rei, não é por tradição e prática, envolvido em questões tidas por serem políticas e partidárias.
O grande desafio que se coloca no curto prazo a este Governo é o da aprovação do orçamento pois existe o risco verdadeiro de não vir a ser aprovado no Parlamento já que os Ministros não devem votar visto isso ser considerado uma questão de conflito de interesses. Esta tem sido a prática de sempre no Parlamento tailandês mas o facto de este fim-de-semana no congresso do partido ter havido um apelo ao voto dos Ministros mostra a dificuldade actual do executivo. A oposição acusa já o governo de estar a tentar aliciar alguns Deputados, que não fazem parte de coligação, com promessas de benefícios vários incluindo grossas verbas monetárias.
Para além desta questão crucial visto ser não só importante para o funcionamento do país mas também para manter coesa a coligação através dos dotações dos ministérios ocupados pelos vários partidos que a compõem, existem as negociações que serão feitas nas esferas militares e policiais respeitantes á remodelação que todos os anos tem efeito a partir do dia 1 de Outubro. Tendo em vista o presente controlo da situação que ambas as corporações têm sobre o aparelho executivo parece ser credível que as listas serão facilmente elaboradas especialmente a do exército onde o General Anupong tem praticamente tudo definido desde que há dois anos começou a organizar a força em redor dos seus aliados.
No caso da polícia, que passou um ano inteiro com uma chefia interina, facto inédito na história da corporação, visto o candidato apresentado duas vezes por Abhisit ter sido derrotado, as mesmas questões poderão vir a colocar-se de novo mas de forma menos evidente do que no ano passado.
Igualmente este mês de Agosto irá marcar, no dia 26, o 90º aniversário do general Prem, Presidente do Conselho Privado do Rei, que recorde-se continua internado no hospital desde 19 de Setembro de 2009. O General é uma figura incontornável na cena política do país pelo seu historial, carisma, facto de ser militar e pertencer ao restrito circulo próximo de Rama IX, e apesar de fazer 90 anos continua a mostrar uma forma física notável e a ser sempre uma referência aquilo que possa dizer ou mesmo o seu silêncio.
Enquanto estive lá fora, em Portugal, as pessoas perguntavam-me repetidamente sobre a situação no país e mostravam não compreender várias coisas. Primeiro porque é que as manifestações tinham demorado tanto tempo e segundo porque é que ninguém tinha intervindo com uma palavra de sensatez. Eram no essencial as duas perguntas que me eram feitas por quem está habituado a que as pessoas por um lado acatem a orden e a lei e portanto uma manifestação nunca pode atingir as proporções do que aqui acontece (recorde-se por exemplo que os "amarelos" ocuparam a sede do governo durante 192 dias ou seja quase 7 meses) e quando a situação começa a descarrilar existe no sistema constitucional alguém com o poder de mediação e de isenção capaz de falar para todo o país independentemente das posições de quem ouve.
O facto é que aqui na Tailândia nem o primeiro é verdade já que a permissividade, o "mai pen rai" e o facilitismo levam a que situações como as que se têm vivido nos últimos dois anos sejam "aceitáveis" e, nem o segundo, com o extremar e radicalizar de posições, torna possível encontrar alguém neutro capaz de mediar e a chefia da Nação, o Rei, não é por tradição e prática, envolvido em questões tidas por serem políticas e partidárias.
O grande desafio que se coloca no curto prazo a este Governo é o da aprovação do orçamento pois existe o risco verdadeiro de não vir a ser aprovado no Parlamento já que os Ministros não devem votar visto isso ser considerado uma questão de conflito de interesses. Esta tem sido a prática de sempre no Parlamento tailandês mas o facto de este fim-de-semana no congresso do partido ter havido um apelo ao voto dos Ministros mostra a dificuldade actual do executivo. A oposição acusa já o governo de estar a tentar aliciar alguns Deputados, que não fazem parte de coligação, com promessas de benefícios vários incluindo grossas verbas monetárias.
Para além desta questão crucial visto ser não só importante para o funcionamento do país mas também para manter coesa a coligação através dos dotações dos ministérios ocupados pelos vários partidos que a compõem, existem as negociações que serão feitas nas esferas militares e policiais respeitantes á remodelação que todos os anos tem efeito a partir do dia 1 de Outubro. Tendo em vista o presente controlo da situação que ambas as corporações têm sobre o aparelho executivo parece ser credível que as listas serão facilmente elaboradas especialmente a do exército onde o General Anupong tem praticamente tudo definido desde que há dois anos começou a organizar a força em redor dos seus aliados.
No caso da polícia, que passou um ano inteiro com uma chefia interina, facto inédito na história da corporação, visto o candidato apresentado duas vezes por Abhisit ter sido derrotado, as mesmas questões poderão vir a colocar-se de novo mas de forma menos evidente do que no ano passado.
Igualmente este mês de Agosto irá marcar, no dia 26, o 90º aniversário do general Prem, Presidente do Conselho Privado do Rei, que recorde-se continua internado no hospital desde 19 de Setembro de 2009. O General é uma figura incontornável na cena política do país pelo seu historial, carisma, facto de ser militar e pertencer ao restrito circulo próximo de Rama IX, e apesar de fazer 90 anos continua a mostrar uma forma física notável e a ser sempre uma referência aquilo que possa dizer ou mesmo o seu silêncio.
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