quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Prayuth Chan-ocha

O Conselho de Ministros ontem reunido aceitou, sem alterar, a lista para a remodelação anual dos quadros superiores da hierarquia militar apresentada pelo Ministro da Defesa Prawit e decidiu enviar para que seja revista e aprovada pelo monarca Rama IX se assim o entender. Sobre o apoio dado pelo governo à remodelação importa ver este artigo no The Washington Times

Deste modo a partir de 1 de Outubro próximo, altura em que o General Anupong Paochinda passa à reforma por ter atingido 60 anos de idade no presente ano fiscal tailandês, o General Prayuth Chan-ocha será por certo o novo comandante supremo do exército um dos postos mais importantes na estrutura do sistema político/militar em vigor na Tailândia.

Desconhecer os meandros dos quartéis e das estruturas militares e da Polícia (como que a quarta força militar no país), torna impossível compreender e interpretar os factos políticos sejam eles de que naturezas forem.

Prayuth ascendeu meteoricamente na hierarquia queimando etapas para atingir o lugar de topo. Proveniente da classe 12 da escola militar (Anupong é da classe 10 - as mesma de Thaksin) passou à frente de outros que se encontravam potencialmente melhor colocados devido á sua senioridade mas foram preteridos a favor deste "falcão" proveniente do regimento "os Guardas da Rainha", aliás como Anupong e muitos dos que agora estão em lugares de chefia. Recorde-se que foi este regimento que esteve em grande destaque nos confrontos do dia 10 de Abril contra os manifestantes da UDD em que morreram 25 pessoas e ficaram feridos perto de um milhar. Entre os mortos estava um dos coronéis de elite desta força, Romklao, cujo funeral foi presidido pela própria Rainha numa homenagem "aos seus guardas".

Ao contrário de Anupong que sempre foi hesitante nas posições que pudessem de alguma forma manchar a sua carreira, isto no que respeita a tomar posicionamentos políticos claros, Prayuth é um claro apoiante do actual regime e uma voz determinada contra as intenções vermelhas. Recordo a propósito disto que há meses numa conversa com um jornalista tailandês ele me dizia que se este ano for mau (falava-se antes da crise Abril/Maio) o próximo será pior pois Prayuth não terá hesitações no que respeita ao uso da força ao contrário de Anupong.

Prayuth e Anupong têm caminhos muito semelhantes. Para além de pertencerem ao regimento real que mencionei foram ambos comandantes da 1 ª Região (a mais poderosa do país) antes de se instalarem no quartel-general. Outro homem que estará na calha e neste mesmo percurso é o General Kanit Sapitak, o actual Comandante da 1 ª Região e que se tem mantido próximo dos dois generais. Poderá vir a ser o próximo numero dois na hierarquia e vir a suceder a Prayuth em 2014 quando este se reformar.

Apesar de ter saltado duas classes (havia generais da classe 10 na lista dos elegíveis e ainda havia a classe 11 da qual fazia parte o falecido General Kathya -Seh Daeng) Prayuth conseguiu obter todo o apoio político necessário para chegar ao poder e não deverá ter dificuldades no comando pois as alterações já produzidas nas reestruturações de Outubro passado e na intermédia que tem lugar em Abril (e por certo os últimos toques para o próximo Outubro) asseguraram que os lugares de comando funcional estejam preenchidos com homens de sua inteira confiança e leais à usa palavra.

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