José Ramos-Horta, Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz em 1996 a par com D Ximenes Belo, Arcebispo-Bispo de Dili, foi o Primeiro Chefe de Estado a visitar o recentemente empossado Primeiro Ministro Tailandês.
Numa visita de 3 dias a Bangkok, Ramos-Horta mostra que continua a saber mexer-se muito bem nos fora internacionais.
Timor-Leste tinha tomado o primeiro passo de aproximação ao novo Presidente da ASEAN, a Tailândia, quando em Junho do ano passado nomearam o seu primeiro Embaixador na capital, o Embaixador João Freitas da Câmara, com o objectivo de acompanhar de perto a presidência e assegurar o apoio necessário para a almejada adesão em 2012. Aliás nos últimos tempos Timor-Leste, ao contrário do que acontecia previamente, tem-se feito representar, sempre ao mais alto nível, nas reuniões da ASEAN e da ARF onde detêm o estatuto de observador.
Ramos-Horta soube garantir as necessárias palavras da parte de Abhisit, ou seja o reconhecimento de que a mais jovem nação do Mundo está no bom caminho para se tornar no 11º membro da ASEAN em 2012.
A Tailândia sempre esteve bem próximo de Timor-Leste neste construir do país, visto agrupamentos militares tailandeses terem sido parte importante das forças da UNTAET durante vários anos. Esses destacamentos foram comandados pelo actual CEMGFA, General Songkiti Chakabata, e pelo anterior, o General Bonsang Niampradit, que aliás escreveu um interessante livro relatando, em forma de diário os seus mais de 400 dias em Timor-Leste.
Ramos-Horta aproveitou igualmente para assinar um protocolo com a companhia PTT, a principal petrolífera tailandesa, protocolo esse que permitirá levar para Timor-Leste assistência técnica tão necessária para o diversificar das fontes de colaboração no campo da exploração das reservas no Mar de Timor.
Igualmente aproveitou para fazer ouvir a sua voz na causa Birmanesa. Ramos-Horta, que sempre se mostrou solidário com a também Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, não diexou de criticar a comunidade internacional, com ênfase nos Estados Unidos e na União Europeia, pela política de sanções ao regime militar que controla o país com mão de ferro.
O Presidente de Timor-Leste apelou a uma melhor compreensão para o processo de democratização no país fazendo ver que sem os militares, como em muitos outros países na região, não será possível levar a cabo a transição tão desejada para um regime democrático e respeitador dos Direitos do Homem.
É uma declaração de quem muitas horas passou nos corredores da Nações Unidas e de quem conhece em profundidade as realidades asiáticas e a forma distinta de lidar com elas. Para além disso é uma declaração bem pensada no tempo já que sucede ao encontro dos Ministros dos Negócios Estrangeiros tailandês e birmanês, Kasit Piromya e Kyaw Thu respectivamente, em Bangkok.
Sendo-lhe difícil falar em Napidaw, devido ao continuado apoio manifestado á causa de Aung San Suu Kyi, Ramos-Horta conseguiu desta forma construir uma ponte, elegante, sem trair os seus príncípios e capaz de garantir apoios para o seu país.
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