sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pacote Económico (II)

Ontem alguns dos Ministros do novo Governo explicaram para uma audiência de cerca de 500 pessoas, a pagarem 80 Euros cada, excepto os muitos convidados, numa organização do Post Group, companhia que é a proprietária do Bangkok Post, o Post Today e a rádio 89.00.

Primeiro falou o Vice-Primeiro Ministro Kobsak Sabhavasu, líder da área económica sobre os traços gerais da política económica do Governo Democrata. A apresentação baseou-se no seguinte principio: O Ciclo viciosa criado pela crise do sub-prime na América e naquilo que apelidou o Ciclo Virtuoso que o governo pretende criar. Kobsak pôs todas as culpas na falta de confiança e de liquidez existente no mercado e na necessidade de injectar fundos para que estes por si possam gerar riqueza. Assim o gabinete vai atribuir a fundo perdido 2.000 bath por mês a todos os que tenham um fendimento mensal inferior a 15.000 bath, atribuir 500 bath por mês aos idosos e injectar outros valores no meio rural. Com alguma piada Kobsak disse que os que afirmam que o governo está a fazer uma política populista mostram estar atentos e saber o que o governo faz.

A seguir o Ministro das Finanças, colega em Oxford do PM e ex CEO do JP Morgan (Thailand), Korn Chatikavanij falou unicamente sobre política orçamental e a única questão relevante que abordou foi a eventual necessidade de o governo ter de alterar a lei que permita aumentar o nível de endividamento público visto só disponibilizar neste momento de um tecto de 39 mil milhões de bath que pode emitir em obrigações para se financiar. De resto esquivou-se sempre a responder a qualquer questão do foro político. Sendo Korn uma das maiores estrelas deste governo, pode dizer-se que brilhou pouco mesmo muito pouco.

A sessão da tarde terminou com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Kasit Piromya num discurso que por vezes levantou risos da audiência. Foi um elogio permanente ao PM e ao país chegando a afirmar que desde o início do ano a Tailândia está todos os dias nos grandes meios de comunicação social n do mundo. Vê-se que Kasit ainda se sente a falar nos palcos do PAD para incitar as "tropas" para uma qualquer causa mas para a audiência presente só conseguiu levantar risadas gerais. A mais gritante foi quando se referiu aos migrantes e trabalhadores ilegais no país ter afirmado que estes vêm das Filipinas e da Singapura. Aí então quase que levaria uma ovação pela melhor piada do ano. Curiosamente quando chamado a responder a perguntas Kasit mostrou ser um Diplomata, uma pessoa que sabe ler dossiers e responder de forma adequada ás funções que exerce. Referiu uma questão importante que é o facto de Burma sendo membro da ASEAN saber muito bem quais são os seus deveres como membro da comunidade internacional e que essa é a linha a seguir pela Tailândia como Presidente da associação.

O prato forte do dia seria o discurso do PM após um jantar pelo qual ele nos fez esperar 80 minutos em que a audiência foi tratada a pão e água. Para quem é um líder de topo na roda internacional, como Kasit afirmou, esperava-se pelo menos um pedido de desculpas, mas não houve.

Abhisit é bem falante, politicamente instruído e habilmente preparado para responder ás perguntas que não foram muito embaraçosas, tirando uma que o deixou a gaguejar.

Mas pouco disse, como é normal, pouco acrescentando aquilo que se sabia de antemão. Reafirmou a sua convicção de que esta coligação está para durar, que é sólida que nem uma rocha e que desde que começaram a trabalhar o fazem como um corpo só. Refutou a acusação de que as medidas económicas que apresentou são só para preparar eleições onde os Democratas possam ganhar, reafirmando que está aqui para servir o país durante três anos e depois os tailandeses o julgarão. Voltou a afirmar a necessidade de se introduzirem reformas políticas no sistema, a forma que os Democratas encontraram para se referirem a uma muito necessária reforma constitucional sem a mencionarem explicitamente.

O ponto baixa da noite que provocou o tal gaguejar foi quando disse que o número de turistas que tinham chegado a Bangkok no período Natal/Fim de Ano de 2008 tinha sido superior ao de 2007. Alguém do sector do turismo refutou essa afirmação e Abhisit disse que queria dizer que o número de chegadas era superior ao do início do mês. Pior a emenda do que o soneto pois como todos sabemos no início do mês os aeroportos estiveram encerrados e portanto o crescimento de chegadas até deverá ter sido quase que 100% maior.

ma minha mesa estava a Chief Economist de um banco na Tailândia, tailandesa ela mesmo, e manifestou o seu desapontamento por não ouvir nenhuma medida que se referisse ao atacar as questões estruturais da economia, como a produtividade, a modernização e o investimento estrangeiro tão fundamental para esta economia que depende em 45% do seu PIB da indústria e essa é dominada por capitais estrangeiros.

Mesmo sem especulação política compreende-se, e aceita-se a necessidade de injectar dinheiro na economia real (pode discutir-se o particular das medidas) mas o PM deveria ter afirmado que sendo essa a prioridade inicial para repor o funcionamento do consumo e da máquina geradora de riqueza, após esse primeiro choque seriam tomadas medidas de fundo para criar valor e aumentar a produtividade na sociedade e foi isso que faltou para tornar o discurso ganhador.

Um comentário final. Abhisit disse que agora o país é um país onde a lei tem de ser respeitada, por certo comparava com o que se passou com o PAD em 2008, mas o único exemplo que deu foi que não tolerariam que os seus opositores atirassem ovos, a nova moda, ás suas caravanas. Senhor Primeiro Ministro falta, continua a faltar, uma condenação dos actos devastadores para o país cometidos pelo PAD durante meio ano em 2008. O pacote económico que agora a presenta e que o seu Ministro das Finanças diz ter alguma dificuldade em financiar, é exactamente do mesmo valor da destruição trazida para este país pelo PAD em somente 10 dias e isto segundo os cálculos do banco da Tailândia, como se sabe entidade sempre prudente, conservadora e nunca ao lado das anteriores administrações.

No dia em que se demarcar daquilo que o PAD fez de mal estará a dar um grande passo no sentido da conciliação que tanto apregoa e se deseja. mas não esqueçamos as flores que ele próprio sorridente ofereceu a Sondhi.

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