segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eleições na Tailândia

Abhisit, mulher e filha. Prang, a filha foi a primeira vez que votou.

Ontem realizaram-se duas eleições importantes.

As eleições para a maioria dos lugares vagos no Parlamento (no próximo dia 25 haverá a eleição em Nonthaburi para mais um lugar) após a dissolução de três dos Partidos da antiga maioria e da consequente cassação dos direitos políticos dos seus dirigentes.

Outra eleição foi a do Governador de Bangkok visto o anterior, eleito recentemente em Outubro, Apirak, actual Assessor do Primeiro Ministro, se ter demitido no seguimento de ter sido acusado de corrupção num caso envolvendo a compra de carros para os bombeiros na capital. Ganhou MR Sukhumbhand, um aristocrata até á pouco membro do gabinete sombra de Abhisit.

Em ambas as eleições o Partido Democrata saiu vitorioso. Na eleição legislativa intercalar a principal vitória dos Democratas foi o facto de terem conseguido ganhar sete lugares antes ocupados por outros Partidos e por outro lado verem o Partido da Oposição, que representa os interesses aliados a Thaksin, perder posições, inclusive em algumas das suas praças fortes. Continua, o agora denominado Puea Thai, contudo a deter 199 dos 480 Deputados no Parlamento. No The Nation de hoje a única fotografia que aparece na primeira página é a da ex mulher de Thaksin a dirigir-se para uma assembleia de voto onde se vê quatro crianças fazendo com as mãos os sinal que os tailandeses usam para dizer "I love You". Nem uma do PM ou do novo Governador e sabe-se como o The Nation tem sido o campião da luta anti-Thaksin na imprensa. Intreressante!

A maioria parlamentar da coligação no Governo amplia-se o que dá ao PM Abhisit algum descanso e maior capacidade para enfrentar os problemas que se lhe colocam. O único senão que poderá ter com esta vitória é o facto, do Chart Thai Pattana (o novo nome do banido Chart Thai) já ter anunciado, querer rever a atribuição de lugares no Governo visto ter sido o Partido que mais ganhou nas eleições de ontem e se sentir fortalecido.

Estas eleições ficam marcadas contudo por uma decisão do Supremo Tribunal Constitucional no mínimo "estranha" para ser simpático com a palavra que uso.

Tinha sido apresentada uma queixa contra os candidatos do Chart Thai Pattana alegando que estes não reuniam as condições para concorrer visto não estarem inscritos no Partido há 90 dias como manda a Constituição. Aliás Barhan Silpa-archa, o todo poderoso político de Supham Buri e "dono " do Chart Thai, afirmou no dia 3 de Dezembro, que não se tinham preparado com a criação de um novo Partido visto nunca terem acreditado que o Partido viesse a ser dissolvido.

Só então foi criado, a 12 de Dezembro, como se pode ler em toda a comunicação social, o Chart Thai Pattana.

Os candidatos que se apresentaram aos eleitores alegaram contudo que o Partido tinha sido legalmente criado a 10 de Outubro, portanto em tempo, contrariando a todas as afirmações pelos próprios produzidas, e o Tribunal Constitucional, alegando contudo que não podia provar os factos contra (como se lê, expressamente, no acórdão) dá razão aos candidatos e assim eles ganharam 10 lugares que seria ganhos por outros Partidos se a decisão tivesse sido transparente.

O meu amigo Miguel dá uma versão completamente diferente, e emotiva, dos resultados, como seria de esperar, à qual só queria acrescentar alguns pontos.

A coligação no poder não ganhou 20 mas 19 lugares. O 20 será muito provavelmente no próximo dia 25 em Nonthaburi visto ser um antigo lugar Democrata. A actual oposição não está acantonada. Continua a ser o Partido com maior número de Deputados no Parlamento. O Partido que lidera a actual coligação continua a ser o segundo maior Partido.

Por fim para chamar ao actual grupo lider no país de coligação monárquica (os bons), por oposição à anterior coligação que o não seria (os maus), há que ver que esta coligação só existe porque 122 Deputados que actualmente a suportam, estavam do outro lado da barricada ainda á um mês atrás e todos sabemos, Miguel incluído, porque é que eles mudaram de lado. As pessoas e os grupos não podem ser apelidados e destituídos desses títulos assim tão fácilmente.

Uma coisa é certa o novo PM, Abhisit, é um homem de outra estirpe e com outra postura e oxalá consiga levar o país por novos caminhos mas a caricatura que aparecia no Sábado, Dia das Crianças, num jornal onde se via Abhisit, alcunhado o "dek sen" (o menino que tem um padrinho) sendo levado a passear pelos "papás", Suthep e Nevin, não era um bom sinal.

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