segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dia D numero......

Hoje era outra vez dia D no calendário político, ou melhor ainda o é visto um dos acontecimentos que estava programando para hoje ainda se desenrolar neste momento em que começo a escrever.

Desde o início do mês de Agosto que as tensões têm vindo a crescer visto estar narcado para o dia de hoje pois à 1 hora da tarde será feita a entrega da petição ao Rei pedindo perdão para Thaksin, entrega feita pelos seus apoiantes da UDD.

Muito se tem escrito sobre a petição, sobre se é legalmente possível, se é apropriada eticamente, se é correcta politicamente e no fim se de alguma forma ajuda o país.

A última questão é a mais fácil de responder. Não ajuda o país visto Thaksin não poder ser parte da solução para este país. Uma parte significativa das suas políticas podem, uma boa parte daquilo que fez como PM pode, mas ele pessoalmente não, visto ser um elemento que traz mais divisão do que reconciliação e a Tailândia necessita é da primeira. Necessita de reconciliação mas onde todos, sem exclusão, estejam incluídos, em que todos possam ter o seu dizer e onde todos se sintam protegidos pela lei e pelos tribunais e não assistam a este permanente desfile de decisões influenciadas por questões políticas como tem vindo a acontecer nos últimos meses.

Existem tantos argumentos a favor da petição como contra. De um ponto de vista estritamente formal e de acordo com a Constituição é legítima e legal. Assim o diz por exemplo a maior autoridade do país no campo do Direito Constitucional o Professor Borwornsak Uwanno, que tomou parte na redacção da presente lei fundamental e é o presidente do King Phrajadipok Institute. Contra, o principal argumento é o de que não é possível solicitar um perdão no caso vertente visto Thaksin não estar a cumprir a pena. Teria de aceitar a sentença, começar a servi-la e posterior pedir clemência ao Rei, o que faz todo o sentido do ponto de vista ético.

Contudo a questão era saber como é que ia decorrer a entrega da petição até porque o Governo patrocinou a “petição contra a petição”, através do Ministro do Interior como já afirmei anteriormente. Abhisit neste contexto tem vindo a ser acusado de ter deixado o Rei desprotegido pois é sabido que qualquer que seja a decisão essa só agradará a metade das pessoas tal é a divisão no país. Na realidade a única iniciativa que o PM de alguma forma apoiou foi a contra petição que na realidade ainda veio agravar e pôr a nu a divisão existente na sociedade.

A sabedoria neste momento veio do lado da Casa Real. Desde Sexta-feira que tive conhecimento que o “Royal Household Bureau” tinha contactado a UDD no sentido de organizar a recepção da petição e tudo aconteceu e foi feito na maior tranquilidade e sem que viesse a acontecer a manifestação de centenas de milhares de pessoas que estava prometida para esta manhã em Bangkok.

Assim desde as 6 da manhã elementos da UDD juntaram-se em Sanam Luang, perto do local da entrega, o Grande Palácio, ás 10 da manhã, Thaksin, vestido de vermelho e com uma fotografia do Rei e da Rainha por detrás falou numa vídeo conferência aos seus apoiantes e cerca da 1 da tarde um cortejo de cerca de 1.500 pessoas, encabeçado por 15 representantes, entre os quais alguns dos Monges mais seniores do país, fez a entrega das 500 caixas, contendo, segundo os relatos 10.000.000 de assinaturas, ao representante do Secretário de Sua Majestade o Rei e posteriormente dispersaram ordeiramente.

Está agora ao cuidado da Casa Real a petição e tudo se passou sem incidentes embora como referi o embaraço de uma decisão exista mas agora é tempo de pensar e retomar a actividade normal.
Entretanto no outro acontecimento, Nevin, o sempre presente "líder" do partido Bhum Jai Thai, e outros 43 indivíduos, entre os quais vários ex Ministros do tempo de Thaksin, deveriam ouvir a sentença de um caso de corrupção de que vêm acusados e que poderá determinar o encarceramento por 20 anos ao homem sempre mais falado quando se trata de manobras políticas de bastidores. Nevin tem dito estar preparado para qualquer decisão mas pelo sim pelo não passou o fim-de-semana em Singapura com o Ministro da Defesa e seu irmão Patcharawat, sempre bons conselheiros e sempre prontos a “pegar em armas” para defender as suas damas.

Ao início disse que ainda se desenrolava a decisão do tribunal que supostamente era para ter sido conhecida às 2 horas locais, mas ela acaba por sair agora com a decisão de emitir um mandado de captura contra um dos arguidos, por faltar ao julgamento, e adiando a leitura da sentença para o dia 21 do próximo mês. Assim Nevin pode ir para casa descansado, aliás como era mais do que previsto.

Só, e sempre, é o peixe miúdo que fica apanhado nas redes.

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