As estradas são de muito boa qualidade e se não fosse a número 11, de Sukhothai até Lop Buri passando por Pichit, que deixa muito a desejar, daria uns bons 17 em 20 ao conjunto daquelas por onde passei.
Na travessia de Phrae para Uttaradit decidi utilizar a montanha e não a estrada "normal". Cerca de 100 km de terra batida mas, tirando os quilos de pó no carro, até essa estrada é de qualidade superior e devolveu-me um antigo prazer de conduzir em areia. Que grande especial!
Visitar o norte da Tailândia parece que é visitar outro país e na realidade muita coisa é diferente. A paisagem é montanhosa ao contrário da do sul, a comida é diferente, menos picante e mais baseada em massas (noodles) e em carne de porco, Na verdade muitas combinações de porco, eventuais influências da China e do Vietname. Refira-se ser a comunidade chinesa bastante forte em Chaing Mai. A vegetação é também diferente com uma variedade de flores e árvores que não se encontra pelo sul ou pelo nordeste do país.
A maioria da zona norte do país, aquilo que se chama o Reino Lanna, o reino de um milhão de campos de arroz, tem uma grande multiplicidade étnica e só na transição do século XIX para o século XX é que passou a fazer parte integral do Sião e mesmo assim Nan só em meados dos anos 30 é que deixou a seu estado de província de alguma forma independente do poder central de Bangkok.
Constantemente no meio das lutas entre siameses e birmanes, por várias vezes atacada por uns e por outros, só quando o Rei Taksin, ele próprio um conhecedor da região quando foi comandante daquilo que é hoje a província de Tak, a partir do sul e já Rei, reorganizou o país e expulsou os birmanes, é que o Reino Lanna foi ganhando paz através de vários acordos feitos com casamentos e partilhas de poder entre o Sião e os vários senhorios Lanna. O conjunto das actuais províncias do norte, organizou-se em redor de Chaing Mai (aqui está mais uma palavra do norte - Chiang quer dizer cidade ao contrário do terno Muang, ou Nakon utilizado no sul), a mais importante cidade em todo o norte e actualmente a segunda cidade no país.
Chiang Mai tem uma particularidade que lhe dá um ambiente muito especial. Oferece tudo aquilo que uma grande cidade oferece de necessário para a vida de hoje, e não tem aquilo que as grandes cidades perderam com o advir da modernidade. Chaing Mai (a cidade nova) conserva muito do seu traça original do passado e é um prazer podermos passear pela cidade velha repleta de templos de grande valor e de pequeno comércio tradicional. Tem além disso uma característica que pessoalmente muito aprecio. A existência de poucos prédios altos e a quantidade infindável de pequenas casas tradicionais torna a cidade extremamente acolhedora e afável.
Por outro lado sendo uma cidade com uma forte ligação á sua Universidade principal, a Universidade de Chiang Mai, uma cidade dentro da cidade, onde diariamente cerca de 40.000 (quarenta mil) pessoas entre alunos, professores e funcionários coexistem, a cidade tem uma juventude contagiante e um potencial de futuro garantido.
Uma visita á Tailândia nunca estará concluída sem uns longos passeios dentro das muralhas da cidade velha de Chiang Mai. Tailândia não é só praias, Phuket e outras, é sobretudo a cultura forte e assumida que se encontra quer no norte quer no nordeste do país. Aí podemos ver um país com personalidade, com tradição, com caractersiticas bem próprias e onde a história e ancestralidade deste povo bem se sente.
Para além disso ao redor de Chiang Mai encontram-se alguns dos lugares mais visitados no país como o já referido Doi Inthanon, o ponto mais alto da Tailândia, Wat Phrathat Doi Suthep, os campos de elefantes, animais muito presentes na região e as inúmeras produções artesanais de seda tailandesa tradicional. Existe ainda os imensos jardins de Rajaprueck onde em 2006 foi levada a cabo uma exposição mundial floral dedicada aos 60 anos do reinado de Rama IX e onde estiveram presentes 32 países.
A área coberta pela exposição de Rajaprueck é grande e fica no vale adjacente a Doi Suthep o que lhe confere uma beleza adicional. Aí para além de pavilhões de várias regiões da Tailãndia e de pavilhões temáticos podemos ver trabalhos florais de vários países de todo o mundo cada qual mostrando as suas distintas floras.
Também nos circuitos turísticos estão incluídas as visitas às exploradas mulheres girafas, as karen, expulsas indocumentadas da Birmânia e que também acabam exploradas na Tailândia e ás tribos da montanha qual zoo humano. Infelizmente nenhum país consegue ser perfeito no respeito pelos direitos dos outros e o turismo nem sempre se contenta em deliciar a vista com aquilo que de bonito existe para ser visto.
A primeira etapa estava concluída Depois de ter passado por Nakon Sawan, Tak, Lamphan e Lamphun os três dias em Chaing Mai foram a preparação para a incursão mais a norte que relatarei depois.
2 comentários:
UÁuuu! Fiquei com água na boca! Ainda te apareço por aí um dia... depois da crise!
Bem vinda. tens muito por onde andar.
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