segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Última Batalha


Mas afinal quem é a Polícia?


O PAD tinha anunciado que Domingo iria ser a última batalha e para isso mobilizariam mais de 100.000 manifestantes e iriam ocupar aquilo que muito bem entendessem necessário. De igual modo o UDD anunciou que iria realizar uma manifestação em Nonthaburi, uns 40 km ao norte de Bangkok.

Esta última manifestação realizou-se, como previsto e criticado, num templo em Nothaburi, e terminou sem o mais pequeno incidente tendo os "camisas encarnadas" dispersado calmamente. Interessante foi ver o Abott do templo a falar. Dizia ele. " Acusam-me de deixar que a UDD utilize o templo e a mim para a campanha política deles. Não é verdade. Eu que é os estou a utilizar a eles. Os políticos não vêm muito aos templos. Esta é uma boa oportunidade para eles ouvirem a palavra de um monge" e assim continuou solicitando a que todos usem do seu direito à livre expressão mas respeitando os direitos dos outros.

Entretanto o PAD adiou para esta madrugada a "batalha final" e anunciaram que iriam ocupar o Parlamento de modo a impedir que fosse discutida a tão necessária revisão da Constituição. Os rapazes andam mal informados pois na semana anterior o Primeiro Ministro já tinha anunciado que o projecto passaria para a próxima sessão parlamentar a iniciar em Fevereiro.

Contudo assim fizeram. Pelas 6 da manhã, aqui começa-se sempre cedo, arrancaram em direcção do Parlamento, cortaram o fornecimento de energia e bloquearam todos os acessos a este, tudo isto com centenas de Polícias a assistir sem mexer uma pestana sequer. A meio da manhã o Presidente da Assembleia anunciou que o assunto da revisão da Constituição não estava agendado e só seria debatido em Fevereiro, cantaram vitória e largaram ferro para a sede da Polícia. Chegados aí, com a ajuda das forças de ordem (?) montaram um novo palanque e começaram um novo ataque, verbal, contra a Polícia "responsável por todos os ataques de que têm sido alvo". Nova caminhada, novo capítulo e dirigiram-se para a actual sede provisória do Governo, no antigo aeroporto de Don Muang, alguns 30 km ao norte de Bangkok que agora ocupam.

Quem ler este post deve pensar que estamos a falar de um país sem nenhum sentido de o que é a lei e a obediência que lhe é devida.

Na realidade, e lendo a imprensa internacional as pessoas pensam que a Tailândia se transformou num gigantesco manicómio onde é impossível entender quem manda, o que manda, quando manda e para que é que manda se é que alguém manda.

dentro de três semanas a Tailândia que é actualmente o Presidente da ASEAN , vai receber os Chefes de Estado dos 10 países membros numa cimeira a realizar em Chiang Mai, e vai fazê-lo sem ter aderido a vários importantes acordos essenciais para os debates. O rídiculo está instalado quando o Presidente vai ter a atrapalhação de não poder falar visto não ter autorização parlamentar para tal. A não ser que aconteça como com a ratificação da "Charter" que aconteceu no último dia possível às 4.15 da tarde o país vai passar por mais esta vergonha no palco internacional.

Hoje o Bangkok Post no seu editorial lançava esse aviso mas os lideres das massas que se manifestam têm um nível de entendimento do que é a Democracia eventualmente menor do que o que tinha Estaline.

Uma vez Churchil disse mais ao menos isto: a Democracia é o pior dos sistemas políticos excepto daqueles que de vez em quando aqui e ali querem experimentar.

E assim segue este belo país a sua caminhada para o abismo porque um conjunto de "hooligans", como alguém de muito, mesmo muito, peso, disse uma vez em privado, pagos e bem pagos não consegue entender que amar o país não é destruí-lo.

O Mestre Miguel Castelo Branco, que já várias vezes referi a propósito do seu blog Combustões, e que gosta de filosofia, deveria investigar porque é que os tailandeses não conseguem ser racionais no amor. A constante mistura do amor/ódio faz parte da vivência do dia a dia do povo, se bem que no final, o compromisso, o não perder a face, faça com que ninguém ouse afrontar e/ou decidir de forma concreta e afirmativa sempre que existe um confronto de ideias.

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