segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Breve nota

A situação politica está calma naquilo que parece ser um momento em que cada uma e todas as partes tentarem desenhar a sua próxima estratégia.

O PAD levantou ancora de Makawan Bridge deixando a Radjamnoen avenida para os militares limparem de modo a começarem os preparativos para os dois eventos próximos. A cremação da Princesa Galyiani e o aniversário do Rei. Ontem mesmo realizaram-se ensaios na Royal Plaza preparativos das festas de 5 de Dezembro, aniversário do Rei.

O General Anupong, depois do falhado Golpe televisivo, está sem causa para intervir. Este fim de semana falava-se muito no acontecer outro golpe, à semelhança com o de Setembro de 2006, visto o Primeiro Ministro ter estado em Pequim a participar na cimeira da ASEM. Contudo para haver um golpe tem de haver uma razão e neste momento não parece haver nada. Passaram os acontecimentos sangrentos de 7 de Outubro, foi tentado forçar o PM a demitir-se através da televisão. Nada resultou. Agora há que esperar. O relatório sobre a quem atribuir as culpas dos incidentes de 7 de Outubro deve estar para sair e no caso de condenar o PM ele próprio disse que assumia as consequências do facto se se mostrar a sua culpabilidade. Já tive a oportunidade de ver o vídeo sobre o que aconteceu e, para uma visão independente e de fora como a minha, não posso deixar de culpabilizar a Polícia e sobretudo o seu comando pela forma totalmente amadora como tentaram dispersar os manifestantes.

Vê-se os Policia a atirar granadas de gás lacrimogenio sem a mínima noção daquilo que estavam a fazer. Basta ver que os agentes avançaram disparando as cápsulas, sem nexo, sem estarem eles próprios protegidos. Por outro lado é sabido que foram utilizadas granadas de muito baixa qualidade e com a data de validade expirada. Uma coisa é clara: a total falta de preparação da Polícia para enfrentar este tipo de situações que depois dá os resultados que se sabe. Três mortos e mais de quatrocentos feridos.

Mas um golpe militar parece neste momento estar foram do horizonte a curto prazo por falta de causa para tal.

Do outro lado da barricada, os apoiantes do ex PM Thaksin, vão realizar um comício no dia 1 de Novembro, para o qual são esperadas cerca de 80.000 pessoas e onde o fugitivo ex PM deverá falar de Londres. Estava previsto que uma das estações de televisão o transmitisse mas o bom senso imperou e isso não acontecerá. Fica reservado para os seus apoiantes. Contudo Thaksin deveria entender que a sua carreira política acabou, com a sentença do dia 21, e só se conseguir encontrar um motivo para forçar uma reapreciação do processo, e se tal lhe for positivo, é que poderá readquiri os seus direitos. Caso contrário é como se diz em inglês numa frase que sempre achei muito apropriada: curtains.

Aquele que neste momento está a ganhar algo é o PM Somchai visto o tempo correr sempre a seu favor. Quanto menos barulho houver mais fácil é a sua vida. Tenta forçar o arranque da Assembleia Constituinte mas o processo não se apresenta fácil visto ter a oposição dos Democratas e de um numero considerável de Senadores. Como já referi, ainda que emendar a Constituição seja útil e necessário, os opositores pensam sempre que tal intenção está relacionada com uma eventual amnistia para Thaksin.

O país continua com este grave problema de todo e cada um ser visto a favor ou contra Thaksin. Os tailandeses, na maioria, não conseguem entender a existência de vias alternativas. Quando se comenta uma actuação está-se sempre, no entender corrente, a favor ou contra o "fantasma". O pior é que esse "fantasma" insiste em se materializar por vezes.

Ontem um grupo de académicos veio apelar uma vez mais a todos para que não provoquem violência e se remetam aos seus cantos evitando a confrontação.

O facto é que as confrontações verbais ou por vezes mesmo físicas são aquilo que mais excita as multidões e faz viver estes movimentos com muito sabor anarquista.

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