quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Crise Económica e a UN


Apesar do pacote de emergência solicitado pelo Presidente Bush que trouxe alguma acalmia e esperança aos mercados, tão rapidamente dissipada na imediata corrida ao ouro e na subida sem precedentes do preço do crude, o debate sobre as medidas a seguir e da sua eficácia ainda está no início.

Neste mesmo momento começou a Assembleia Geral das Nações Unidas, palco onde todos os anos Chefes de Estado e/ou Governo fazem os seus depoimentos, este ano dominados, como seria de esperar pelo momento turbulento que vivemos. Até a crise da Geórgia passou para segundo plano. Aquilo que é chamado as "Non Tradicional threats" é hoje em dia um problema porventura mais importante para a segurança das nações do que intervenções militares.

O presidente Sarkozy, com a dupla responsabilidade da França e da Presidência Europeia, apelou a um "Regulated Capitalism" enquanto o Líder Iraniano, Almadinejad, anunciava estar-se próximo do fim do "império americano". Interessante de ouvir que, numa entrevista paralela que concedeu a Larry King, abriu as portas ao restabelecimento de relações com os Estados Unidos após a tomada de posse da nova administração em Janeiro. Sarkozy igualmente apelou à condenação dos responsáveis. Entretanto é sabido que o FBI está a investigar um largo conjunto de instituições financeiras a operarem no mercado americano. É indiscutível o benefício de responsabilizar aqueles que contribuíram com o embelezamento de situações para esta crise sem precedentes, mas é bom não esquecer que ela está em muito ligada a uma regulamentação frouxa, ineficaz e permissiva por parte das autoridades de supervisão dos mercados. A facilidade com que o mundo financeiro e empresarial em geral entrou em soluções de alto risco sem a devida ponderação, unicamente com o objectivo de encontrar liquidez e produzir ganhos rápidos num mundo tão competitivo como aquele que vivemos.

Muitos ainda se lembram quando em 1995 Nick Leeson, o então broker do mais antigo banco do Mundo, o Barrings, fundado em 1762, acumulou perdas de cerca de mil milhões de libras que levou aquela casa á falência e a ser comprada por um dolar pelo ING. Foi também um caso de fraca supervisão mas um facto isolado. Contudo isso não impediu que mais tarde variados outros casos semelhantes acontecessem e que hoje estejamos, de novo, perante uma situação em que, mais uma vez, as autoridades de supervisão e regulatórias tenham ficado longa de ter cumprido o seu dever.

A Associação dos Contribuintes Americanos começou o seu lobby junto de Capitol Hill no sentido de defender a contribuição dos taxpayers americanos que está estimada em 23.000 US$ por cabeça. Essa pressão sobre o Senado foi feita de uma forma responsável, não negando a importância de uma intervenção mas tentando obter dela o máximo benefício, quer para a economia em geral quer inclusive para os contribuintes, sobre os eventuais ganhos a prazo, do investimento que o Estado Americano irá fazer. Henry Paulson, fortemente pressionado, só quer ver o plano aprovado com rapidez, mas está a sofrer, conjuntamente com Bernake, um difícil frente a frente com a U.S. Senate Banking Committee pois esta parece entender a necessidade de parar e pensar antes de decidir. Sendo os representantes dos Americanos têm de ouvir todos os grupos de pressão que funcionam em Washington.

É dever de todos nest momento aprender e corrigir, para acertar.

Sem comentários: