sexta-feira, 2 de maio de 2008

Hoje 2 de Maio de 2008

Hoje, e sem saber, criei um blogue!!!!

Estava a inscrever-me para comentar um texto do meu amigo MRS e por desleixo, por certo, criei este espaço de conversa. Já que cá estou resolvi escrever. Ainda não sei sobre o que ou mesmo mais exactamente o que, mas decidi escrever. Aliás sempre gostei de escrever e de ler.

Faz bem.

O problema como disse e que nem sei do que vou falar como é que posso terminar se ainda não comecei.

Como tão poucas pessoas escrevem, para Portugal acerca deste pais onde vivo (AquiTailândia e Combustões) a Tailândia vou talvez começar por colocar aqui um pouco daquilo que e o meu dia a dia profissional e pessoal.

Trabalho na Delegação da Comissão Europeia - e muita gente pergunta será que esses tipos fazem alguma coisa? - e tenho a responsabilidade pela análise política, com os respectivos relatórios para Bruxelas, sobre o Laos, o Cambodja, os agrupamentos regionais (ASEAN. EAS. FAR .etc ) e faço o backup ( na realidade a frente ) sobre a situação política na Tailândia, o que é fascinante.

A Tailândia é um país com uma tradição democrática bastante reduzida.Do ponto de vista histórico a democracia começou em 1932 com a abolição da Monarquia Absoluta mas na prática, aquilo que nós Europeus consideramos um regime democrático tem bastantes menos anos. Para além disso a prática de golpes militares, ainda que pacíficos e sempre " com intenções democráticas" é parte do dia a dia. No reinado do presente rei, Rama IX, já vamos em 19 golpes.

Como dizia a vida democrática é ainda reduzida e por isso o constante interpretar das praticas políticas de formas que, para nós são pouco entendiveis, leva a situações de permanente conflito latente entre as forças no terreno.

Se nos lembrarmos o que aconteceu nas recentes eleições municipais em Franca ( o berço da democracia recente mas já com mais de 200 anos de prática ) em que houve falsificação de resultados, podemos melhor entender o quanto é necessário o passar dos anos para se ganhar ter uma vivência democrática sedimentada na sociedade.

O tema político de hoje por exemplo é de um ridículo, se não fosse triste e atroz. O grande tema em discussão ( já com ameaças de acções de e contra uns e outros ) é o facto de ter aparecido num jogo do Machester City ( propriedade do antigo primeiro ministro Thaksin Shinawatra ) uma bandeira Tailandesa com o nome dele

A Constituição e a lei criminal são bastante severas em qualquer caso de lese majeste no que concerne o Rei, a Bandeira e a Religião Budista que são os três símbolos da própria bandeira ( azul - o Rei, branco a Religião e encarnado a Pátria ). A discussão no Parlamento é acalorada, os medias não falam de outra coisa, os pedidos para a condenação de Thaksin são inúmeros ( ainda não se pede a sua condenação à morte, mas pouco falta ) e, espantemos-nos, nós pobres ocidentais e "aprendedores" de democracia, que o PM deste pais tenha dito, na recepção ao PM vizinho, que a resistente Birmanesa Aung San Suu Shyi, está muito bem presa e o facto de ela não poder concorrer às futuras (para ver ) eleições de 2010 e um facto normal. E acrescentou que se fosse na Tailândia seria pior.

Vá lá que um jornal publicou este corajoso cartoon Por hoje é isto. Pode ser que outros dias escreva algo com mais interesse.

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia NUNO pois são aqui 15,30 e concerteza que só irás ver este comentario amanhã de manhã.Ficamos muito contentes por saber que inauguras-te a partir de ontem o teu blog e gostamos bastante dos conteudos referidos.
Atravez da leitura dos mesmos acompanhamos com verdadeiro interece a tua lição sobre a democracia tailandesa.Vamos ter oportunidade de receber novas indicações sobre o pensar desse povo que muito adoras.
Por hoje vamos terminar e com um até breve beijos e abraços de
G e G

Anónimo disse...

Parabéns!
Sempre achei que devia ESCREVER!!
Adorei.
A.

Anónimo disse...

Exmo Senhor conselheiro e caro primo.
E as voltas que a vida da!
A necessidade que sentes em explicar o que fazes, nao sabes como me interpela. Tenho tentado responder a essa mesma pergunta ha, ja la vao 22 anos imagina!

Acontece que todos aqueles que consagram a vida, ou mesmo que sejam umas horas apenas de trabalho a um ideal tao fantastico quanto este , tem dificuldade em explicar o que fazem e porque o fazem.
Vamos, coragem, forca, explica!
Precisamos de mais como tu que passam do mero produtivo, money, money, money, aos projectos com ideal , com ousadia e que se ocupam fundamentalmente da paz entre os homens. Da tal qualidade de que falas nas suas mais variadas facetas.
O meu percursdo de escola alema em Lisboa, o encontro determinante com Simone Veil, ditaram a ferros o meu total empenho no projeto europeu. E uma evidencia, tornou- se uma necessidade , porque ainda somos poucos e os sobreviventes de Auschwitz estao mos seus oitenta, os mais novos. E temos ou nao um dever de memoria para com a Historia e para com os mortos.
Extraordinario que as instituicoes europeias te pesquem nesta fase da tua vida... nunca e tarde!

Adoro esta tua ideia parabens, como sempre abrindo caminhos. Tens coracao de viajante, como muitos de nos na familia.
Espero um dia poder partilhar ai em Bankok, contigo, este nosso ideal...de viajante e coleccionador de sorrisos