A "versificação prodigiosamente firme, servida por uma adjectivação audaciosamente impressionante", segundo Jorge de Sena, fazem de Cesário um caso impar na literatura portuguesa. Não são os temas que fazem de Cesário um génio mas a sua imaginação, liberta como estava de todas as convenções, continua.O poema Nós, é o retrato de uma vida pintado de uma forma alheia ao comum dos poetas. O dia a dia de toda a sua vida é descrito sem leviandade, sem paixão mas com a lucidez e visão de quem a soube interiorizar.
Segundo Maria Filomena Mónica, no livro ontem referido, em o "Sentimento dos Ocidentais", Cesário escreve aquilo que a autora classifica de "o mais perfeito poema do século XIX".
Aqui deixo dois versos do seu passeio por Lisboa:
Nas nossas ruas, ao anoitecer
Há tal soturnidade, há tal melancolia
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam um desejo absurdo de sofrer
E ainda
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas
Um resto de bom Domingo
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