O poema Nós, é o retrato de uma vida pintado de uma forma alheia ao comum dos poetas. O dia a dia de toda a sua vida é descrito sem leviandade, sem paixão mas com a lucidez e visão de quem a soube interiorizar.
Segundo Maria Filomena Mónica, no livro ontem referido, em o "Sentimento dos Ocidentais", Cesário escreve aquilo que a autora classifica de "o mais perfeito poema do século XIX".
Aqui deixo dois versos do seu passeio por Lisboa:
Nas nossas ruas, ao anoitecer
Há tal soturnidade, há tal melancolia
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam um desejo absurdo de sofrer
E ainda
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas
Um resto de bom Domingo
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