terça-feira, 28 de junho de 2011

Eleições Antecipadas

Domingo passado estive todo o dia analisando, no campo, o que se passava com as eleições antecipadas.

Como já expliquei os tailandeses têm duas possibilidades para antecipar o dia em que irão votar.

No caso de não poderem comparecer no dia marcado para as eleições, 3 de Julho podem votar no seu círculo no dia 26 (Domingo passado). Igualmente se não puderem deslocar-se ao seu círculo eleitoral no dia marcado par as eleições podem votar antecipadamente noutro local, normalmente o local de residência.

É este o caso de muitos que saem das suas terras da província, sobretudo do Nordeste e Norte do país para procurar trabalho na zona de Bangkok e províncias vizinhas onde estão instaladas as principais unidades industriais do país.

O processo decorreu com bastante transparência no que respeita o acto em si e de acordo com especialistas com que contactei suficientemente bem organizado.

Houve contudo um pormenor onde o dia correu menos bem.

Tomemos Bangkok por exemplo. Dos eleitores registados para votar por antecipação no próprio circulo eleitoral 90% compareceram no Domingo e cumpriram o seu dever cívico.

Dos eleitores que votaram por antecipação em virtude de não se poderem deslocar ao seu círculo eleitoral de origem somente 55,6% votaram nesse dia.

A diferença é grande e atribuída a vários factores ligados, fundamentalmente, a uma má comunicação entre a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e os votantes.

Em 2007, as últimas eleições, as eleições antecipadas foram feitas em dois dias e sem registo prévio. Desta vez foi utilizado um só dia com registo prévio mas aconteceu que mais pessoas compareceram para votar. Em muitos casos os engarrafamentos de trânsito eram tão grandes que as pessoas ou desistiram de votar ou aconteceu como alguns relatam que desde que chegaram perto da assembleia de voto até ao acto de votar decorreram 5 horas. Outro facto foi a CNE ter mudado os locais das assembleias de voto ou ter feito divisões sem que tivesse disso informado correctamente os eleitores. Por fim em muitos casos, e disso fui testemunha, as pessoas não encontravam os seus nomes nos cadernos eleitorais.

Tudo isto fez com que nalgumas assembleias o número de não votantes ter sido superior a 50% quando na realidade as pessoas ali se deslocaram com a intenção de fazer a sua escolha.

O próprio PM Abhisit se manifestou desagradado com a situação, que no final por certo joga a seu favor visto a maioria dos leitores que não votaram são das províncias que menos votam Democrata, e solicitou á CNE que fizesse algo para remediar a situação tendo obtido uma resposta negativa do presidente da CNE dizendo que não era possível agora solucionar a questão.

A P-Net, uma associação de ONG's paga pela CNE para ajudar no processo eleitoral, de igual modo relatou este facto à CNE mostrado os elementos que são conhecidos mas em vão. Está aberta a porta a suspeições sobre a condução da votação que, como atrás disse, de um ponto de vista processual parece muito correcta e transparente.

Note-se que só em Bangkok estavam registados para votarem antecipadamente 1.079.923 pessoas das quais mais de 800.000 são votos da província e desses cerca de 87% provenientes dos bastiões da oposição. Desses 44,4% não puderam votar, e como disse falamos só de Bangkok.

Espera-se que no próximo Domingo a votação corra melhor e que as pessoas possam deslocar-se facilmente ás assembleias e que consigam encontrar os seus nomes nos cadernos eleitorais para levar por diante o processo sem mais sobressaltos.

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