terça-feira, 24 de maio de 2011

Campanha Eleitoral

Como em Portugal a campanha eleitoral na Tailândia, que formalmente começa hoje (embora já esteja nas ruas há dias e nos jornais há meses) resume-se a dois candidatos para o posto principal e a um conjunto de outros partidos que estão disponíveis para formar uma coligação a troco de lugares, favores e tudo o que os ajude a continuar no poder.

Também aqui há um candidato, à semelhança do MRPP-PCTP em Portugal, que só quer ser eleito para estar na oposição e ser uma voz diferente. Refiro-me a Chuvit o sempre energético candidato que se apresenta a várias eleições e recebe sempre alguns apoios devido á sua linguagem directa e pouco elaborada bem diferente daqueles que "têm de ser politicamente correctos" para ganhar os votos do povo.

Parece igualmente claro que nenhum dos dois principais partidos, o Pheu Thai (PT) e os Democratas (Ds) irá obter a maioria embora os seus líderes continuem a lutar por ela e dizerem-se confiantes de que a atingirão.

A última sondagem saída ontem e elaborada pela Universidade Assumption (católica), dava uma vantagem de cerca de 6 pontos ao PT sem que contudo isso significasse uma maioria.

Deste modo os partidos de menor dimensão, que se espera poderem obter cerca de 100 deputados num parlamento de 500, serão os pivots da formação da nova coligação que governará a Tailândia nos próximos 4 anos.

A actual coligação no poder, que tem todos os ingredientes para continuar, tem contra si o facto dos Ds muito provavelmente não conseguirem ser o partido mais votado e de uma forma normal em Democracias a primazia para a formação de um governo dever ser dada ao partido mais votado, questão aliás também muito debatida recentemente em Portugal.

Contudo a coligação que actualmente é feita com os Ds pode ser feita também com o PT embora seja conhecido que um dos principais partidos desta coligação, o Bhum Jai Thai (BJT) já tenha dito pela boca do seu líder que "mesmo que ganhe o PT não será autorizado a formar governo".

A subida do PT ao poder , e tendo em atenção a forte divisão existente na sociedade tailandesa e as experiências do passado, significará instabilidade e a possibilidade de voltarem práticas não democráticas de se fazer ouvir as vozes descontentes. O contrário é igualmente verdadeiro e se o PT ganhar e for impedido de formar governo o movimento vermelho que o apoia sairá decerto à rua eventualmente arrastando essa maioria de votantes, e o cenário não é muito promissor.


Uma eventual coligação dos 2 maiores partidos, muitas vezes falada e eventualmente desejada, parece muito pouco provável, e neste momento mais por parte dos Ds do que por parte do PT que é o único partido a colocar como item na sua agenda política a reconciliação.

Abhisit e a jovem Yingluck são assim os candidatos à cadeira do poder mas quem os irá lá colocar, para além da força dos votos que tiverem atrás de si, serão os pequenos partidos e, como amiúde tem acontecido no passado, aqueles que por detrás dos bastidores irão determinar o que se seguirá ao dia 3 de Julho.

A campanha será renhida e embora tenha sido assinado pela maioria dos partidos um código de (boa) conduta o facto é que ainda no Domingo um político regional foi abatido a tiro e o Chart Thai Pattana (CTP) advertiu que nenhum dos seus candidatos se deveria aventurar sozinho ou a fazer propaganda á noite. Outros casos têm acontecido. Nos últimos 15 dias houve já o caso de um Deputado do PT que viu o seu carro ser varrido por balas de M16 tendo ficado ferido com duas balas alojadas no corpo. No passado fim-de-semana o filho de um General da Polícia e ex Ministro de governos de Thaksin (PT) foi encontrado morto numa piscina sem que se conheça a causa.

Até ao dia 3 de Julho muitos casos irão acontecer e o papel, muito contestado por todos os partidos, da Comissão de Eleições vai ser vital para se conseguir levar a cabo eleições da melhor forma possível dentro dos condicionalismos existentes como o facto de o Internal Security Office Command uma agência militar que se concentra nas questões tidas como de segurança nacional, ter despachado para as províncias afectas ao PT milhares de efectivos para "assegurar a ordem" que no seu entender só é preocupante naquelas áreas. Bangkok, onde se têm registado os maiores confrontos dos últimos anos, e o Sul onde diariamente há atentados e morrem pessoas por esse facto (hoje foram dois militares) não estão neste momento nas preocupações do comando.

O fundamental será neste momento o comportamento dos políticos, à cabeça dos quais se colocam Abhisit e Yingluck, no sentido de darem corpo a uma campanha que ajude a resolver os diferendos no país e não seja pelo contrário mais um foco de conflito.

Este é o meu voto para o dia 3.

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