segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Desenvolvimentos do Dia

Alguns desenvolvimentos no conflito fronteiriço com o Camboja.

De acordo com fontes vindas do outro lado da fronteira tanques Vietnamitas e aviões chineses têm estado a "ajudar" o exército Khmer nesta campanha.

As forças armadas do Camboja, agora lideradas por Hun Manet, o "herdeiro" de Hun Sen, são incomparavelmente menores do que as tailandesas. Também o são os dois países quer em população quer em riqueza. Assim não é de estranhar que o Camboja tente recorrer aos "amigos" em momentos difíceis.

O Vietname, inimigo de longa data mas com agendas similares serve na perfeição os interesses de ambos. De um lado já que virar-se para Oeste está complicado o Camboja têm de o fazer para Leste. Do outro lado o Vietname só tem a ganhar aumentando a sua influência sobre o vizinho. Ganha junto do seu povo ao dizer ajudar os irmãos Krom (grupo Khmer que se divide pelos dois países), ganha em estabilidade evitando conflitos na fronteira oeste como tem havido também de tempos a tempos e ganha em ter mais um apoio na região.

Os chineses têm pouco a pouco aumentando a sua influência para o Sul. Primeiro o Laos onde a sua presença é bastante significativa havendo verdadeiras cidades chinesas em desenvolvimento no país, e posteriormente o Camboja país que é visto com redobrado interesse quer pelos chineses quer pelos americanos, de vido á sua posição na região, ao seu potencial de crescimento, aos benefícios que o seu governo vai ando aos investidores estrangeiros e ao petróleo e gás natural na plataforma do golfo da Tailândia.

A ser verdade a existência desses apoios tal mostra a inevitabilidade da internacionalização do conflito.

Ainda do lado do Camboja Hun Sen recusou liminarmente qualquer negociação com o governo de Abhisit se este se fizer representar pelo MNE Kasit sugerindo mesmo nomes como o do Ministro da Defesa, Pravit ou do Ministro da Presidência, Ong-art. Hun Sem tem boa memória e não se esquece dos adjectivos com que era qualificado quando o actual MNE Kasit subia aos palcos do PAD-amarelos e blasfemava contra o líder do país vizinho.

Para finalizar com o Camboja Hun Sem já afirmou que está de acordo com a sugestão tailandesa de requerer o envio de observadores da ASEAN para a zona do conflito.

Do lado tailandês dois temas dominam o dia: a questão em torno do cessar-fogo assinado pelo comandante-chefe da região 2 e Hun Manet e que é qualificado por Kasit como um documento feito para apreciação dos superiores e sem valor imediato. Sobre este mesmo tema o PAD-amarelos já se manifestou afirmando que o acordo viola a Constituição (art. 190). É curioso ouvir o PAD a falar de violar a lei quando neste próprio momento se manifestam há quase 1 mês, bloqueando uma importante via na capital em violação da lei de Segurança Interna em vigor na zona e do requerimento do tribunal emitido na semana passada para que evacuassem os locais que ocupam, isto sem falar da ocupação dos aeroportos em 2008. De igual modo será curioso ouvir se o PM se vai referir a este ponto já que no passado dia 11 o Parlamento aprovou por maioria, uma proposta do Partido democrata de revisão constitucional, que visa exactamente este art. 190. Após a votação Abhisit afirmou para a comunicação social que "agora o caminho estava aberto para um melhor funcionamento da diplomacia" embora seja sabido que para entrar em vigor a referida alteração necessitar de uma lei orgânica que nunca estará em vigor antes de largos meses de trabalho.


O outro tema é o facto de saber-se se foram ou não utilizadas bombas de fragmentação, munições proibidas por convenções internacionais das quais a Tailândia é signatário, durante os recentes conflitos. Ontem o Bangkok Post trazia um artigo com o título "Quem é tailandês quem é cambojano?", num trabalho tendente a mostrar que no fim de contas quem sofre são as populações das zonas fronteiriças, onde o articulista mostra evidências da utilização das referidas bombas o que tem sido, até agora, repetidamente desmentido pelo governo tailandês.


Fotografia no Bangkok Post

Há que esperar e ver se há alguma reacção de Abhisit, calado até ao momento.

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