segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eleições de Domingo

Decorreram ontem as eleições destinadas a preencher os lugares de Deputados que perderam os seus mandados por irregularidades visto serem detentores de acções em empresas estatais facto que é considerado estar em conflito com a sua posição de "representantes do povo".

Passado o pormenor de que dois dos Deputados banidos recuperaram os seus lugares, como se bastasse reparar a forma da falta sem atentar à conduta, analisemos o que ontem se passou.

A votação não trouxe nenhuma alteração numérica nos lugares ocupados. Nem a coligação no poder nem a oposição ganharam nenhum lugar mantendo-se assim o equilíbrio existente.

A corridas ás urnas foi bastante fraca, abaixo dos 40% em alguns círculos, o que, embora bastante abaixo da expectativa de 50-55%, pode ser considerado aceitável visto serem eleições sem uma incidência nacional e portanto com uma campanha muito mais reduzida e por ocorreram durante um fim de semana prolongado de três dias, devido ao feriado do Dia da Constituição, o que foi propício para uma escapada para fora dos círculos de voto. Outra questão importante foi o facto de as eleições terem decorrido com total acalmia e sem relatos de nenhum incidente.

Muitos analistas consideram que pouco se pode extrair, em termos de análise política, das eleições do passado fim-de-semana contudo há vários pontos a merecerem por certo atenção pelos partidos em compita.

Primeiro facto é a dificuldade que o Pheu Thai está a ter para apresentar candidatos capazes de atraírem os eleitores. As suas caras mais conhecidas ou estão banidas da política, ou presas ou afastadas da linha da frente ficando o encargo da disputa dos lugares para segundos planos. Segundo, é bem visível a dificuldade que o partido tem com a falta de liderança e o peso que o facto de o comando estar fora, Thaksin, tem sobre todo o conjunto do partido, dos candidatos e dos eleitores. Terceiro, o nome do próprio Thaksin parece não ser já um elemento que "arraste multidões". Por final, de lado contrário, o partido da oposição enfrenta uma máquina bem recheada de meios e dinheiro provenientes dos meios governamentais e públicos, difícil de combater. Mesmo em Khon Kaen, onde a vitória do Pheu Thai foi significativa, os meios e a visibilidade da campanha do candidato Democrata eram incomparavelmente maiores.

Do lado da coligação no poder o partido Bhum Jai Thai controla com perfeição a máquina eleitoral e autárquica facto que consegue através da distribuição clínica das verbas e dos lugares ao seu dispor. Exemplo disso foi o aumento dos executivos autárquicos em 100% anunciado na semana passada numa clara intervenção no processo eleitoral. Note-se que se esse facto se passasse com o partido da oposição seria por certo caso para um processo de dissolução do partido.

A conjunção de esforços de todos os partidos da coligação no poder criou algumas expectativas e faz acreditar que a estratégia estabelecida pode funcionar para as futuras eleições, Em Khon Kaen o candidato do partido Democrata, se bem que perdendo para ao Pheu Thai por uma grande margem (143.000 vs 36.000) viu a sua votação aumentar mais de 6 vezes pois, o mesmo candidato nas eleições anteriores tinha tido 6.000 votos. Note-se que desta vez não teve de enfrentar os anteriores concorrentes e actuais parceiros na coligação que decidiram não se apresentar.

Nas eleições de 2 de Abril de 2006 Thaksin foi acusado de conluio eleitoral por ter suportado partidos menores para concorrerem contra o seu, quando os Democratas decidiram boicotar as eleições. Este facto acabou por ser decisivo para a dissolução do partido (Thai Rak Thai) e retirada dos direitos políticos a 111 executivos do partido. Tempos distintos.

Como inicialmente referi o balanço numérico não mudou e mesmo a oposição pode ver alguns ganhos quer em Nakhom Ratchasima quer em Ayudhaya mas o facto é que o clima geral no seio da coligação no poder é de que a estratégia que estão a implementar está a produzir os seus frutos e futuras eleições podem ser vistas de uma forma mais optimista para o lado de Abihisit que poderá vir a avançar com a dissolução do Parlamento por alturas de Abril – Maio de 2011.

Há muito trabalho em cima da mesa da oposição se querem retomar o poder e penso que os seus dirigentes a cada dia estão disso mais conscientes.

Entretanto a UDD, o movimento vermelho, também cada vez mais independente do partido seu aliado, levou a cabo durante três dias em Bangkok uma manifestação, com bastante sucesso um numero de participantes, que decorreu sem incidentes apesar de ser esta a primeira vez que acontece uma manifestação que se arraste por três dias desde os tristes incidentes de Maio passado.

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