O dia nasceu marcado pelos ecos da sentença do Tribunal Constitucional que evitou o julgamento do partido Democrata sobre o primeiro dos casos em que é acusado de uso irregular de dinheiros.
As manchetes dos jornais quer de língua inglesa quer de língua tailandesa exaltam fundamentalmente a questão porque é que se perdeu tanto tempo, e dinheiro, com um caso, que no entender do Tribunal Constitucional, não deveria sequer ter visto a luz do dia. Porque é que a primeira instância não deu logo pelo erro processual? Como é que Apichart Sukkhagganond, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, nomeado para o cargo no dia a seguir ao golpe de Estado de 2006 e um Juiz de longo curriculum cometeu um erro grosseiro e mesmo assim nenhum dos seus colegas da CNE (esta votou por unanimidade acusar o partido Democrata) nem os juízes de primeira instância deu pelo lapso?
São estes os principais títulos que se podem ler hoje e os artigos de opinião mais relevantes falam de "vitória técnica" dos Democratas. No fim acabou por não se saber se o partido cometeu o crime de "lavagem de dinheiro" (do qual vinha acusado) visto não ter havido nenhuma apreciação sobre o mérito da acusação.
Abhisit ganhou espaço para respirar e pode por certo encarar o próximo caso contra o seu partido (doação de 258 milhões de bath valor muito superior ao permitido pela lei dos partidos) de que está igualmente acusado. De qualquer maneira este caso nunca irá a julgamento antes do segundo semestre do ano que vem embora se refira ás eleições de 2007.
A agenda política de Abhisit vai agora concentrar-se, por certo, em três pontos: as próximas eleições intercalares de 12 de Dezembro, a alteração da Constituição cuja segunda aprovação pelo Parlamento terá lugar entre Janeiro/Fevereiro e, se tudo correr de feição a convocação de eleições para uma data que andará por volta do final do primeiro semestre de 2011.
As eleições de 12 de Dezembro serão um teste á capacidade do partido da oposição "thaksinista" (note-se que o ex PM visitará esta semana o Vietname e o Laos sem que a Tailândia consiga interferir contra tal junto dos seus parceiros da ASEAN) especialmente em dois círculos no nordeste do país – Khon Kaen e Korat. Nos outros círculos será normal que a vitória pertença quer aos Democratas quer a um dos parceiros da coligação mas naquelas duas províncias a coligação decidiu só apresentar um candidato contra o candidato do Pheu Thai no sentido de testar a capacidade de derrotar o partido vermelho. Ao contrário das eleições de 2007 onde o Pheu Thai enfrentou um conjunto de partidos irá agora ser testado contra um só candidato apoiado por todos os partidos (6) da coligação no poder e desse modo terá de redobrar os esforços para manter as posições anteriores. Se não o conseguir isso será um sinal de que a coligação, bem unida, poderá arrebatar aos "thaksinistas" um número significativo de Deputados na zona de influência daqueles.
Aceita-se assim que se essas eleições correrem de forma positiva para a coligação no poder logo que aprovadas pelo Parlamento as duas alterações constitucionais, facto sempre lembrado por Abhisit como pré condição à realização de eleições, o PM possa sentir-se confiante e convocar eleições para os finais do primeiro semestre do próximo ano.
Todo este mapa tem contudo alguns obstáculos para além daqueles já mencionados.
Ontem o Vice-primeiro-ministro Suthep saiu a terreiro atacando fortemente o movimento amarelo do PAD comparando Sondhi L., o seu líder, com Thaksin dizendo que eles são iguais (dois demónios foi a expressão utilizada) e que o único interesse que manifestam é usar os seus meios de comunicação social em proveito próprio e contra os interesses do país. Parece serem essas afirmações um prenúncio de que o processo contra aos "amarelos" devido à ocupação dos aeroportos irá para a frente mas o facto é que já criou uma onda de protesto vindo das hostes do PAD que anunciou uma manifestação de força para o próximo dia 11. O movimento amarelo que foi uma das alavancas para colocar no poder o governo do PM Abhisit vê-se agora criticado duramente por uma dos pilares da coligação e atirado para a mesma prateleira dos seus inimigos os "vermelhos".
Do lado deste últimos há também algumas questões por resolver. Primeiro as centenas de militantes que se encontra em prisão sem nenhuma acusação. Mesmo tendo em conta a ainda manutenção do Estado de Emergência, tal facto constitui já uma violação da lei. Segundo, a sentença criou ainda mais animosidade junto das hostes vermelhas e ontem mesmo houve manifestações na província. A UDD anunciou igualmente uma grande manifestação par o próximo dia 10, um dia antes da manifestação do PAD.
Quer a sentença de ontem quer as palavras de Suthep aumentaram a profunda divisão existente na sociedade e hoje um movimento da sociedade civil, o Conselho do Povo, dizia que todos os partidos deviam ser dissolvidos pois eles não representam os interesses do povo mas unicamente os interesses da classe política sediada em Bangkok. Há uma visível separação entre os políticos envolvidos nos jogos de poder na capital e os eleitores a braços com graves problemas como ainda recentemente as cheias que não só mataram cerca de 300 pessoas como destruíram grande parte do labor das gentes do campo com a destruição das colheitas. A ajuda dada pelo Governo neste último caso foi um exemplo disso quando os distritos onde não vai haver eleições em Dezembro acabaram por "ser esquecidos" e nos outros os 5.000 bath que o Governo atribuiu a cada família foi distribuído pelos candidatos dos partidos da coligação como de uma verdadeira campanha eleitoral se tratasse.
Este é por certo o maior desafio da Abhisit. Credibilizar as suas palavras com acções que não consegue assegurar pois acabam sempre por ser levadas a acabo pelos "controleiros" locais, fundamentalmente pertencentes aos seus parceiros de coligação, e servirem unicamente os seus objectivos de poder.
As manchetes dos jornais quer de língua inglesa quer de língua tailandesa exaltam fundamentalmente a questão porque é que se perdeu tanto tempo, e dinheiro, com um caso, que no entender do Tribunal Constitucional, não deveria sequer ter visto a luz do dia. Porque é que a primeira instância não deu logo pelo erro processual? Como é que Apichart Sukkhagganond, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, nomeado para o cargo no dia a seguir ao golpe de Estado de 2006 e um Juiz de longo curriculum cometeu um erro grosseiro e mesmo assim nenhum dos seus colegas da CNE (esta votou por unanimidade acusar o partido Democrata) nem os juízes de primeira instância deu pelo lapso?
São estes os principais títulos que se podem ler hoje e os artigos de opinião mais relevantes falam de "vitória técnica" dos Democratas. No fim acabou por não se saber se o partido cometeu o crime de "lavagem de dinheiro" (do qual vinha acusado) visto não ter havido nenhuma apreciação sobre o mérito da acusação.
Abhisit ganhou espaço para respirar e pode por certo encarar o próximo caso contra o seu partido (doação de 258 milhões de bath valor muito superior ao permitido pela lei dos partidos) de que está igualmente acusado. De qualquer maneira este caso nunca irá a julgamento antes do segundo semestre do ano que vem embora se refira ás eleições de 2007.
A agenda política de Abhisit vai agora concentrar-se, por certo, em três pontos: as próximas eleições intercalares de 12 de Dezembro, a alteração da Constituição cuja segunda aprovação pelo Parlamento terá lugar entre Janeiro/Fevereiro e, se tudo correr de feição a convocação de eleições para uma data que andará por volta do final do primeiro semestre de 2011.
As eleições de 12 de Dezembro serão um teste á capacidade do partido da oposição "thaksinista" (note-se que o ex PM visitará esta semana o Vietname e o Laos sem que a Tailândia consiga interferir contra tal junto dos seus parceiros da ASEAN) especialmente em dois círculos no nordeste do país – Khon Kaen e Korat. Nos outros círculos será normal que a vitória pertença quer aos Democratas quer a um dos parceiros da coligação mas naquelas duas províncias a coligação decidiu só apresentar um candidato contra o candidato do Pheu Thai no sentido de testar a capacidade de derrotar o partido vermelho. Ao contrário das eleições de 2007 onde o Pheu Thai enfrentou um conjunto de partidos irá agora ser testado contra um só candidato apoiado por todos os partidos (6) da coligação no poder e desse modo terá de redobrar os esforços para manter as posições anteriores. Se não o conseguir isso será um sinal de que a coligação, bem unida, poderá arrebatar aos "thaksinistas" um número significativo de Deputados na zona de influência daqueles.
Aceita-se assim que se essas eleições correrem de forma positiva para a coligação no poder logo que aprovadas pelo Parlamento as duas alterações constitucionais, facto sempre lembrado por Abhisit como pré condição à realização de eleições, o PM possa sentir-se confiante e convocar eleições para os finais do primeiro semestre do próximo ano.
Todo este mapa tem contudo alguns obstáculos para além daqueles já mencionados.
Ontem o Vice-primeiro-ministro Suthep saiu a terreiro atacando fortemente o movimento amarelo do PAD comparando Sondhi L., o seu líder, com Thaksin dizendo que eles são iguais (dois demónios foi a expressão utilizada) e que o único interesse que manifestam é usar os seus meios de comunicação social em proveito próprio e contra os interesses do país. Parece serem essas afirmações um prenúncio de que o processo contra aos "amarelos" devido à ocupação dos aeroportos irá para a frente mas o facto é que já criou uma onda de protesto vindo das hostes do PAD que anunciou uma manifestação de força para o próximo dia 11. O movimento amarelo que foi uma das alavancas para colocar no poder o governo do PM Abhisit vê-se agora criticado duramente por uma dos pilares da coligação e atirado para a mesma prateleira dos seus inimigos os "vermelhos".
Do lado deste últimos há também algumas questões por resolver. Primeiro as centenas de militantes que se encontra em prisão sem nenhuma acusação. Mesmo tendo em conta a ainda manutenção do Estado de Emergência, tal facto constitui já uma violação da lei. Segundo, a sentença criou ainda mais animosidade junto das hostes vermelhas e ontem mesmo houve manifestações na província. A UDD anunciou igualmente uma grande manifestação par o próximo dia 10, um dia antes da manifestação do PAD.
Quer a sentença de ontem quer as palavras de Suthep aumentaram a profunda divisão existente na sociedade e hoje um movimento da sociedade civil, o Conselho do Povo, dizia que todos os partidos deviam ser dissolvidos pois eles não representam os interesses do povo mas unicamente os interesses da classe política sediada em Bangkok. Há uma visível separação entre os políticos envolvidos nos jogos de poder na capital e os eleitores a braços com graves problemas como ainda recentemente as cheias que não só mataram cerca de 300 pessoas como destruíram grande parte do labor das gentes do campo com a destruição das colheitas. A ajuda dada pelo Governo neste último caso foi um exemplo disso quando os distritos onde não vai haver eleições em Dezembro acabaram por "ser esquecidos" e nos outros os 5.000 bath que o Governo atribuiu a cada família foi distribuído pelos candidatos dos partidos da coligação como de uma verdadeira campanha eleitoral se tratasse.
Este é por certo o maior desafio da Abhisit. Credibilizar as suas palavras com acções que não consegue assegurar pois acabam sempre por ser levadas a acabo pelos "controleiros" locais, fundamentalmente pertencentes aos seus parceiros de coligação, e servirem unicamente os seus objectivos de poder.
1 comentário:
Mr. Caldeira,
T.I.T... "This is Thailand!!!"
(Old vices at present)
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