quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fragilidade Ética e Moral


Num artigo assinado por Pravit Rojanaphruck, o jornal The Nation trás hoje um artigo com o título " A corrupção é a norma actual na Tailândia?".

O artigo começa com uma declaração/pergunta que é preocupante: "Há alturas em que se pergunta se a sociedade tailandesa é corrupta na sua alma e faliu moralmente já não tendo salvação"

Posteriormente apresenta três casos, não daquilo que vulgarmente se chama corrupção ou seja da venda de interesses ou influências para ganhos próprios, mas exemplos de corrupção moral que é aquela que o articulista quer desenvolver com a sua pergunta inicial.

O PM ABhisit nomeou várias comissões, na sequência dos incidentes de Abril/Maio que tantas pessoas vitimaram, com o objectivo de por um lado inquirir sobre o que aconteceu e por outro apresentar ideais capazes de iniciar uma plataforma de reconciliação nacional.

Sabe-se que estas comissões estão sem fundos e sem pessoas para desenvolver o trabalho, o que as torna praticamente inúteis mas há que dar algum crédito à iniciativa do PM e acreditar que algo pode sair de ali.

O artigo de Pravit debruça-se sobre estas questões.

Primeiro refere factos relacionados com o novo comandante supremo do exército, General Prayuth Chan-ocha, um homem tido por pertencer a uma linha dura e ultra conservadora mas que tem tentado estender um ramo de oliveira, porventura muito curto, ao movimento vermelho que o acusa de ter sido o homem por detrás de toda a operação contra a UDD. Prayuth acaba de promover a posições de comando relevantes aqueles que se distinguiram na ofensiva contra o movimento vermelho de 19 de Maio sabendo-se que está em curso um inquérito sobre quem disparou sobre quem e muitos dedos estão exactamente apontados a esses militares. Deste modo o general concluiu antes do tempo e assumiu para si a autoridade de decidir.

O segundo caso tem a ver com um artigo publicado no Manager online, o jornal pertencente ao PAD, portanto sectário mas que ao contrário dos jornais vermelhos não foi encerrado, em que um Senador, Kammon Sittisamarn, um dos principais cérebros do movimento amarelo, incita o governo a prender o activista vermelho Sombat por este ter organizado a manifestação do dia 19 de Setembro, que para espanto de todos atingiu proporções muito acima das expectativas da polícia, afirmando que aquela manifestação (que correu com toda a ordem e civismo) era pior do que " uma revolução armada".

O terceiro caso diz respeito á constante negação da realidade pelos membros das comissões de iniciativa governamental recentemente criadas para proceder ás investigações dos incidentes da passada primavera. Embora escolhidos e nomeados pelo Primeiro-ministro os membros das comissões insistem que são independentes. Não se põe em duvida as boas intenções da alguns desses membros (o conhecimento pessoal que tenho de alguns permite-me dizer isso, embora não possa escrever o que de eles ouvi) mas o facto é que as comissões são uma criação de Abhisit e os seus membros escolhidos pelo PM, sendo que se louve o facto de este ter tentado encontrar pessoas o mais isentas possível.

O golpe de estado de 2006 foi feito com a intenção de limpar o país da corrupção do então PM Thaksin Shinawatra, Passados quatro anos o país caiu para pior posição no índice mundial dos países mais corruptos e os casos com que o PM Abhisit se vê a braços são de proporções nunca vistas. Outro dia um Vice-primeiro-ministro do presente governo dizia-me, referindo-se ao líder de um parceiro de coligação, que esse indivíduo era "a thief" ou seja um ladrão. Um elemento do National Security Council disse-me também há dias, e sobre o mesmo indivíduo, que ele era o pior cancro que tinha existido desde sempre na Tailândia.

Estes casos e os da corrupção moral referidos por Pravit estão a colocar o país numa situação extremamente perigosa e complicada com prognósticos difíceis de entender.

Abhisit é necessário ao país mas tem de ser um Abhisit com o caminho limpo e capaz de executar a sua política não a política de outros.

Pravit Rojanaphruck é um articulista independente e escreve regularmente artigos no The Nation abordando muitas vezes os temas miliatres.

Sem comentários: