segunda-feira, 3 de agosto de 2009

....e passou 1 mês

Faz exactamente um mês que estive ausente de Bangkok e pouco mudou no panorama político no país.

Recordo sempre a frase de um amigo meu, Professor na Bangkok University, que me disse um dia: A coisa mais previsível na Tailândia é a imprevisibilidade.

A grande questão actual é a petição para um perdão real relativo à condenação de Thaksin que está a deixar, governo e seus apoiantes e as forças que se lhe opõem em estado de grande agitação.

Durante o mês de Julho havia alguns casos que mereceriam atenção e seguimento fundamentalmente na área jurisdicional. Houve também a cimeira da ARF e o Pos-Meeting onde estiveram presentes entre outros Hillary Clinton e Javier Solana, no meio de uma tremenda segurança e com a declaração do Estado de Emergência na ilha de Phuket quando era sabido de antemão que nada iria acontecer como foi o caso em Abril. A UDD inclusive teve uma reunião com o Governador de Phuket anunciando que se algo acontecesse não lhes poderia ser imputada nenhuma responsabilidade visto terem marcado actividades para Chiang Rai, a mais de 1.000 km de distância, nessa altura. Foi um momento importante para Abhisit pois permitiu algumas fotografias da praxe com os líderes presentes e assim alguma publicidade acrescida para si, mas a cimeira nada produziu e muito por culpa da fraca e muito fragilizada liderança do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Kasit, entretanto acusado de actos terroristas pelo seu envolvimento na ocupação dos aeroportos em Dezembro passado, acusação que não passou disso visto não ter havido nenhum desenvolvimento processual.

No sector judicial havia alguma expectativa sobre o caso dos 76 mil milhões de bath congelados a Thaksin, que voltavam mais uma vez a julgamento, mas o assunto continua a arrastar-se como se ninguém quisesse tomar uma decisão sobre o assunto. Agora está agendado para o dia 6 de Agosto mais uma audiência quando era pressuposto este caso já estar resolvido há mais de um ano. Fala-se que o Governo queria ver se conseguia utilizar cerca de 40 mil milhões par pagar parte das indemnizações a que estará sujeito caso se prove a culpa nos processos internacionais que lhe foram movidos por companhias aéreas devido à inacção das forças da ordem aquando da ocupação dos aeroportos, mas mais uma vez é um boato possível ou não de acontecer como todos.

Outro caso, igualmente adiado, como o são quase todos a não ser o dos "pobres" camponeses como relatei anteriormente, é o da Comissão Nacional de Eleições contra o Partido Democrata devido às dúvidas sobre uma doação de 258 milhões de bath que receberam de uma companhia pública. Também adiado continua o caso da tentativa de assassinato de Sondhi L. mas este teve um incidente importante que foi o falado afastamento do Comandante-chefe da Polícia por eventual obstrução do processo. Foi anunciado que terá tirado umas "férias" de 30 dias (note-se que o mais alto funcionário público e já em fim de carreira só tem direito a 10 dias de férias), mas hoje circula que ele próprio anunciou que estará de volta dentro de 10 dias. Entretanto o Governo prepara-se para nomear um substituto "interino" e Abhisit anunciou que no final de Setembro haverá uma decisão sobre o caso.. A seguir com atenção.

De adiamento em adiamento, de rumor em rumor, de tentativas de isto ou aquilo fazer e nada acontecer, ficou cheio o mês de Julho.

Mas o caso do momento é o facto da UDD ter anunciado que tem 6 milhões de assinaturas para pedir o perdão real par Thaksin e que apresentará esse pedido no próximo dia 10 directamente ao secretariado de S M o Rei sem passar, como deveria ser o caso, pelo Conselho Privado. Essa entrega será precedida de manifestações em Bangkok para mostrar a força da causa que querem defender. No passado fim-de-semana a UDD juntou cerca de 30.000 pessoas em Bangkok, mais uma vez pressionando o Governo e mostrando-se firmes no seu propósito de avançar com o pedido de perdão.

Tem sido uma questão altamente controversa quer do ponto de vista político, pelo envolvimento da figura do Rei em questões políticas concretas, quer do ponto de vista jurídico alegando-se que não faz sentido pedir um perdão para alguém que não está a cumprir uma pena. Como se sabe Thaksin foi condenado a 3 anos de cadeia por conflito de interesses em Agosto de 2008, uma condenação controversa pois a sua mulher que tinha sido o veículo da acção passível de gerar conflito de interesses foi absolvida. Após a condenação Thaksin fugiu do país e nunca cumpriu a sentença a que foi condenado facto que é actualmente usado como argumento contra o pedido de clemência e que juridicamente faz sentido.

O Governo tem mostrado grande nervoso sobre esta questão tendo Abhisit chegado ao ponto de ameaçar aqueles que assinaram a petição, numa clara violação dos direitos individuais, e foram mesmo montados por todo o país centros onde as pessoas podem retirar o seu nome das listas se assim o quisessem.

Para acrescentar alguma confusão a este assunto o ex Comandante em Chefe das Forças Armadas e primo de Thaksin, Chaisit Shinawatra, veio anunciar que se o Governo obsta ao processo da petição haverá um golpe de estado e o Governo será corrido pela força. Resta saber quem serão os actores desta vez mas inclusive já se avança com o nome do Professor Somkid Jatusripitak como o novo PM após tal golpe.

Como se conclui pouco mudou. Cada um dos campos continua a avançar com argumentos mas o certo é que ninguém consegue prever o amanhã.

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