Com a devida vénia a Elsa Resende da Agência Lusa, aqui fica um dos seus trabalhos feito aquando da visita ao país de um grupo de jornalistas portugueses, organizada pela Embaixada da Tailândia em Lisboa.
Portugal/Tailândia: O país dos queques e dos fios de ovos
Lisboa, 12 Jun (Lusa) - Por "culpa" dos portugueses, os primeiros europeus a chegarem à Tailândia, os tailandeses comem queques e fios de ovos, nome por que são também conhecidos os jogadores da selecção de futebol das "quinas".
Os doces genuinamente tailandeses são confeccionados com arroz e leite de coco.
Portugal/Tailândia: O país dos queques e dos fios de ovos
Lisboa, 12 Jun (Lusa) - Por "culpa" dos portugueses, os primeiros europeus a chegarem à Tailândia, os tailandeses comem queques e fios de ovos, nome por que são também conhecidos os jogadores da selecção de futebol das "quinas".
Os doces genuinamente tailandeses são confeccionados com arroz e leite de coco.
Maria de Guiomar Pina, filha de uma portuguesa e de um japonês, resolveu baralhar os tailandeses, introduzindo na sua gastronomia doces feitos com açúcar e ovos.
Os portugueses aportaram ao antigo Sião em 1511, quando o governador da Índia, Afonso de Albuquerque, enviou à capital do reino, Ayutthaya, um embaixador, Duarte Fernandes.
Maria de Guiomar Pina pisou território tailandês anos mais tarde, no século XVII, para fugir à perseguição aos católicos no Japão.
Casou-se com o grego Constantino Phaulkon, que se tornou confidente pessoal e primeiro-ministro do rei siamês Narai.
Com a morte do marido, que foi executado por o Sião temer uma tomada do poder por parte da França devido às fortes relações de Phaulkon com o rei francês Luís XIV, a luso-japonesa foi integrada na corte siamesa, onde, nas cozinhas reais, transmitiu a receita dos fios de ovos e queques, que ainda hoje são confeccionados artesanalmente em Thon Buri, numa das margens do rio Chao Phraya, em Banguecoque.
"Os queques apresentam formato semelhante aos nossos [portugueses], sendo o sabor ligeiramente diferente", refere a historiadora Maria da Conceição Flores, autora de "Os Portugueses e o Sião no Século XVI".
Também os fios de ovos, uma sobremesa fina usada em festas e celebrações religiosas especiais, como a ordenação de monges budistas, têm na Tailândia um paladar distinto dos de Aveiro.
"São feitos com ovos de pato e não de galinha", aponta o embaixador José Melo Gouveia .
"E podem levar aroma de jasmim", adianta Ganjanawan Grabgraigaew Cirne, co-proprietária de um restaurante de comida tailandesa em Lisboa que deixou a Tailândia, onde nasceu, para casar com um português com quem vive há sete anos.
Ora, é pelo nome de fios de ovos, "Foi Tong" em tailandês, que os jogadores da selecção portuguesa de futebol, são chamados, conta, por sua vez, Nuno Caldeira da Silva, conselheiro político da União Europeia radicado há cinco anos em Banguecoque.
Mas, se a origem portuguesa dos doces com ovos na gastronomia siamesa é consensual para lusos e tailandeses, o mesmo já não se pode dizer da comida picante.
Para os tailandeses, a malagueta chegou à Tailândia no século XVI pela mão de missionários cristãos portugueses que serviam no Brasil.
O investigador Miguel Castelo-Branco, a residir há cerca de dois anos em Banguecoque onde prepara a sua tese de doutoramento sobre as relações diplomáticas entre Portugal e a Tailândia no período 1782-2009, dá outra versão.
"O picante da comida tailandesa é originário", desde o século XII, "da Índia", aonde os portugueses aportaram três séculos depois, em 1498.
A sua chegada à Tailândia só ocorreu passados 13 anos.
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