Contráriamante ao que se pode pensar a Junta Militar preocupa-se em tentar dar ao Mundo a ideia de que obedecem a lei do próprio país de tal modo que possam responder nos forum internacionais em que ainda têm assento que são um país que obedece as próprias leis e que a lider, democráticamente eleita em 1990, infringiu uma qualquer lei mesmo por mais pequena que essa infração seja.
Estando prestes a terminar o prazo legal para manter em prisão domiciliária a combatente pela liberdade em Burma, a Junta teria de encontrar um motivo, legal como espliquei, de a manter silenciada e fora dos olhos do seu povo.
Ainda sem se entender muito bem como aconteceu, as próprias autoridades americanas não estão 100% conhecedoras dos factos, um cidadão americano de nome John William Yethaw, nadou até à casa de Daw Aung San Suu Kyi, onde se manteve durante dois dias embora esta tenha pedido que ele regressasse a donde tinha vindo.
A história deste cidadão é ainda uma incógnita embora se saiba, e a Junta sabia-o, que no ano passado ele fez o mesmo tendo sido apanhado pelas forças de segurança. Várias perguntas andam no ar: porque é que lhe foi de novo concedido um visto para entrar no país apesar do conhecimento do incidente do ano passado? Porque é que as forças de segurança que rodeiam a casa da lider Birmanesa para impedir exactamente o seu contacto com o Mundo não conseguiram detectar e prender o ameriocano? Qual era a sua inteção ao tentar entrar em contacto com Daw Aung San Suu Kyi? Como é possível que tenha tirado uma fotografia a si mesmo na prisão e ela tenha sido enviado para o exterior?
Preparado pela Junta ou sendo uma mera coincidência que caíu do céu para os ajudar, o facto é que Suu Kyi é agora acusada de violar o regulamentado sobre as condições de prisão domiciliária, não receber estranhos sem autorização da Junta, e irá ser julgada na próxima Segunda-feira ao abrigo do artigo 22 da Lei de Segurança Nacional que a condenará, estou quase certo disso, a uma pena que vai de 3 a 5 anos de cadeis e a uma multa de 5.000 Kyat ou seja 5 US dólares. Esta multa pode ser em alternativa á pena de prisão ou será aplicade em acomulação se for julgado que ela actuou com intenção de violar a lei, o que por certo vai ser provado.
É essencial para a Junta encontrar um meio "legal" para manter Suu Kyi calada e fora dos olhares do povo pelo menos até após as eleições (?) que se irão realizar em 2010, provávelemnte em Maio. Nessas eleições ela não poderá ser candidata visto a lei estipular que uma pessoa que seja ou tenha sido casado/a com um estrangeiro está imediatamente excluído/a de participar.
Daw Aung San Suu Kyi é o símbolo da luta do povo de Burma pela liberdade, é aquela que é utilizada como a bandeira dessa luta, quer nacional quer internacionalmente. Afirmam muitos que ela é o elemento aglutinador das muitas etnias existentes num país tão vasto e tão diverso, sainda que tal seja um ponto bastante discutível, mas o facto é que a Junta não a pode deixar falar visto na sua maíoria o povo seguirá os seus ideais. Assim foi em 1990 quando foi a vencedora das eleições e assim tem sido sempre que, ainda por breves momentos a sua figura frágil é vista ou ouvida pelo povo.
Entretanto a NDL (National League for Democrcy), o seu Partido, apelou hoje em Bangkok à comunidade internacional para que não deixe Aung San Suu Kyi só e pressione a Junta para a sua libertação bem como a de mais de 2.000 prisioneiros políticos que estão nas prisões no país.
Numa conferência de imprensa Nyo Ohn Myint, o lider do Comité de Assuntos Externos, fez esses apelo ao mesmo tempo que reiterava a oferta do Partido para um diálogo capaz de iniciar o verdadeiro processo de reconciliação nacional. Afirmou estarem abertos a concessões, embora não se esquecessem dos rsultados das eleições de 1990 que venceram, mas abertos a encontrar um processo para que todos possam participar na verdadeira unificação e pacificação no país. Esta não é uma proposta nova mas sempre que é apresentada recebe um não rotundo do poder em Napidaw.
O apelo à comunidade internacional. ASEAN, UN, USA e UE, é no sentido que de seja convocada uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para discutir e decidir sobre acções a tomar no caso da Junta continuar a prosseguir com a ilegal de detenção da lider Birmanesa.
A ASEAN tem uma política, bem clara na Charter e bem assimilada pelos seus líderes, daquilo que são "assuntos internos". Hoje Abhisit Vejjajiva, PM tailandês e Presidente em exercício da ASEAN, manifestou a sua preocupação sobre a detençao de Suu Kyi mas mais longe foram a Indonésia e a Malásia que a condenaram. Um MP Democrata com quem falei esta manhã manifestou que o seu Partido era muito lento no processo de tomada de decisões e que por certo não conseguiriam tomar, como deveria ser, a liderança no seio da ASEAN neste assunto e ficava feliz pelo facto da Indonésia, visto hoje em dia, após a pacificação dos conflitos nas suas regiões com processos separatistas, como um exemplo de boa conduta democrática na região.
Os Estados Unidos e a União Europeia emitiram comunicados condenando a possibilidade de Daw Aung San Suu Kyi vir a ser condenada por factos alheios á sua conducta e solicita ao Governo de Burma a libertação da Líder bem como dos outros prisioneiros políticos e a entabulação de conversações para iniciar um processo de reconciliação nacional.
Resta ver agora se até Segunda-feira as Nações Unidas vão tomar alguma iniciativa e se tal acontecer qual vai ser o papel da China e da Rússia os membros do Conselho de Segurança mais habituados a vetar propostas sobre Burma. Recorde-se que ambos este países já solicitaram a libertação da Prémio Nobel da Paz anteriormente e por isso estarão sobre alguma prssão para não modificarem as suas posições mas poderão encontrar alguma forma de não ser penalizantes em relação á Junta.
China, Rússia e a Índia, os poderosos vizinhos e clentes do gás e de outros produtos de Burma, são países inconornáveis em qualquer solução neste país. A ASEAN, especialmente após o papel desempenhado no apoio e comando das operações pós Nargis, vem-se mostrando igualmente uma importante força mas as oposições, não expressas mas conhecidas, como as vindas do Vietname e de Laos tornam difícil qualquer posição política condenatória
A Tailãndia como o principal vizinho e também como um importante cliente do gás poderia também ser mais activa no processo. A preocupação mostrada por Abhisit, ainda que seja pouco, é um sinal que há 8 anos, desde os tempos de Thaksin, um amigo da Junta, não se ouvia e por isso tem um sinal mais importante do que o próprio conteúdo.
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