sábado, 10 de abril de 2010

Abhisit na Televisão

O Vice Governador de Bangkok confirmou à pouco que morreram 9 pessoas durante os confrontos de hoje. Quatro manifestantes, quatro militares e o reporter japonês que já referi.

Abhisit apareceu na Televisão, desta vez trasnmitido em simltuâneo por todos os canais, para dizer primeiro que lamentava o que tinha acontecido mas que o governo tinha actuado em estreito cumprimento do estipulado na Lei (de Emergência) e que mandaria investigar a causa das mortes (não referiu quantas).

A sensação era de que a declaração tinha sido gravada e que estaria a dizer aquilo que lhe foi escrito, com flashes á mistura para dar a sensação de que havia jornalistas na sala. Acabei de falar com um jornalista tailandês (Bangkok Post) e confirmou-me a mesma sensação.

Cada vez se fala mais de que um golpe está em andamento ou já consumado mas penso que 2006 não se repete, o que será mau e em vez de 9 poderão ser 90 ou 900.

Lamento estar a dizer isso mas é o que agora sinto.

A Triste Situação

Oficialmente estão confirmados 5 mortos nas confrontações em Rathanokosin e entre eles um Japonês, reporter da Reuters. A UDD em mais um, acto de loucura foi ao Hospital retirar dois corpos para os mostrar á muitidão já enraivecida. A versão não oficial fala de 8 mortos e 500 feridos.

Estou pronto para ver se o(s) funeral da(s) vitima(s) vai ter a mesma pompa do que a da única vítima da dia 7 de Outubro de 2008 e se o PM o Ministro da Defesa e os Chefes da Polícia e Exército a mesma condenação que tiveram os da altura.

Confirmei a morte do jornalista junto da Embaixada do Japão e por certo, o maior investido estrangeiro na Tailândia não vai ficar satisfeito com o sucedido.

Para além disso existem cerca de 300/400 feridos, ainda na versão oficial.

Ambos so lados estão armados, já passou o tempo dos "mimos" mútuos e atiram a matar. Tive o relato de um colega meu de trabalho que estava mesmo no meio da "guerra" e que quase a chorar (acrescente-se que é um militar na reserva) me dizia que tinha visto com os próprios olhos como os militares tinham entrado por Khao San Road disparando em todas as direcções e que ele teve de se esconder mas viu bem marcados os buracos das balas.

O controlo de parte de ambas as partes está muito laxo e cada um faz o que quer. Da parte dos militares o General Prayuth, finalmente apareceu para dizer que a UDD tinha de abandonar. Parece confirmar-se que é ele quem está no comando.

Abhisit continua sem se ver e Veera disse que o PM a única coisa que tinha a fazer era dissolver o Parlamento e abandonar o país pois não tinha mais condições para governar.

Entretanto Korbsak, o Secretário-geral do gabinete do PM tentou conseguir uma trégua com os vermelhos mas Jatuporn disse que com eles não falam mais pois não cumprem as suas promessas. Deveria estar a falar do acordo anteriormente feito e que foi quebrado pelo lado governamental.

Na realidade as feridas na sociedade tailandesa estão mais abertas do que nunca e encontrar a forma de as sarar vai ser muito difícil. Os problemas não são uma luta que se passa em Bangkok entre vermelhos e amarelos. Os problemas estendem-se a todo o país e estão a inflamar as pessoas e têm raízes muito mais complexas.

Só quem não sai do seu canto no centro da capital é que pensa que o mundo tailandês se confina a Siam. Tenho visitado, recentemente, muitas zonas na província e o país está mudado. As pessoas falam abertamente da necessidade de mudança. Isso mesmo ouvi, em Chiang Mai, ainda na semana passada na casa de um alto funcionário do governo, Democrata de gema.

Que se encontre uma solução para bem do povo tailndês, vermelho, amarelo, azul, cor-de-rosa ou sem cor mas amante desta terra e das suas enormes potencialidades mas essa solução não pode passar por desprezar uns enquanto os outros têm tudo.

Falta uma figura sempre sonhada na lendário português - um Dom Sebastião saido das brumas e capaz de se transformar em Salvador.

O Ataque sobre a UDD

Como ontem referi a divisão criada entre os grupos da UDD, pela própria falta de estratégia, deu a oportunidade ao governo de avançar sobre os diferentes grupos.

O movimento vermelho parece agora destituído de liderança já que, pude constatar, por vários pontos da cidade, existem agrupamentos de vermelhos, enquanto os seus líderes apelam desesperadamente a que as forças se reagrupem de novo em Rajaprasong onde os militares estão a tentar desbloquear a área pela força. Por exemplo no parque Lumpini, há grande número de vermelhos que por certo estão sem comando e sem entenderem os apelos que são feitos de não muito longe, Rajaprasong.

No distrito de Dusit, parte velha da cidade, a UDD cometeu mais um erro terrível, tentando ir de encontro aos militares estacionados no quartel da 1ª Região de modo a evitar que estes saíssem.

Operação fracassada, com trocas de tiros para além de gases e canhões de água que ainda mais enfraqueceu os vermelhos.

Na zona dos centros comerciais, que hoje abriram, viu-se uma debandada geral quando começaram a avisar que a maíoria das saídas estavam fechadas devido a "um volume de tráfego anormal", facto que todos entenderam.

O centro de Bangkok, neste momento extensivo a Sukhumvit, Ploemchi, Rama IV, Petchaburi, Sri Ayuthaya e parte de Phya Thai estão muito complexos.

Espera-se que a tropa consiga fazer o seu trabalho de repôr a ordem sem sangue, embora os confrontos, que se vêm na Televisão estatal, não garantem que assim se passe.

Há lutas corpo a corpo um pouco por toda a zona central da capital. O BTS foi parado para ser utilizado para transportar tropas mais rápidamente. Por exemplo na zona de Silom os soldados estão a utilizar a estação de Saladaeng para chegar aos grupos que estão no Lumpini parque.

De acordo com a estação de Televisão TPBS existem até ao momento 33 feridos entre manifestantes e soldados.

O porta-voz do exército disse que esperava que dentro de 2 horas o exército possa estar em controlo da situação.

Até ao momento não se ouviu nenhuma palavra do Primeiro Ministro e o CAPO desmetiu que tivesse havido um Golpe de Estado, por certo por haver esse rumor.

O porta-voz da UDD apela a toda a comunicação social nos locais onde existem confrontações que tirem fotografias que mostrem os soldados a disparar contra o povo. Não necessitam muito pois a TPBS já várias vezes mostrou isso. TBPS reporter está neste momento a mostrar a cápsula e balas. Deve acabar por ser fechada!

Foi agora anunciado que Abhisit irá falar dentro de momentos.

Embora haja confrontações em muitos pontos os pricipais estão concentrados em Makawan, famosa durante a ocupação do PAD, mesmo em frenst ao edifício das Nações Unidas, e em Ploenchit.
Reuters
Os canais que são visto em sinal aberto, 3, 5, 7 e 9 continuam a sua programação normal e só o canal 9 dá de vez em quando informações. Os que estão "on-line" são os canais por subscrição.

A anunciada informação pelo PM ainda não se verificou.

Nirmal Gosh do The Strait Times de Singapura, de quem anteontem mostrei uma peça, foi ferido e está no hospital. Um outro jornalista estrangeiro, ainda não identificado, ficou ferido com um buraco numa perna causado por uma bala e está a receber tratamento no hospital.

A UDD anunciou agora que centenas de camionetas avançam por Sukhumvit para reforças os vermelhos em Ploenchit.

Entretanto começam as ameaças de rebelião na província e o governo de Khon Kaen está sob ameaça neste momento.

Natthawut, um dos líderes da UDD diz que este é só o primeiro round da luta!!

Em Makhawan os manifestantes estão a conseguir fazer recuar as tropas.

O número de feridos conhecido sobre para 47 que estão a ser tratados em unidades nos locais. E a televisão continua com os programas de animação tradicionais no fim-de-semana!

Afinal Abhisit continua sem aparecer e só vieram à Televisão os dois porta-voz. Panittan e Samsern mas nada de novo troouxeram.

Parece estar-se num momento de pausa em Bangkok onde já estão registados mais de 100 feridos mas em Chiang Mai e em Khon Kaen há problemas com o cerco que está em curso aos seus governos regionais.

A tropa recuperou e avança em Makawan em direcção a Phan Fa usando uma nova técnica para lançar as granadas de gás. Agora utilizam um helicopetero voando a baixa altura de onde são lançadas as granadas. Há registos anteriores, que pude observar em directo, do uso do gás de tal forma desastrosa que os próprios soldados tinham de fugir.

Acabei de receber uma chamada de Phan Fa e fui informado de que apesar de haver grande quantidade de tropas em toda a zona não será fácil para os militares visto os manifestantes estarem a montar barricadas e a criar alguns focos de incêncio. Quem o disse foi um perito em crises e questões de segurança, portanto conhecedor das questões de estratérgia militar.

Os feridos conhecidos atingem agora o número de 136 entre os quais 91 manifestantes.

Os governos provinciais de Chiang Mai, Sakon Nakhorn e Udon Thani acabam de cair às mãos dos Vermelhos.

Sabado 10

O dia acordou bonito com uma luz brilhante e a prometer. Espera-se que a situação política não o perturbe.

Houve um mau início com uma, mais uma, granada a deflagrar no Departamento Criminal da Polícia, felizmente sem fazer vítimas como na generalidade dos casos tem acontecido. Por certo que continuará a passar impune quem cometeu tal acto terrorista.

Este tem sido uma das mais intrigantes questões durante toda esta campanha dos vermelhos que já vai quase em 30 dias. Por várias vezes a polícia e o próprio CAPO vieram afirmar que não ligavam estes ataques aos manifestantes e normalmente fala-se sempre numa terceira ou quarta via interessada em criar o caos e as condições para os militares intervirem. Parece ser a mais razoável das explicações. O que faz mais confusão são as três explosões que acontecerem dentro do Quartel General do Exército, bem junto do gabinete do General Anupong, sitío que é pressuposto estar super defendido. Pode mesmo dizer-se que se o comando do exército não está defendido quais os lugares que estarão?

Depois deste mau início houve uma boa continuação. A UDD devolveu ao exército o material que apreendeu, quer há dias na cidade de Bangkok quer ontem em Pathum Thani. Uma viatura de comunicações e dezenas de armas e munições que ontem os soldados na retirada deixaram para trás. Será que o comando do exército vai punir os soldados que abandonaram a sua arma, um preceito básico da vida militar?

A UDD diz que isso faz parte de um acordo que fez com os militares mas interroga-se se o governo também cumpre os seus acordos. Afirmam que se chegassem a um acordo para a dissolução do Parlamento em 9 meses se o Governo o iria cumprir? Ao mesmo tempo a UDD acusa os militares de não cumprirem a sua parte do acordo que seria a reabertura do sinal da PTV.

A luta em redor da comunicação tornou-se crucial no momento. Weng,um dos líderes da UDD disse aos manifestantes em Rajaprasong para descansarem pois à tarde irão de novo atacar a Thaicom para reabrir o sinal da PTV.

Entretanto em Phan Fa um outro grupo, liderado pelo radical Kwanchai decidiu forçar o cordão de polícia perto do cruzamento para uma posição mais recuada.

Últimos desenvolvimentos

Um contingente armado, 37 companhias, de militares reocupou a empresa Thaicom e forçou, de novo, ao corte de sinal que emitia a estação PTV da UDD.

O porta-voz do Governo Dr. Panittan afirmou à televisão que tinha sido de novo retirada do ar a estação e que o governo não permitiria que a UDD voltasse a actuar como o fez esta tarde. Iguamente desmetiu os rumores que falam das disputas entre o governo e os militares, que na realidade são abundantes ao ponto de obrigar ao desmentido.

Entretanto a UDD, falando do corte de sinal dizia que amanhã lá terão outra vez um dia agitado com a reposição da situação, ou seja tentar de novo abrir a estação.

Do meio desta confusão salve-se que o PAD é capaz de desistir da sua anunciada ocupação de Ratchatewi, visto o governo ter voltado a mostrar poder e eles não o poderem acusar, como fizeram, de fraco. Para confusão já chegam os vermelhos e o governo. Terceiros são bem de dispensar a não ser que seja para mediar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

PTV no Ar


A emissão da People's TV está de novo no ar.

O governo acedu aos pedidos dos manifestantes com a condição de que estes abandonassem o recinto.

Entretanto o PAD voltou a aparecer mas desta vez também manifestando-se contra o governo por este ter capitulado com os pedidos dos vermelhos. Afirmaram ir bloquear uma outra importante intersecção em Bangkok, Ratchatewi.

Difícil de agradar a todos

Últimas

Depois de o governo ter anunciado, ás 2.35 da tarde de Bangkok que não permitiraia a ocupação da Thaicom, pelas 2.50 os camisas vermelhas invadiram o complexo onde se encontra a companhia, sem entrarem no edifício e tomaram conta da situação no local. Merece a pena ver o vídeo da BBC.

A UDD afirmou que não abandona o local enquanto o sinal não for restabelecido.

Na aproximação forças militares usaram gás lacrimogéneo e canhões de água, mas acabaram por abandonar as instalações fugindo pelos campos adjacentes, como se via na televisão, isto perante filas de camisas vermelhas.

Torna-se por vezes difícil de entender como é que 7.000 militares treinados e equipados para deter os manifestantes se deixam "vencer" por umas centenas de manifestantes que acabam por os expulsar, e de uma forma pouco digna como se via, e apreender o material que os equipava, incluíndo armas. Este é um perigoso sinal.

Fala-se muito por aqui em "melancias" e o facto de os soldados e manifestantes se saudarem uns aos outros com garnde fraternidade pode ser disso um sinal.

Sabe-se agora que houve 13 feridos durante a ocupação do complexo pela UDD. Os feridos são 3 guardas de segurança e 10 manifestantes. Tal ao que parece deveu-se a cortes com o arame farpado.

Há minutos, um dos líderes da UDD com mandado de captura, anunciou que se o governo não desse ordens para restaurar o sinal do PTV, tomariam de assalto a sede do governo de Nonthaburi, a província mais próxima. Entretanto sucedem-se manifestações um pouco por todo o país.

Esta forma de actuar da UDD pode ser o princípio do fim deles pois ao dispersarem as "tropas" por muitos locais perdem a capacidade de pressão que um conjunto grande lhes permite manter.

Muito provávelente os militares preparam-se para conquistar a posição de Rajaprasong já que os comerciantes ambulantes da zona foram avisados para sairem.

Lá diz o ditado - Quem tudo quer tudo perde!

Sexta-feira

Nada aconteceu durante a noite apesar da vigília montada pelos vermelhos que se mantiveram firmes à espera de um avanço dos militares.

O corte de comunicações da comunidade vermelha, televisão, rádios e internet, acabou por ter o efeito contrário e mais pessoas vieram juntar-se na manifestação em Rajaprasong.

Quer a associação dos Jornalistas quer a dos Operadores de Televisão por Cabo já se manifestaram contra a decisão e continua a haver informações contraditórias sobre se a estação televisiva está no ar ou não. Como não sou subscritor não o posso confirmar mas penso que estará calada visto o grosso da manifestação estar neste preciso momento em movimento para a sede da companhia que transmitia o sinal.

Há pouco no palco de Rajaprasong, um antigo Ministro de Thaksin afirmava que tinha sido um dos maiores erros de Abhisit o fazer com que militares apontassem as carabinas a uma empresa privada para que cortasse o sinal, mas esqueceu-se que durante o Estado de Emergência isso é possível.

Como referi uma caravana de cerca de 5.000 motos, seguida por 300 camionetas e alguns camiões está em movimento para a sede da Thaicom (curiosamente uma empresa que pertencia a Thaksin no passado), em Pathum Thani ao norte de Bangkok. Entretanto o Comité de Emergência, presidido por Suthep, emitiu uma ordem declarando o local como zona proibida de acordo com o articulado da Lei de Emergência. Actualmente estão 7.000 militares na protecção ás instalações.

Será assim mais um acto de desobediência à lei por parte de UDD.

Entretanto foram presos dois guardas da UDD, mas o movimento reclama que eles são infiltrados pois não possuem o respectivo cartão de identificação, que transportavam aquilo que parecia ser cocktails molotov. Estão a ser interrogados na estação da polícia de Ratchatewi.

O porta-voz do governo Dr. Panittan lançou um aviso aos estrangeiros, visitantes e residentes, para que evitem as zonas onde ocorrem as manifestações, o que é entendido como um prenúncio de possíveis avanços militares. Contudo posso afirmar que um amigo meu, membro do gabinete de um dos Vice Primeiro-Ministros, chama a Panittan o Dr Panican e já ontem o Professor de Chulalongkorn, Suthi, colega de Panittan, dizia que a inexperiência deste era uma das razões das constantes informações erradas vindas do lado do governo e que só criavam pânico e confusão.

Há poucos momentos o Tribunal confirmou terem sido emitidos mandados de captura contra 17 dos líderes da UDD, incluindo Veera Musikapong.

Curiosamente hoje o Bangkok Post mostrava as 7 medidas que seriam usadas pelo governo: 1) demonstração de força, 2) utilização de sons estridentes, 3) canhões de água, 4) carga com os escudos, 5) cargas com bastões, 6) gás lacrimogéneo e pimenta, e 7) balas de borracha.

O Coronel Samsern confirmou há minutos que mais 30.000 militares foram colocados de prevenção para o caso de serem necessários, o que elevaria o contingente para 90.000 na grande Bangkok!
Está assim estabelecido o plano. Resta saber quem e quando é executado sabidas e conhecidas que são as posições de Anupong e de Prayuth.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

2005 - 2010

Em 2005 o líder da oposição, Abhisit Vejjajiva, disse no Parlamento depois do governo ter decretado o Estado de Emergência que esta acção abria caminho a abusos dos direitos humanos, detenções indiscriminadas e violações dos direitos de liberdade de imprensa.

E continuava "a censura á imprensa só é possível em tempo de guerra e utilizaá-la ao abrigo desta lei é contrário à Constituição. Defenitivamente não está declarado o estado de guerra".

Em 2010, Abhisit Vejjajiva, o Primeiro Ministro em funções, acaba de declarar também o Estado de Emergência e de cortar o sinal a uma cadeia de Televisão e a centenas de rádios e ao mesmo tempo, sem que se compreenda bem, retirar da "ciberesfera" um sitio de internet que foi em tempos um dos maiores foruns contra o regime autoritário, que ele critica, de Thaksin. Acontece que esse sítio é "animado" por John Ungpakorn e este apelido deve fazer comichão no círculo próximo do PM visto o irmão daquele Ji, Professor catedrático de Chulalongkorn e de Oxford, ser uma das mais proscritas pessoas deste país por ter ousado criticar a monarquia.

Falta de memória ou dois pesos e duas medidas?
Na realidade a resposta foi dada por Abhisit na televisão. O canal de televisão, os rádios, e os s~itios de internet que foram fechados, mais de uma centena, "distorciam a informação". Ficoua saber-se que só existe uma verdade. Aquela que é transmitida pelo governo.

Quinta-feira

Depois dos condenaveis actos de agressões e invasão do Parlamento pelos vermelhos, igual ao que foi feito pelo PAD no dia 6 de Outubro de 2008, mas esquecido por muitos, o PM decretou o Estado de Emergência e temia-se que os militares avançassem sobre a multidão concentrada no centro de Bangkok.

Durante a invasão do recinto do Parlamento, a polícia viu-se completamente ultrapassada pelos manifestantes que os empurraram acabando por entrar sem grande resistência. Nesse processo os vermelhos apoderaram-se de duas armas, uma metralhadora e um revolver, mostrando-as a todos para provar que dentro do edifício havia armas. Não necessitavam de tal pois a melhor ajuda foi dada por um Deputado Democrata que empunhando uma metralhadora debaixo do casaco escoltava Suthep quando ele fugia, conjuntamente com Abhisit, para um helicoptero que os levou de volta ao Regimento 11 de Infantaria. Abhisit mostrava-se particularmemte irritado.


A noite passou-se contudo calma sem incidentes entre os manifestantes e as forças armadas embora o ambiente continue tenso.

Os únicos incidentes foram dois ataques perpetrados com M-16 contra, o primeiro a sede do partido da Nova Política (NPP), o braço político do PAD, e posteriormente contra a empresa TPI, empresa cujo dono Prachai Leopairattana é um conhecido apoiante do partido Democrata e que está envolvida no caso dos 258 milhões doados ao partido de Abhisit.

No primeiro caso houve um guarda que ficou ferido no ombro e está internado no hospital. Mais uma vez, e apesar de todo o aparato policial e militar e de edifícios como o do NPP deverem estar guardados, não foi identificado ninguém. Começa a ser preocupante que todos os dias aconteçam lançamentos de granadas e agora rajadas de metralhadora e nunca ninguém consiga ser identificado como autor isto, repito, apesar de estarem na capital 60.000 homens a, supostamente, guardar a cidade e a garantir a segurança dos cidadãos. De igual modo foi lançada uma granada para dentro do quartel general do exército engenho que estihaçou os vidros do gabinete do General Anupong. É ainda mais incompreensível entender-se como é possível atacar, pela terceira vez, a segunda foi hoje mesmo às 11 da manhã, o próprio centro de comando do exército.

Entretanto o Ministro da Defesa, Prawit, disse já esta manhã, que o governo não utilizará a força contra os manifestantes. Presume-se assim que esperam vencer "a vermelhada" pelo cansaço, o que não me parece uma boa estratégia. A UDD já convocou as "massas" para uma nova demonstração de força e ainda esta manhã no caminho para o trabalho vi bastantes vermelhos animados e empenhados.

Na sequência do corte de emissões da estação de televisão da UDD, PTV, ordenado por Abhisit, os governos provinciais em varias cidades, incluíndo Pattaya, local normalmente sempre fora destas manifestações, foram cercados e com este acto os manifestantes conseguiram que o sinal fosse reestabelecido pouco depois. mais tarde o sinal foi de novo cortado e a UDD ameaça agora invadir todos os governos distritais ao mesmo tempo que dizem ir invadir os estúdios da ASTV (a televisão do PAD) e fechar a estação pois se uma não emite o mesmo tem de se passar com as outras. Entretanto as rádios vermelhas foram também caladas.

Este movimento cortando a comunicação aos vermelhos está a fazer crescer o número de pessoas em Rajaprasong e a aquecer os ânimos no local.

A situação parece cada vez mais tensa e as próximas horas vão ser decisivas para se entender quem efectivamente faz o quê. Os rumores são muitos mas as certezas poucas.

Abhisit cancelou a participição na cimeira da ASEAN, no Vietname, actual presidente, e a programada visita aos Estados Unidos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Notas à Noite

Acabei de dar uma volta pela cidade e pode dizer-se que está calma a não ser a zona próxima da intersecção controlada pela UDD.

A zona que vai de Petchaburi, Chitlon, Langsuan, Rajadamri, Rajaprasong e Rama I estão bloqueadas pelos guardas vermelhos e são este que estão a controlar e dirigir o trânsito. Na intersecção de Ploenchit com a Witthayu estão montadas vedações par impedir os carros de aí entrarem embora "carro vermelho" tenha permissão de passar.

A ordem neste "estado vermelho" é imposta pelos militantes da causa e não pela polícia. A não ser na esquadra de Lumpini não vi nenhum polícia. Aí sim um grande aparato de material circulante, estes também a bloquearem uma das vias centrais a as duas laterais.

Na zona da estátua de Rama VI em Lumpini estão também concentrados um grande número de "vermelhos" e em Silom sente-se um clima pouco "saudável".

Por toda a zona da cidade por onde andei, Rama IV, Klong Toey, Asoke, Petchaburi. Sukhunvit, e as já referidas vi muitos carros e motos transportando "vermelhos" por certo para se juntarem à multidão.

Não há sinais, visiveis, de nenhum avanço militar, e o posicionamento dos vários actores parece estar a ter lugar neste momento tendo aparecido há pouco na televisão segundos planos do exército mostrando o seu apoio ao Vice Suthep.

Falei também com uma mão cheia de jornalistas que tem estado a seguir os acontecimentos quer no local quer junto dos porta-voz, Panittan, Coronel Samsern e Sean, e a maioria entende que a declaração do Estado de Emergência foi uma forma de Abhisit devolver a bola para o campo dos militares depois das recusas em avançar expressadas quer por Songkitti quer por Anupong. Agora cabe a estes a próxima jogada.

Entretanto a UDD acusa Deputados do Partido no poder de hoje terem atirado duas granadas contra a multidão que estava a forçar a entrada no Parlamento. Os militares já disseram não ter sido eles que o fez restando assim na realidade poucos suspeitos do acto. Os dois engenhos, mostrados à comunicação social, não deflagraram e por sorte não feriram ninguém.

Estado de Emergência.

O Estado de Emergência foi declarado em Bangkok e nas províncias adjacentes. O Primeiro Ministro Abhisit Vejjajiva anunciou pela televisão passados as 6.30 da tarde de Bangkok as razões pelas quais tinha declarado o Estado de Emergência.

Entre elas a mais importante foi o facto de esta tarde a "turba" vermelha ter invadido o Parlamento o que fez fugir Deputados, onde se incluía o próprio Abhisit e funcionários. Tal invasão acabou sem outros incidentes quando um dos Vice Presidentes do Parlamento conseguiu convencer os vermelhos a sair do edifício.

A polícia que estava de guarda ao hemiciclo foi inoperante, para não dizer cooperante, com os invasores, já que "abriu alas" para que eles passassem.

A declaração do Estado de Emergência tem como fundamental diferença para a Lei de Segurança Interna que está em vigor, o facto de o exército passar a "estar na linha da fente". Até este momento os militares estavam a ajudar a polícia a controlara a situação e, de um ponto de vista formal. sob as ordens do comando da polícia. A partir deste momemnto inverte-se a situação.

Qualquer pessoa pode ser detida por um período de 30 dias sem ser presente a juízo e sem mandado, entre outros preceitos expressos na lei. O Estado de Emergência é a lei que vigora à anos nas três províncias mais a Sul, Yala, Narathiwat e Pattani, onde existem movimentos separatistas muçulmanos em acção e onde diáriamente são feitas vítimas. Desde 2004 que já morreram mais de 4.100 pessoas. É igualmente onde são registados os principais casos de abusos dos direitos humanos, devidamente certificados pela Human Rights Watch e Amenistia Internacional.

É esperado que os militares avancem para tentar prender os líderes dos vermelhos durante a noite e a maíoria das lojas fecharam por medo embora por outro lado a UDD tenha chegado a acordo com a empresa que gere o Central World para que amanhã o centro comercial, mesmo no centro da ocupação vermelha, possa abrir.

Outra das decisões do conselho de ministros de hoje foi tentar dar uma "cenoura" aos manifestantes aprovando um esquema para perdoar metade das dívidas dos agricultores do nordeste - o feudo vermelho - o que irá abranger 510.000 pessoas. Depois acusa-se Thaksin de ter usado políticas populistas para consquistar o coração dessas mesmas pessoas!

Entretano a UDD, respondendo à declaração do Estado de Emergência apelou a que todos os seus apoiantes se dirigissem para os locais onde se encontram concentrados e para também avançarem sobre os governos regionais nas cidades de província.

A noite promete.

Ultimatum a Abhisit?

Thanong Kangthong, o jornalista mais ferozmente anti-Thaksin do espectro de jornais não assumidamente partidários, escreve hoje que o General Anupong terá dado um ultimatum a Abhisit para dissolver o parlamento em 48 horas.

Refere ainda Thanong que se Abhisit recusar, os partidos que em Dezembro de 2008 saltaram de um lado da barricada para o outro voltarão á posição inicial estabelecendo-se um governo liderado pelo Puea Thai mas com um Primeiro Ministro de um dos pequenos partidos aliás os que acabam sempre por ter a última decisão. Não será de estranhar que desde que os acontecimentos se tornaram mais agudos todos desapareceram e o apoio a Abhisit esvaiu-se. Nevin Chidchob o "controleiro" do maior número de deputados saíu do país, com destino a Inglaterra, no dia em que a UDD começou as manifestações, ou seja há mais de três semanas, e nunca mais se ouviu falar dele.

De igual modo o General Songkitti Jakhabat, o Comandante Supremo das Forças Armadas falou, o que é totalmente inesperado, e disse que os soldados são o povo e que a situação se irá resolver sem sangue dizendo que não sabia quando mas que assim será.

O Conselho dos Anciãos

O General Anupong, rejeitou a declaração do Primeiro Ministro Abhisit, para "usar todas as medidas necessárias", dizendo que não se justifica que o exército use a força para fazer dispersar os manifestantes, posição semelhante à que teve aquando o PAD ocupou o aeroporto e o exército se recusou sequer a mobilizar-se para uma mostra de força apesar dos pedidos do PM de então, Somchai, e do governador de Samut Phrakan.

Estamos assim num claro empate; de um lado os manifestantes, de outro as forças militares e militarizadas, cria-se tensão mas ninguém acaba por arredar pé.

Entretanto surgiu uma nova iniciativa da Comissão Nacional de Eleições que quer juntar à mesma mesa, e para isso começou já os contactos, quatro antigos Primeiros Ministros, todos homens na casa dos 70 mas, e até por isso, todos pessoas a ser ouvidas pela sua experiência e por poderem exercer influência nas duas partes em confronto.

Anand Panyarachun, Banharn Silapa-acha, Chavalit Yongchaiyudh e Chuan Leekpai aceitaram sentar-se a uma mesa e discutir a situação. Anand e Chavalit são dois homens muito próximos do Palácio sendo que o primeiro foi sempre visto como um independente ou seja uma pessoa muito hábil políticamente e capaz de fazer pontes com os vários sectores da socieade. Chavalit é o actual presidente do Puea Thai, o partido que apoia Thaksin. Foi um homem que trabalhou muito tempo com o General Prem, presidente do Conselho Privado do Rei, tendo estado com ele quer na chefia das forças armadas quer em vários governos. Banham, é o "rei de Suphan Buri" e o líder de facto do Chart Thai Pattana que actualmente integra a coligação no poder mas que antes estava coligado com o predecessor do Puea Thai. Chuen, é actualmente o conselheiro político do partido Democrata e considerado o "pai político" de Abhisit.

Como se vê são homens comprometidos mas homens que têm consigo grande carga de respeito e consideração e capazes de ser ouvidos por todos, como disse. A estes serão juntos um líder espiritual e académicos que considerem importante ouvir.

Este é um passo que me parece bastante importante e positivo. Sempre acrediteir que seria necessário um, ou mais, mediador pois as partes por si não são suficientemente independentes nem empossadas de poder, para serem lúcidas e decidir.

É uma derrota para Abhisit mas este terá de a ver como uma derrota numa batalha que não na guerra. Pode ser uma batalha capaz de lhe abrir caminho para o futuro.

Já por mais de uma vez referi ser neste momento Abhisit o político mais capaz, de dentro do leque actualmente visível e no activo, de poder levar o país para uma via democrática e onde o respeito pela lei e pelas pessoas possa imperar.

Abhisit está a queimar-se demasiado nesta contenda, onde quem na realidade manda e no fim faz prevalecer as decisões são os militares e onde vontades ou decisões do PM são erradamente interpretadas ou ignoradas quando não contraditadas sempre sendo Abhisit a perder. Torna-se necessário que se resguarde para que possa regressar com capacidade de liderar de facto o país.

Só quem nada conhece da realidade que se passa nos bastidores e somente vê o que está à supefície pode afirmar que Abhisit venceu ou que está firme e seguro no comando. Nunca esteve e a cada dia isso é mais visível. O próprio Chuan há dias questionou as suas acções e a forma como o Coronel Samsern contradiz decisões do governo é um exemplo sintomático. A instituição militar é suficientemente inteligente para saber como colocar uma cara visível para o público mas só a deixar actuar até ao ponto em que pretende.

A luta que se trava é uma luta bem tailandesa, bem doméstica e com raízes profundas na história e na sociedade tailandesa e de nada serve esta luta estar a acenar com fantasmas vindos de interferências externas. São ridículas algumas sugestões nesse sentido e só mostram o profundo desconhecimento daquilo que é a sociedade tailandesa actual.

Os militares sabem muito bem que se avançassem sobre as pessoas o odioso da situação ficaria para eles e Anupong quer chegar ao dia 1 de Outubro em total graça.

Há dias discutia a situação com uma decana dos jornalistas tailandeses e ela dizia-me que o pior viria no próximo ano pois Prayuth é muito menos diplomata e mais rígido do que Anupong. Referia-se obviamente a uma mais marcante intervenção dos militares. Oxalá se engane.

Desejemos ao Conselho dos Anciãos sucesso. O único risco que vejo é de como muitas outras iniciativas anteriores nem sequer conseguir levantar do chão.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Sul

Entretanto, ao mesmo tempo que se gastavam latas e latas de tinta para descrever o que se passava em Bangkok, aconteceu algo, por certo sem importância pois os jornais só de raspão noticiam o caso, no Sul do país.

Na província de Yala, distrito de Than Toh, deflagrou uma bomba, como acontece todos os dias, e ficaram feridos sete soldados. Todos estão hospitalizados sendo que quatro estão nos cuidados intensivos com ferimentos graves.

Fim do Dia

Pouco se avançou hoje no mar de contradições em que se vai vivendo.

De manhã as duas forças estiveram fente a frente mas a Polícia acabou por recuar. A principal estratégia do governo era fazer com que os vermelhos não se espalhassem pela cidade, o que de alguma forma conseguiram mas a mancha acabou por estender-se de Rajaprasong a outras áreas da zona central de Bangkok.

Os vermelhos tomaram conta dos veículos da polícia, esvaziaram-lhe os pneus (tiveram bons professores nos arruaceiros do PAD), e imobilizaram o veículo que os militares utilizavam para a emissão de sinais de rádio, o LRA. Tudo isto se passou em Sarasin.
Entretanto o CAPO emituiu mandados de captura contra 10 dos líderes da UDD, mas ou há algo errado naquilo que a MCOT está a informar ou a ordem de captura sendo emitda pelo CAPO não me parece que seja legal. Vejamos:

A Lei de Segurança Interna, atribuiu através do seu articulado ao ISOC a capacidade de prender pessoas que este comando militar julgue estarem a violar a lei sem a normalmente necessária intervenção de um juíz. Foi isso mesmo o que o tribunal ontem disse a Abhisit. Contudo o CAPO não é uma entidade com personalidade jurídica visto ter sido constituído somente como comando operacional para esta ocasião. Ou a informação do governo está errada e os mandados foram emitidos pelo ISOC ou então serão nulos visto a entidade que os emitiu não tem a legitimidade jurídica para tal.

Entretanto Abhisit veio dizer, que os vermelhos andavam a espalhar boatos falsos de que as forças de segurança os estavam a atacar o que tornava mais dificil fazer cumprir a lei visto muitas pessoas se juntarem aos manifestantes!

Conclusão o dia acabou por não dar ás forças da ordem os resultados eventualmente esperados mas conseguiram mesmo assim evitar danos maiores, primeiro em não terem atacado e segundo em conseguirem que os manifestantes se mantivessem básicamente no local que ocupam. O problema é que esse local prejudica, e de que maneira o comércio e a circulação em Bangkok visto a "horda vermelhar estar a bloquear o principal nó da cidade.

Neste Momento

Neste preciso momento estão em Rajadamri 22 duas companhias do exército e 5 da polícia e estão a acontecer confrontos com os manifestantes da UDD.

Do lado vermelho lançam-se garrafas para cima dos militares enquanto estes tentam empurrar a multidão.

A UDD barricou o local com 10 camiões deles que estão cara a cara com os veículos militares.

Onde não há carros os manifestantes lutam corpo a corpo com os militares que empurram a multidão com os escudos.

Os confrontos estão a acontecer em toda a zona e Rajaprasong, Chitlom e Langsuan.

Os manifestantes já afirmaram que se forem expulsos a mal do local vão invadir a sede do Partido Democrata e a casa do Primeiro Ministro.

Hoje é o Dia da Dinastia Chakrit, actualmente no poder através do seu nono Rei, Rama IX, e portanto um dia com significado especial. Os vermelhos anunciam pelos altifalantes que o primeiro tailandês que atirar sobre um compatriota no dia de hoje será considerado para sempre pessoal proscrita pelo palácio.

Ás 10.50 os ânimos parecem ter acalmado um pouco, voltando tudo a uma posição de observação e muitas das forças retirado para dentro do complexo de Mater Dei em Chitlom.. Os militares têm toda a zona cercada.

Segunda Dia 6

Em principio hoje a UDD vai-se dividir em grupos e desfilar pacíficamente, segundo afirmaram, pelos 11 pontas do cidade de Bangkok que lhe foram proibidos num claro desafio ás ordens do governo.

O Coronel Samsern, o porta voz do exército que tem sido também o porta voz do CAPO, anunciou que os líderes da UDD seria detidos, se isso fosso possível (sic !).

Alguns analistas acreditam que se a multidão for decapitada dos seus líderes, irá desaparecer por falta de comando. É uma possibilidade mas também pode acontecer o contrário e a prisão deles pode aquecer o ambiente. É um jogo que tem de ser bastante bem calculado.

Entretanto o exército ordenou a compra de 243 milhões de bath de gás lacrimogénio. Será que não o tinham à partida ou foi mais uma benesse do governo?

O preocupante neste momento é que os líderes da UDD que estiveram nas negociações, Veera, Jatuporn e o Dr Weng, que entretanto se manifestaram disponiveis para uma terceira ronda, estão aparentemente na sombra pois quem tem estado a comandar as operações actualmente e quem por exemplo ontem avaçou sobre a CNE, tendo havido inclusíve uma tentaiva de invasão do edifício, são os mais radicais, Arisaman, Kwanchai, Soporn e Natthawut. Recorde-se que Arisaman, o Rambo do Issam como é conhecido, foi quem conduzia os manifestantes que interromperam e terminaram com a cimeira da ASEAN in Patthaya no ano passado.

Os acontecimentos dos últimos dias fazem pensar que os líderes moderados foram neste momento afastados, o que é um muito mau sinal. As próprias mensagens que a UDD envia regularmente, como também faz o governo, ás missões diplomáticas, deixaram de ser enviadas desde Sexta-feira.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Brincamos ou Quê?

Havia um comediante português que num programa qualquer dizia sempre a seguinte frase: "Brincamos ou quê?"

Na realidade parece que é o que está a acontecr tamanha é a confusão estabelecida.

O CAPO emitiu um comunicado onde proíbia a UDD de se manifestar em 11 locais devidamente designados dentro da capital. A UDD decidiu que amanhã vai manifestar-se exactamente para esses ditos 11 locais.

O governo anunciou, através do Vice Primeiro Ministro Suthep, que tinha ordenado ao ISOC. Internal Security Operations Command, que obtivesse uma decisão do tribunal para ordenar a evacuação dos manifestantes da intersecção de Rajaprasong. O tribunal rejeitou liminarmente o pedido por considerar que o Primeiro Ministro, como comandante do ISOC, tem os poderes necessários para fazer executar a acção constante do pedido e portanto o pedido é nulo.

Então os serviços juridicos do PM não conhecem a lei? Ou será que quem anda a dar as ordens não consulta o PM?

Para piorar a situação a UDD foi até à CNE, como referi esta manhã, e obteve a resposta de que aquela comissão apreciaria e decidiria sobre o caso da doação ao partido Democrata até ao dia 20. Conclusão a UDD anunciou que não vai arredar pé e que espera então para ouvir a decisão.

A quem serve toda esta situação tipíca da anarquia?

Por certo a alguém que não ao povo tailandês.

Segunda-feira dia 5


E mais um dia se passou e nada passou. A UDD continua acampada na intersecção de Rajaprasong, não acata as ordens que são trasnmitidas, esta manhã pelas 7.45 foi transmitida a 6 (!) ordem para abandonar o local. O governo entretanto anunciou que ia pedir hoje ao tribunal uma mandado para que os manifestantes abandonem o local ao qual Natthawut, um dos líderes da UDD disse de imediato que iriam apelar, ou seja prolongar a situação.

Entretanto uma parte dos manifestantes vai dirigir-se para a sede da Comissão Nacional de Eleições perguntando pelo famigerado caso dos 258 milhões de bath que o Partido Demovrata recebeu de uma empresa estatal e que está para decisão dessa mesma comissão à mais de 1 ano.

Tudo aponta para que esse dinheiro tenha sido uma doação e portanto tenha violado a lei eleitoral. Relembre-se que para esses casos a pena é a dissolução do Partido como está claramente escrito nas Constituição.

Parece um caso semelhante ao do anterior governo que não caíu pelos 192 dias de manifestação do PAD nem pela ocupação do aeroporto mas porque a CNE dissolveu o Partido por uma irregularidade ao processo eleitoral.

Neste caso dos Democratas, a CNE tem adiado, como referi, contínuamente uma decisão pois essa deveria ser a dissolução do Partido e consequente queda deste governo com a retirada de direitos políticos a Abhisit e outros dos Ministros e executivos do Partido.

Mais um caso das águas muito turvas do sistema judicial, que julga quase sempre em função da cor dominante.

domingo, 4 de abril de 2010

Prejuízos

Vi algures escrito que a acção dos vândalos vermelhos terá criado um prejuízo de 70 milhões de bath à economia do país. Por certo que o número não inclui o Porsche do jovem que se atirou contra os vermelhos pois senão só aí estariam 10 milões (200.000 Euros).

Fico peliz pois esse valor é somente 1% (um por cento) do que foi apurado pelo Banco da Tailândia aquando dos prejuízos causados pelos vândalos amarelos que encerraram os aeroportos. Isto sem levar em conta as compensações que o estado pagou, sem que isso fosse apregoado e conhecido do público, a várias companhias de aviação que interpuseram acções em tribunais internacionais e que o governo entendeu resolver sem ir a julgamento.

Este valor de 70 milhões é igualmente inferior ao que custou a recuperação do complexo da Government House, de acordo com o afirmado pelo Ministro das Finanças Korn, totalmente desfeitos os seus jardins e áreas comuns durante os 192 dias de ocupação selvagem pelo PAD.

Contudo o mais importante prejuízo é o que continua a ser causado ao país e à justiça que nele deveria prevalecer.

Prevarica-se, ofende-se, abusa-se e ninguém é acusado, ninguém é trazido perante a justiça e acusado. Isto vale para qualquer que seja a cor visto que a aplicação da justiça deverá ser cromáticamente cega.

Os vermelhos ontem foram intimidados pelas forças da ordem, para abandonar o local que ocupam. Foi-lhes dado um prazo. Ele continua a ser desreipeitado, e por todos incluíndo o Vice Primeiro Suthep que acaba de dar mais novo prazo e afirmar ir requerer uma injuncção judicial para os desalojar. Então ontem não bastava só dar a ordem de sair? O próprio PM disse, hoje aos microfones da televisão, que os manifestantes deveriam regressarem a Phan Fa, quando tudo já tinha sido dito ao ter sido dado um prazo para acatarem a lei.

Quem é que obedece a quem? Pergunta-se.

A mesma pergunta fez-se em 2008 quando os amarelos fazia as mesmas coisas e ninguém punha ordem nas suas acções e o país veio a cair no caos. Alguns afirmarão que lutavam para acabar com um regime corrupto. Então porque é que o regime actual fez a Tailândia baixar ainda mais no índice mundial da corrupção? Porque é que existem tantos casos que inclusivé já levaram a várias mexidas no governo?

Estes movimentos existem e actuam da forma que o fazem porque se sentem acima da lei se sentem protegidos por uma total inacção dos agentes aos quais compete fazer impôr a ordem e os preceitos legais.

Esse é o grande prejuízo. O resto são só zeros.

Domingo de Manhã

Ás 7.25 da manhã a polícia informou os manifestantes, pela 5 vez, das consequências do acto de desobediência civil em que estão a incorrer distribuindo panfletos e através da distribuição de altifalantes.

Os manifestantes não se mexeram e a stuação está na mesma.

A UDD com a acção actual acabou por dar um grande tiro no pé e agora está sem uma saída clara para a situação que criou pois necessita de encontrar alguma "vitória" para que possa sair do local onde se encontra com a cara limpa.

A presente situação só pode ser comparada, e numa escala menor, com a ocupação selvagem levada a cabo pelos amarelos do PAD dos aeroportos da capital. Nessa altura talvez também sem terem calculado as consequências os líderes do PAD levaram os manifestantes para os aeroportos onde acabaram por acampar durante 7 dias causando danos ao país ainda não reparados e já lá vão cerca de 17 meses. De igual modo as ameaças de prender todos os manifestantes por estarem a violar a Lei de Segurança Interna não prevalece já que os vermelhos sabem bem que nada aconteceu aos amarelos. Na realidade todos poderam observar os danos causados, a forma como os manifestantes de então desobedeceram quer ao governo quer ao Governador de Samut Prakhan, e todos sabem que ninguém ainda foi acusado de alguma coisa e o único que pagou foi o país.

Este tipo de práticas do sistema de justiça, fortemente pressionado por outros poderes e não independente, só favorece os prevaricadores como agora se pode constatar, com os graves prejuízos para a cidade de Bangkok. O local que a UDD actualmente ocupa é a maior zona comercial da cidade e todos os centros comerciais estão fechados devido ao bloqueio.

Entretanto 10 companhias da políca, preparadas para lidar com manifestações foram deslocadas para o local.

O único incidente que houve no local até ao momento foi devido a um carro desportivo, um Porsche Targa conduzido por um jovem, que avançou contra os manifestantes, mas os danos causados foram só materiais e os piores para o condutor que ficou sem o carro. Para além dos prejuízos no Porsche nove motos e uma boca de incêndio ficaram fortemente danificadas. O caricato da situação é que o jovem enraivecido partiu ainda o vidro da frente do carro decorado com autocolantes de dois dos mais elitistas clubes de Bangkok e depois prostou-se perante os manifestantes pedindo desculpa antes de desaparecer protegido pela polícia e pelos guardas da UDD. Igualmente a polícia descobriu dentro do carro, e mostrou aos manifestantes, uma pistola, o que tornou a multidão ainda mais enraivecida.

Noutro incidente uma granada foi lançada para o parque de estacionamento do jornal Matichon acabando por destruir um carro e criando algumas preocupações na classe dos jornalistas que se viram com esta acção também alvo dos ataques à granada que vêm acontecendo regularmente.

Ás 11.00 da manhã a UDD, depois de muito negociar com a polícia no local, acedeu a abrir uma faixa ao trânsito na zona, aleviando um nada o caos.