sábado, 7 de novembro de 2009

Tailândia vs Camboja

A Tailândia e o Camboja voltaram a atiçar o fogo que lavra entre os dois países há muitos anos.

Como já relatei várias vezes as escaramuças na fronteira face à existência de uma longa frente comum de 807 quilómetros, bastante mal demarcada por razões históricas e de tratados nem sempre acordados na plena capacidade de uma das partes.

O ano passado viu esses confrontos acenderem-se, após a candidatura apresentada pelo Camboja a que o templo de Phrae Vihearn, que é deles por decisão do Tribunal Internacional de Justiça de 1962, decisão não contestada pela Tailândia, em devido tempo, a Património da Humanidade. Nesses confrontos acabaram por falecer 14 soldados de ambos os lados quando foi trocado fogo entre as tropas estacionadas no local. Desde essa altura a tensão nunca desceu apesar das muitas fotografias tiradas em conjunto por políticos de ambos os países. A realidade é que a Joint Border Commission, estabelecida através do Memorando de Entendimento assinado por ambos os países em 2001, nunca conseguiu passar do inicio visto nunca terem conseguido definir o nome do templo, que se escreve mais ao menos da mesma maneira nas duas línguas mas pronuncia-se diferentemente.

Em 2003 a Embaixada da Tailândia em Phnom Penh foi destruído por fogo posto por uma multidão enraivecida com comentários feitos por uma artista sobre o “templo da disputa” (era capaz de este ser um nome aceite por ambas as partes) em mais uma demonstração da permanente e latente animosidade que existe entre os dois países, e mesmo entre os dois povos.

Enquanto os laocianos são os “irmãos” os cambojanos nunca conseguiram ter esse “apelido” e a história de permanentes confrontos é disso a prova.

Agora a inimizade entre os dois países atingiu um novo e altíssimo patamar.

Dias antes da Cimeira da ASEAN em Cha-Am/Hua Hin, o novo Prsidente do Puea Thai, o partido de Thaksin, visitou o Camboja e ouviu o seu Primeiro Ministro declarar-se um amigo fraternal do fugitivo ex PM tailandês. Nesse altura Hun Sen também apelou ao dialogo para resolver a disputa fronteiriça.

Chegado à estância balneária onde se realizou a Cimeira Hun Sen conseguiu retirar todo o brilho ao hóspede Abhisit, já que durante um dia a comunicação social só falou da oferta daquele de um posição para Thaksin como seu conselheiro económico ao qual Hun Sen adiantou que Thaksin nunca seria extraditado pois considerava que o seu amigo era um perseguido politico. Chegou inclusive a comparar o ex PM a Aung San Suu Kyi (o que diga-se é de bastante mau gosto).

Abhisit não conseguiu ter resposta para o experiente e matreiro Hun Sen e acabou arrastado no turbilhão de atoardas que foram ditas em vez de conduzir, como líder da ASEAN, a sua própria agenda.

Passado esse incidente, onde mais uma vez Hun Sen se sentiu vitorioso, este voltou a à carga, cumprindo a sua promessa e Thaksin foi nomeado, por decreto Real, Conselheiro Económico do Primeiro Ministro do Camboja.

A Tailândia mostrando mais uma vez a falta de experiência do seu Primeiro Ministro em assuntos diplomáticos decidindo, sem mais nem menos, chamar o seu Embaixador em Phnom Penh, gesto que foi retaliado pelo Camboja no mesmo dia.

Antes da retirada de um Embaixador existem vários outros mecanismos diplomáticos para mostrar o desagrado pela actuação de um pais com o qual se matem relações diplomáticas. Convocar o Embaixador desse pais para o Ministério para indagar do assunto em questão, um aide-memoire, uma demarche, e estes quer verbais (mais leves) quer por escrito (mais fortes), são mecanismos a utilizar antes daquele que Bangkok tomou.

A notícia da decisão do MNE tailandês foi comunicada ao pais através do Secretario do Ministro e não através do porta voz do Ministério visto haver fortes discordâncias sobre a decisão, vista pela maioria dos diplomatas como desproporcionada. Há que notar que a Tailândia é presentemente o Presidente em exercício da ASEAN, é membro do Tratado de Amizade e Cooperaçã, dos quais o Camboja também é signatário, e acaba por criar com a reacção desproporcionada a divisão e não a união como deve ser o papel do Presidente.

Singapura e o Secretário-geral da ASEAN já se manifestaram altamente preocupados e chamaram à atenção dos dois países para os prejuízos que estão a trazer para a associação nas vésperas da reunião da APEC e da Cimeira ASEAN-US, a realizar em Singapura, à qual vai estar presente o Presidente Obama.

A chamada de Embaixadores corta automaticamente os canais de comunicação entre dois países e coloca agora uma questão muito complexa. Como é que se vai voltar para trás? Como é que a Tailândia, repito, Presidente em exercício da ASEAN, vai retroceder sem que isso seja visto como uma derrota para o pais, como já está a sê-lo no contexto da diplomacia internacional.

Do ponto de vista de politica domestica Abhisit marcou pontos e a sondagem que hoje saiu já mostra isso pois voltou a estar á frente de Thaksin. Este pelo seu lado está a jogar uma cartada que lhe pode sair muito cara. Abhisit, inteligentemente (bom teria sido que também o tivesse sido e utilizasse uma medida protocolar mais leve), está a levantar a bandeira patriótica e já apelou para que Thaksin ponha os interesses da Tailândia, o seu pais, à frente dos interesses de um pais estranho. Hun Sen, pelo seu lado, tem o povo todo atrás dele nestas questões de disputas com a Tailãndia e aproveita para reforçar a sua popularidade.

A parada vai alta de ambas as partes e não está mais alta porque os militares dos dois países continuam a ter uma boa relação pessoal. Na noite de Quinta-feira, dia em que a Tailândia decidiu (decisão tomada por Abhisi e Kasit o MNE tailandês que quando era activista do PAD por duas vezes acusou Hun Sen de criminoso – este nunca perdoou a Abhisit a nomeação de Kasit para o cargo vendo isso como uma ofensa pessoal feita pelo PM tailandês), nessa noite, o PM instruiu o Comando do exército para que retirasse o Adido Militar de Phnom Penh, ao que lhe foi dito redondamente. Não! O General que recebeu o telefonema de Abhisit disse que os militares dois países continuam a ter boas relações pessoais e canais de comunicação sempre abertos e que por isso retirar o AM seria uma atitude que não se toma entre amigos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Portugal Global

O AICEP – Portugal Global realizou recentemente em Bangkok, com o apoio da Missão de Portugal na capital, um encontro com empresas tailandesas subordinado ao tema “Business Opportunities in Portugal”.

Pode dizer-se que o evento foi um sucesso: pelo conjunto largo de participantes e pela sua qualidade.

Os trabalhos foram abertos pelo Embaixador Faria e Maya que no final convidou os participantes para um almoço na Residência, sempre um ponto alto para qualquer evento em Bangkok.

Para além das muitas e variadas empresas estiveram presentes, o Ministério do Comércio, através do Sub-Secretário Geral, o Board of Investment, representado pela sua Directora Executiva, a Thai Chamber of Commerce e dois representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

É a primeira vez que o AICEP, a nova estrutura do Ministério da Economia Português para a promoção de Portugal no estrangeiro, se apresenta na Tailândia e o seu Director Executivo para a região, Carlos Velez Moura, pode dar-se por bastante satisfeito pelos primeiros resultados.

Sabemos que a promoção do país como destino quer turístico quer de investimentos é uma tarefa continuada e permanente e portanto muito há que continuar a fazer, mas estas iniciativas são importantes e pode constatar-se, através, quer das questões colocadas quer através das conversas posteriores, que pelo menos a plateia captou o recado e está apta a continuar o diálogo.

Assim sejam, o AICEP e as estruturas empresariais em Portugal, capazes de responder ao interesse manifestado para já pelos presentes.

domingo, 1 de novembro de 2009

European Higher Education Fair

Realizou-se durante dois dias em Bangkok a European Higher Education Fair, um evento que tem por objectivo promover o estudo na Europa.

A EHEF insere-se num evento maior, International Education EXPO, onde estão presentes Universidades e Escolas de todo o Mundo na busca de dessiminar a sua cultura e as suas capacidades de ensino e tentando levar para as suas ecolas os estudantes que procuram melhorar e diversificar os seus conhecimentos estudando no estrangeiro.

Hoje em dia, em qualquer parte do Mundo é sabido que estudar e aprofundar conhecimentos é crucial num mercado tão competitivo como o actual.

Fazê-lo num país diferente do de origem faz uma clara diferença. Por norma isso acrescenta ao estudo o conhecimento linguístico e de culturas diferentes, tão necessário um Mundo tão globalizado e tão competitivo, profundamento tornado num pequeno/grande mercado local, pelos meios de comunicação que tudo aproximaram

Os tailandeses são por natureza estudantes. Dizia-me uma colega minha, mulher nos seus 40 com um bacharelato e três mestrados, actualmente a estudar, mais uma língua, espanhol, que ia tentada a fazer um PhD em Línguas numa Universidade Europeia. Os tailandeses são muito mais ousados do que nós nesta matéria e são capazes de largar uma vida acomodada com muito maior facilidade do que em Portugal se faz.

Ainda não sei os números dos que acorreram nos dois dias ao certame mas falava-se em 40.000 pessoas e posso certificar, por ali ter estado os dois dias, que eram muitos e a maioria estava lá interessada em recolher informações que lhes permitissem seguir o seu intento de ir aprofundar os seus conhecimentos no estrangeiro.

Portugal esteve presente através de três escolas superiores: A Universidade Técnica de Lisboa (www.utl.pt) , a Universidade do Porto (www.up.pt)e o Instituto Superior de Engenharia do Porto (www.isep.ipp.pt).

Alguns vieram pela primeira vez, e já disseram que, face ao acolhimento, não será o último. Outros já estão mais acostumados e não só já possuem experiências anteriores de receber alunos tailandeses como têm protocolos assinados com várias Universidades tailandesas.

O resultado foi encorajador, pelo que ouvi e o trabalho que estes "embaixadores" fazem a favor do nosso país é bastante positivo.

O nosso Embaixador, Antonio de Faria e Maya teve oportunidade de estar presente nas cerimónias oficiais e recebeu também os professores portugueses, que aqui se deslocaram, podendo trocar com eles opiniões sobre o desenvolvimento da iniciativa da União Europeia em favor da divulgação do estudo na Europa e do programa Erasmus.Mundus.