quinta-feira, 9 de junho de 2011

Morte ou Hibernação

A Comissão Nacional de Eleições acabou de anunciar que os cartazes de campanha do Partido da Nova Política o braço político do movimento amarelo PAD teriam de ser retirados de circulação num prazo de 3 dias.

Na realidade os cartazes são ofensivos para a Democracia pois, como se vê na imagem, equiparam os Deputados, representantes do povo e dos eleitores, com animais nada simpáticos o que aqui no país tem uma (má) conotação acrescida.

O PNP apela ao Não voto ou seja apela à não participação dos tailandeses num acto que se quer ser um exemplo da Democracia. Penso já ter relatado que aquando da assinatura do um documentos no Parlamento que é um compromisso de todos os partidos em participarem no acto eleitoral de forma digna e correcta, o primeiro partido a apor a sua assinatura no dito código de conduta foi precisamente o líder do PNP Somsak!

O PAD e o seu aliado PNP têm vivido tempos difíceis. Se bem que ninguém "dê por isso" o movimento amarelo continua a manifestar-se, desde o dia 25 de Janeiro, junto do palácio do PM. Contestam a "política de rendição perante o Camboja da administração Abhisit" e prometem só sair quando os "agressores" do país vizinho forem expulsos de todas as parcelas de território que, segundo o seu entendimento ocupam. O facto é que tal manifestação atrai presentemente menos de 100/200 pessoas e só a indiferença da polícia e a forma não confrontacional como estas questões são tratadas no país permite que por ali continuem. Mesmo o facto de há poucos dias ter como clama o movimento lançada uma granada para o acampamento ferindo uma mão cheia de pessoas não atraiu mais do que uma breve notícia nos jornais no dia a seguir a esse possível evento.

De igual modo as divisões existentes no seio do movimento são bem visíveis. Os casos mais evidentes são a acusação feita por Somsak, o líder do PNP, de que o secretário-geral quer do partido quer do PAD, Suryiasai Kantasila, se tinha apropriado de dinheiro do movimento e a ontem anunciada acção judicial que seria interposta por vários funcionários contra Somsak por falta de pagamento dos seus salários, são evidências das brechas existentes no movimento.

Para culminar ontem o Vice PM Suthep veio acusar o carismático líder do PAD Sondhi L. de estar agora do lado de Thaksin pois, segundo o entender daquele, o movimento apoia agora a candidata do Pheu Thai Yingluck Shinawatra.

Maus ventos a soprarem contra o PAD/PNP cada vez mais acantonado lutando sem objectivo. Os velhos tempos em que a luta comum contra o fantasma Thaksin atraía multidões está, pelo menos por agora, seriamente afectada até ao momento em que nova vaga possa fazer ressurgir o movimento e fundos o alimentem.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

As Cores na Politica

As cores têm grande importância na sociedade tailandesa.

Começa pelo dia da semana em que se nasce e a cor que lhe está associada mas passa por cores que são propícias para a saúde, para o trabalho, situação financeira, e como não podia deixar de ser o amor.

São quase sempre aquelas as receitas da ligação de influências astrais, numéricas, energéticas, e neste caso coloridas sobre o bem-estar e o "destino" na vida de cada um.

O Amarelo é (era?) a cor associada ao Rei Rama IX devido ao facto do monarca ter nascido a uma Segunda-feira dia marcado por essa cor. Todas as Segundas era bem visível o mar de amarelo que invadia o país e a grossa maioria das pessoas não esqueciam de se vestir com essa cor nesse dia em homenagem ao rei que tanto veneram e respeitam. Hoje em dia assim já não se passa não porque tenha desaparecido esse respeito e admiração mas porque outros factores interferiram na coloração do país.

A política tomou conta do espectro de cores e como nos últimos 5 anos as questões políticas se radicalizaram ao ponto de termos assistido aos confrontos e à violência que marcou as acções de grupos antagónicos o significado das cores acabou por sofrer com isso.

O amarelo, associado ao rei, foi a cor escolhida pelos manifestantes do PAD para marcarem o seu movimento e assim ficou associado a um dos pólos radicais do leque político. O vermelho por outro lado, dantes somente associado ao Domingo ou ao ano novo chinês, passou a ser a cor da revolta daqueles que se manifestaram contra o actual governo e em total oposição com os amarelos. O panorama político ficou assim profundamente dividido entre amarelos e vermelhos bipolarizando o sistema político e as preferências das pessoas.


Curioso notar a questão da pretensa oposição do vermelho à cor do rei, o amarelo, quando na realidade ele próprio o desmentiu uma vez quando afirmou que o vermelho era uma cor do seu agrado dando como exemplos o facto da princesa Mãe e da sua irmã, a Princesa Galyani, ambas sempre muito próximas do monarca, terem nascido num Domingo e, segundo disse o rei a sua irmã gostava muito daquela cor. O próprio pai do Rei, o Príncipe Mahidol de Songkla, tinha como alcunha "Daeng" que em tailandês quer dizer vermelho.

O facto é que a casa real teve de alguma forma se afastar daquelas cores, para que não se especulasse sobre favores para um ou outro lado e acabou por ser o próprio rei, numa das suas primeiras aparições depois de ter sido internado no hospital de Siriraj, a mostrar o "novo caminho" usando um casaco cor-de-rosa cor tida por ser banéfica para a saúde do rei.

Temos assim que a casa real tem vindo, suavemente, a deslocar a "sua cor" para o rosa cor que marcou as manifestações levadas a cabo por altura do 83 aniversário do rei no passado Dezembro.

Com a criação da bipolarização, vermelho-amarelo, no espectro politico acabou por ser o Partido Democrata do PM Abhisit de alguma forma a herdar a denominação de "amarelo" até porque o movimento do PAD quase que desapareceu. Para isso também contribuiu o facto de o Azul dos Democratas ter "mudado de mãos" quando Nevin Chidchob, o líder de facto do Bhum Jai Thai, apareceu durante os incidentes de Pattaya em 2009 à frente de uma milícia de "arruaceiros" todos eles vestidos de azul passando desde esse momento essa cor a estar associada consigo e com o seu partido em prejuízo dos Democratas que a ostentam há mais de 60 anos. Nevin de igual modo e talvez aproveitando a onda, "pintou de azul" o clube de futebol que comanda e possui. Quanto a este diga-se que o político fez construir na sua terra natal, Buriram, um estádio de futebol para o PEA-Thunder Castle, que é uma cópia do estádio do Leicester que detém em parceria com o dono das lojas francas tailandesas, e custou perto de 20 milhões de euros uma verba considerada astronómica para o meio futebolístico local.

Voltando ás cores acabámos no outro extremo por ter o Pheu Thai de Thaksin, que sempre usou as três cores da bandeira tailandesa, azul, vermelho e branco, a ficar catalogado como o partido vermelho cor que acabou mesmo por adoptar e marca a presente campanha.

O Chart Thai Pattana que dantes era um partido visível pela sua cor vermelha "teve" de fazer um pouco de maquilhagem na sua apresentação e, como não só é um partido que é capaz de se associar quer à esquerda quer à direita e o seu principal tema na campanha é a unidade e o fim às hostilidades entre as facções mais radicais da sociedade, acabou por escolher o rosa. Como por si o CTP não é polémico e o apelo à união é positivo não parece crível que a casa real tenha de empreender novo movimento de dissociação como o fez anteriormente.

A todo este espectro resta o verde que de alguma forma deveria ser uma cor associada a movimentos "limpos" ou de intenções ecológicas mas que é pouco usado e sempre com o máximo cuidado para não criar confusões com o verdadeiro significado da cor verde a cor dos militares.

Um verdadeiro arco-íris cheio de mensagens ocultas debaixo da coloração de cada um mas por outro lado bem agradável de ver tal como é o colorido de uma rua em Bangkok devido à multi-coloração dos táxis na capital.