sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Yingluck Shinawatra



O Parlamento Tailandês acaba de votar favoravelmente a nova Primeira-Ministra da Tailândia.

A votação produziu os seguintes resultados: 296 votos a favor, 197 abstenções e 3 votos contra. Todos os membros da coligação que estará no poder votaram favoravelmente. As quatro abstenções, dentro daquele quadrante, vieram do Presidente do Parlamento, dos seus dois Vice-Presidentes e da própria candidata como é protocolar e de bom-tom.

Yingluck é assim a primeira mulher a assumir aquela posição e é a 28ª PM do país.

Estando previsto par este fim de dia a confirmação por SM o Rei a eleita tomará posse ainda hoje e por certo estará em posição de apresentar o seu governo no início da semana.

Constitucionalmente tem 15 dias para apresentar o programa de governo ao Parlamento mas penso que tal prazo será encurtado e todo o processo estará concluído na próxima semana.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A 28ª Primeira Ministra

Yingluck Shinawatra será amanhã votada como a primeira mulher a ascender ao posto de Primeiro-ministro na Tailândia. Os Democratas anunciaram que não irão apresentar nenhum candidato e que irão abster-se na votação. Quase 5 anos depois do seu irmão ter sido derrubado por um golpe militar um Shinawatra volta a ser o inquilino da "Government House".

No dia seguinte, Sábado, os Democratas irão escolher o sucessor de Abhisit, que se demitiu da liderança do partido na sequência da derrota nas eleições do passado dia 3 de Julho mas tudo aponta que Abhisit suceda a ele próprio visto até ao momento todas as vozes se manifestarem no sentido de que ele é a melhor escolha para os Democratas. O que ainda está pouco claro é conhecer quem vai ser o Secretário-geral que sucederá a Suthep. Este não é candidato e aquele que Abhisit parecia preferir, Aphirak, está neste momento acusado pela Comissão Nacional Anti-Corrupção pelo seu envolvimento num caso de compra de viaturas para os bombeiros quando era Governador de Bangkok. Outros nomes aparecem, um do Sul e outro do Norte mas não existe consenso à volta de nenhum.

Após a eleição de Yingluck como a 28ª PM tailandesa estão renuídas as condições para se avançar na preparação do governo que muito provavelmente deverá estar concluída Segunda ou Terça da próxima semana.

Fala-se de muitos nomes mas o que parece ser mais claro é a nomeação de "pesos pesados" não vinculados ao partido para posições chaves. Do Siam Commercial Bank (o banco sempre associado à casa real) deverá vir o Presidente Executivo para a pasta das Finanças, da PTT (a petrolífera que é ao mesmo tempo a maior empresa tailandesa e cujo universo "vale" cerca de 30% da bolsa) o, também, Presidente da Comissão Executiva para Ministro da Energia e para os Negócios Estrangeiros um dos mais proeminentes diplomatas tailandês com uma carreira brilhante. Uma fonte do SCB disse mesmo que o Dr. Vichit apresentaria a sua demissão amanhã.

Entretanto no Japão o deputado e Vice-presidente do partido Democrático, Hajime Ishii solicitou ao PM Naoto Kan que autorizasse a entrada no país durante o período de 22 a 28 de Agosto ao fugitivo ex PM tailandês Thaksin. Ishii referiu que solicitava de Kan "uma decisão política" sobre o pedido. Tal facto parece ser um claro "testar das águas" por parte de Thaksin já que o Japão, um dos mais importantes aliados da Tailândia, não autoriza a entrada no país a pessoas condenadas a penas de prisão. Thaksin quererá deste modo perceber até que ponto a comunidade internacional está aberta ao seu retorno.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Novo Ciclo

Como ontem escrevi, a nova Assembleia foi aberta pelo Príncipe herdeiro, em representação de SM o Rei, numa cerimónia no palácio Ananda Samakhorn. Cerimónia breve mas a iniciar um novo ciclo como titula hoje o jornal The Nation.

Facto que já não acontecia há muitos anos a totalidade dos Deputados, 500 neste caso, está confirmada com a aprovação, ontem mesmo no final do dia, dos últimos 4 deputados, os 3 provenientes da eleições intercalares e recontagem dos votos em Yala e Jatuporn Prompan o líder vermelho que acabou por ver a situação resolvida a seu favor com um voto de 4-1 dos Comissários da CNE.

Ontem mesmo assisti a um novo capítulo da história tailandesa. A recepção do Dia Nacional da Suíça esteve muito concorrido e nela era visível a presença de membros do governo Abhisit, altos funcionários da hierarquia do estado (presidente da Comissão Nacional de Reconciliação, Secretário da CNE, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, etc), a par de membros da UDD, alguns em amena conversa entre eles. Havia um ambiente bastante cordial entre adversários políticos o que se saúda fortemente. Tive uma longa conversa com o presidente da CNR, Kanit na Nakhorn, que me disse estar contente com a forma como o seu trabalho foi encorajado pela presumível nova PM e espera que a sua comissão possa contribuir para um clima de reconciliação tão desejado no país. As mesmas palavras foram-me ditas pelo Secretário-geral do Ministério da Justiça que não sabia ainda se continuaria no lugar visto este ser "de confiança política" mas se sentia optimista quanto ao futuro.

Na recepção houve contudo um momento de grande emoção proporcionado pela Embaixadora do país. É prática ouvir-se os hinos da Tailândia e do país anfitrião aos quais se segue um brinde aos respectivos chefes de Estado. Ontem o hino nacional da Tailândia foi interpretado pela própria Embaixadora ao violino acompanhada por um violinista tailandês. Contrariamente ao que é normal no final do hino e antes do tradicional brinde ouviu-se uma forte salva de palmas de todos presentes em reconhecimento pela brilhante apresentação a que tinham assistido.

Acabou há minutos a eleição do novo Presidente do Parlamento e também aqui houve um facto inédito. O Presidente cessante anunciou haver um só candidato para o posto apresentando-o e simplesmente perguntou aos deputados se havia algum que se opusesse. Como a assembleia não se manifestou o novo Presidente Somsak Kiartsuranon, um veterano da política que já serviu como Vice-presidente do parlamento e por três vezes como Ministro, viu o seu nome aprovado por unanimidade e a sessão terminou em poucos minutos.


O próximo passo, e depois de o Rei ter dado posse a Somsak, será convocada, já por este, nova reunião do Parlamento para se votar o futuro Primeiro-ministro. O Pheu Thai deverá indicar como candidato Yingluk Shinawatra e a oposição, os Democratas, Abhisit Vejjajiva. Espera-se que tal venha a acontecer ainda esta semana de modo que no início da próxima semana o novo governo possa ser apresentado.

Todos estes sinais de bom ambiente são fundamentais para um país que tem vivido a animosidade entre facções políticas nos últimos anos de forma extrema e violenta.

Espera-se e deseja-se que assim continue para bem do país e do seu povo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sessão Parlamentar

Oficialmente começa hoje a nova sessão parlamentar quando, ao final do dia, o Príncipe herdeiro, em representação de SM o Rei, presidir à inauguração da nova câmara de representantes da nação.

Estão neste momento confirmados 496 deputados, faltando 4 para o número total que compõe a assembleia. Dos 4 deputados que ainda não tomarão lugar no parlamento 3 provêm da necessidade de se repetirem eleições por violações no acto eleitoral (Sukhothai, Nong Khai e Yala). Nos dois primeiros casos as eleições que decorreram este Domingo reconfirmaram os eleitos e no terceiro caso em que foi pedida uma recontagem de votos depois de ter sido descoberto um saco com boletins de voto que não foram contados, neste momento presume-se que o Pheu Thai possa ganhar o seu primeiro deputado no Sul do país pois parece ser essa a tendência da recontagem conforme noticiam os jornais. De qualquer forma nada ou quase nada se alterará.

O quarto caso é o mais interessante e diz respeito ao líder da UDD, Jatuporn Prompan, que se encontra actualmente preso. O caso é complicado e a Comissão Nacional de Eleições não toma uma decisão.

De um ponto de vista formal simpatizo com as posições das duas partes. Jatuporn diz que se foi aceite como candidato, já na condição de detido e sabendo-se que os detidos não podem votar, deve ser aceite como deputado eleito. Note-se que a CNE diz que o facto de não ter votado faz com que a sua inscrição partidária tenha cessado e como a lei não admite independentes ele não está qualificado. O facto é que a lei não pode ser aplicada retroactivamente. Compreendo os argumentos de Jatuporn e eles parecem defensáveis.

Contudo a CNE vê-se embrulhada em contradições legais já que o texto constitucional e a lei que regula os partidos regulam diferentemente criando alguma dificuldade de interpretação.

No meu entender o mais correcto era a CNE admitir isso e enviar a questão para o Tribunal Constitucional para clarificação e após isso as partes dirimiam os seus argumentos.

O pior é que por um lado os vermelhos pressionam a CNE, com ameaças de interposição de acções criminais por não obediência da lei, e a CNE através de uma das suas comissárias veio dizer que se a UDD continua com essas pressões os militares ver-se-ão obrigados a intervir! Abhisit, muito correctamente, veio alertar a referida comissária de que deveria estar calada pois está a colocar uma pressão indesejável sobre a hierarquia militar.

Amanhã será o dia em que o Parlamento irá reunir pela primeira vez com um único ponto na agenda que é a eleição do seu presidente.

O Pheu Thai, partido com mais de metade dos deputados, anunciou esta manhã quem irá propor para "speaker" e os seus vice. A escolha caiu sobre o Deputado de Khon Kaen, Somsak Kiatsunaranont com os dois vice vindos um de Chayaphum e o outro de Phayao. A escolha de Somsak parece ser um bom sinal indicativo de que a escolha foi feita na Tailândia e não no exterior. O candidato que era tido como o mais provável, ex Vice e contando com o apoio de Thaksin, Apiwan, anunciou antes da reunião no partido que desistia da candidatura á posição.

O presidente do Parlamento é formalmente a figura número um da estrutura politica/constitucional tailandesa e todos os decretos e importantes momentos da vida política passam por ele antes de serem enviados para aprovação de SM o Rei.

Depois desta eleição o Parlamento iniciará o processo da escolha do Primeiro Ministro e da aprovação deste e do seu governo o que deverá estar concluído na semana que vem muito presumivelmente no dia 9.