quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Hipocrisia no Mundo

Esta manhã ao ler o The Nation reparei no "cartoon" que mostram a lembrei-me da Páscoa.

Parece uma contradição mas na realidade a Páscoa é (ou deveria ser) um bom momento para parar e reflectir naquilo que somos e naquilo que vamos fazendo.

A pausa que a Páscoa permite em quase todo o Mundo deveria ser propícia a um momento de reflexão sobre o nosso dia a dia.

Um dos maiores pecados da nossa civilização é a Hipocrisia, a falta de dignidade e verticalidade naquilo que fazemos.

Uma coisa que sempre muito apreciei e sempre me guiou foi a minha Independência a minha capacidade de não necessitar de "lamber botas" nem atropelar ninguém para atingir o que quer que seja na vida.

Olhar para o lado, para cima e para baixo, enfim para todos os que nos rodeiam, com os mesmos olhos, olhos de ver, de entender e de escutar deverá ser a forma de nos comportarmos na sociedade. Deveremos ter em mente constantemente o velho provérbio " não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti" não por medo de sofrer mas como uma prática de vida e de respeito pela dignidade dos outros.

Esta é de alguma forma uma mensagem de Páscoa que aqui queria deixar.

Voltando ao "cartoon" ele é por si um muito bom exemplo da Hipocrisia do Mundo em que viemos que nada mais é do que a falta do nosso respeito para connosco próprios.

A sua legenda é simples. A Republica Popular do Laos está empenhada na construção de uma barragem no Mekong e isso tem levantado clamores em toda a região e nas mais variadas organizações internacionais pelo facto de tal poder ser uma grave afronta á sustentabilidade do ecossistema na região e poder pôr em causa o sustento de muitos que vivem de actividades na parte baixa do rio. Até terão razão:

Essas mesmas vozes calam-se, escondem-se que nem ratos, quando a China construiu uma enorme barragem a montante do mesmo Mekong, com efeitos muito mais danosos, da mesma forma como condenam violentamente as violações dos direitos humanos na Birmânia e se calam quando o mesmo ou pior acontece na China.

A actual subserviência ao poder económico da China. Ao facto de ser o maior mercado para qualquer produto e/ou companhia leva a tapar os olhos sem nada dizer sobre o que naquele gigante dragão acontece e a "bater furiosamente" nos pequenos gatos que pouco mais fazem do que arranhar. O mesmo se passa agora na Líbia quando todos aqueles que andaram a bajular e a beijar Gadhaffi lhe apontam a porta de saída.

Esta política de duas caras é uma verdadeira demonstração da nossa menoridade como seres humanos e da hipocrisia reinante no Mundo.

A incapacidade existente para formar pessoas livres e com qualidades que possam ser líderes no nosso caminho é tremendamente preocupante.

Onde estão os valores que tão Hipocritamente queremos demonstrar?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Songkran e Hipocrisia

Na semana passada passou mais um Songrkran, o ano novo tailandês também conhecido como o Festival da Água, água purificadora, e como sempre, para além dos feriados e paragem que tais festividades provocam, houve motivos de sobra para comentar o acontecido.

Os dois últimos Songkran foram, infelizmente, marcados pela violência trazida pelas manifestações vermelhas, mas o deste ano mostrou de novo a faceta de animação que deve caracterizar este momento do ano.

Para além das festividades há sempre o drama dos acidentes de automóveis nos quais perdem a vida muitos tailandeses. Este ano os números foram ligeiramente mais baixos, 3.215 acidentes, mas mesmo assim inaceitáveis visto terem morrido no curto espaço de 6 dias 271 pessoas e ficado feridas 3.476 alguns dos quais por certo virão a falecer ou ficar incapacitadas para sempre.

Este é o eterno problema, não só aqui, da mistura explosiva do álcool com a condução de veículos.

Contudo este ano houve um incidente que dominou todas as manchetes dos jornais e que de acordo com um muito bem escrito artigo de fundo no Bangkok Post mostra a hipocrisia de uma certa parte da sociedade tailandesa, infelizmente da classe que de uma forma ou outra controla e detêm o poder.

O incidente resume-se ao facto de ter havido três raparigas, com idades entre os 14 e 16 anos, que no auge da loucura que se apodera de muitos durante aquelas festividades subiram para o cimo de um carro e dançaram com o peito descoberto.

Tal facto levou a que o director do distrito de Bangrak, onde tal aconteceu, o mesmo distrito onde se situam todos os clubes de Patpong e vizinhanças onde muito pior se passa, apresentasse uma queixa na polícia contra o "acto obsceno e imoral" das raparigas que estariam, no seu entender, a dar uma má imagem da Tailândia ao mundo.

Note-se que o Ministério da Cultura tinha (refiro o passado pois subtilmente foi retirado ontem) no seu sítio de internet a aguarela de Somphop Butrach (figura acima), alusiva à festividade do Songkran e que mostrava exactamente três dançarinas com vestidos tradicionais tailandeses, mas de peito descoberto, a saudarem a chegada do novo ano tailandês.

O artigo de Pichai, o Editor Chefe do Bangkok Post, que vale a pena ler, põe a nu a hipocrisia de actos como os levados a cabo pelas autoridades que "branqueiam as mesma práticas que condenam práticas essas que desfilam bem debaixo dos seus narizes".