sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os Números de Janeiro

A Ministra da Economia, Porntiva Nakasai, anunciou ontem os números da economia do país registados em Janeiro números esses que mostram a pujança do país apesar de toda as perturbações políticas em que está mergulhado desde há muito.

As exportações, cruciais para o país, cresceram 30.8%, comparando com o mês de Janeiro de 2009, para um valor de 13.72 mil milhões de dolares e a Ministra mostrou-se confiante de que o país poderá atingir o seu objectivo de fazer crescer as exportações 14% para um total de 170 mil milhões de dolares no ano de 2010.

Sabe-se que os números da economia à um ano atrás eram maus, devido à baixa confiança no país por causa da "crise dos aeroportos"em Dezembro de 2008, mas mesmo assim é significativo e um indicador de que há sinais claros de retoma.

As importações cresceram 44.8% para um total de 13.21 mil milhões de dolares deixando assim um superavit na balança das transacções comerciais. Estes números são registados num momento em que a moeda tailandesa, o bath, tem sofrido um a forte subida o que fragiliza a competitividade da economia e de alguma forma favorece as importações como os números demonstram.

A força das economias asiáticas e a sua capacidade de mais fácilmente enfrentar a crise que se vive tem vindo a fortalecer a sua posição no panorama mundial como demonstrou o facto da China ter ultrapassado recentemente a Alemanha ameaçando sériamente tornar-se, já este ano, na segunda maior economia do planeta.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Rei

Faz hoje 5 meses que Sua Majestade o Rei Bumiphol se encontra no Siriraj Hospital de onde saíu por três vezes.

Primeiro a 23 de Outubro para prestar homenagem ao seu avô o Rei Chulalongkorn, o Grande, e á sua falecida irmã, Princesa Galiany, posteriormente durante as festividades de Loy Khratong, para colocar o seu khratong a flutuar Chao Praya abaixo e mais tarde no dia do seu aniversário para falar aos dignatários e familia.

Também por três vezes recebeu no hospital altos funcionários ora para nomear os novos membros do Governo ora para dar posse aos novos Juízes dos Supremos Tribunais de Justiça e Admninistrativo.

Recentemente e durante as festividades do ano novo Chinês o Rei apareceu a uma das janelas do hospital, munido da sua tão famosa máquima fotográfica, para apreciar, e por certo fotografar, uma das suas grandes paixões, os eventos que podia observar.

A sua filha mais nova, Princesa Chulabhorn, já por duas vezes veio dizer que o monarca se encontrava bem e que saíria rápidamente do hospital.

Acontece que ainda ali se mantém mas nas vezes que apareceu o monarca não mostrava nenhum sintoma de maior debilidade, antes pelo contrário. Durante a recepção aos Juízes do Supremo Tribunal de Justiça fez um discurso de cerca de 10 minutos, sem nenhum apoio e mostrando claridade não só no que dizia como na expressão corporal.

Outro diz perguntava a uma pessoa, com acesso ao Palácio, a razão pela qual o Rei não regressava a casa já que via que tinha havido uma recuperação, não havia comunicados médicos sobre a sua saúde e por certo no Palácio teria todos os meios necessários para convalescer.

A resposta que obtive era a de que o Rei se sentia muito feliz em Siriraj, hospital fundado pelo seu pai, o Principe de Songkla, e da sua penthouse pode observar o rio, o templo do Buda esmeralda e todos outros maravilhosos edifícios que por ali se encontram.

A felicidade é um dos melhores remédios para as maleitas.

Quem Manda e Quem Obedece?

A querela à volta do detector de explosivos GT200 promete aquecer depois das declarações de ontem e que hoje aparecem em grande manchete nas primeiras páginas dos jornais.

Por um lado Abhisit diz: “É demasiado arriscado continuar a utilizar o detector já que ele pode dar indicações erradas….o que é que irá acontecer se o equipamento estiver errado”.

Pelo seu lado Anupong diz: “As forças no terreno devem continuar a utilizar o GT200 com confiança na sua eficácia. Isto pode não se explicar cientificamente mas, acreditem, estou a dizer a verdade”

Numa conferência de imprensa, acompanhado de todo o seu estado maior, o General Anupong desafiou o Governo, e a sua autoridade, e no fim colocou os pontos nos is sobre quem efectivamente manda.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

GT200

Já aqui referi no dia 29 os problemas havidos com o detector de explosivos GT200.

O detector começou por ser utilizado pela Força Aérea, ainda em 2005, alargou o seu campo de utilização durante o governo do General Surayud onde era utilizado pela sua segurança pessoal e ganhou o seu apogeu com a compra feita pelo General Anupong em Março de 2009.

O caso levantado em Inglaterra contra a companhia que produz os equipamentos e que já levou á cadeia um dos seus executivos por fraude fez com que a comunicação social na Tailândia viesse pôr em causa a utilização dos equipamentos e a pressão acabou por levar o PM Abhisit a ordenar que fossem conduzidos testes.

Estes aconteceram no fim de semana passada e, sem espanto, mostraram a total ineficácia dos aparelhos que só conseguiram detectar 4 explosivos numa amostra de 20.

O PM ordenou que fossem postos de lado os aparelhos mas o todo poderoso General Anupong, embora admitisse os resultados dos testes levados a cabo, reafirmou que continuarão a ser utilizados na “campanha do Sul”.

Num artigo de opinião hoje publicado no The Nation, Pravit Rojanaphruck, perguntava se isto era a negação da realiade, corrupção ou ambas.

Entretanto Abhisit ordenou que fosse investigada a compra dos GT200 já que é referido que o preço de mercado ronda os 500.000 bath enquanto os que foram comprados por Anupong custaram 1.4 milhões cada.

O PM veio, também, requerer que a firma inglesa, produtora dos GT200, assumisse as responsabilidades mas o tiro pode sair pela culatra já que o contracto assinada pela Tailândia impossibilita esta de fazer testes científicos aos equipamentos.

Anupong está com má sorte pois um Zepelim, denominado Spy Dragon, que encomendou, por 350 milhões de bath, a uma empresa americana para sobrevoar o Sul em missão de vigilância e que deveria ter sido entregue em Outubro, está estacionado numa base na província de Pattani inoperacional e sem que o equipamento que deveria ter visto tratar-se de equipamento militar e não foi obtida a devida autorização de exportação. Para alem do mais o engenho mostra-se inadequado para as temperaturas da região e o seu custo de operacionalidade é muito superior ao esperado, pelo menos assim é referido.

Comenta-se, com alguma piada, que se houvesse no mercado um detector de sensibilidades na relação entre Abhisit e Anupong ele estaria já em uso nos dois “bunkers”. Entretanto o PM fez um "upgrade" no seu carro, utilizando agora um Range Rover altamente blindado, não vá haver alguma bala perdida que se travesse no caminho.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Thaksin e a Justiça


Já por várias vezes falei do sistema de justiça tailandês, fundamentalmente criticando a sua ineficácia e morosidade.

Só lembrando um milésimo dos casos mais recentes: Santika, a discoteca que ardeu causando dezenas de mortos; a ocupação dos aeroportos que causaram milhões de milhões de prejuízos ao pais; o ataque à cimeira da ASEAN, que fez o pais perder credibilidade internacional, já tão afectada; a tentativa de assassinato do líder amarelo Sondhi L.; etc,.

Está agora chegado o dia do grande julgamento, o julgamento sobre os bens de Thaksin Shinawatra que se encontram confiscados desde o golpe de estado de 19 de Setembro de 2006.

No próximo dia 26 o secção do Supremo Tribunal de Justiça especial para julgar casos envolvendo detentores de cargos políticos, instancia da qual não há apelo, irá decidir, se não adiar uma vez mais como o já fez por bastantes vezes, qual o destino a dar aos cerca de 1,5 mil milhões de Euros que se encontram custodiados em bancos tailandeses.

É de crer que desta vez o julgamento irá para a frente e portanto haverá uma decisão já que o pais está preparado psicologicamente para que tal aconteça.

É espectável que a confiscação dos bens aconteça mas existem argumentos para que seja feita na totalidade ou somente em parte alegando-se neste caso que Thaksin antes de ter subido ao poder já tinha adquirido parte considerável da sua fortuna.

Deixemos ao tribunal a tarefa de decidir e ao povo tailandês a de aceitar o veredicto seja ele qual for.

O que me interessa hoje é voltar à questão das deficiências nos sistemas de investigação, judicial e processual no pais.

Thaksin vai de novo a julgamento por uma causa errada se bem que uma condenação neste caso possa desencadear um processo criminal que há muito já deveria ter acontecido.

Neste momento Thaksin está fugido do pais por ter sido condenado por “conflito de interesses” num caso demasiadamente dúbio. A sua mulher comprou um terreno pertencente a um fundo de investimentos gerido pelo Banco Central. Como era casada o marido, neste caso o PM, tinha de assinar, também, os documentos da compra. A senhora foi ilibada de qualquer violação de direitos, aceitando-se assim que ela comprou os terrenos sem violar a lei, mas o marido, ao apor a sua assinatura entrou em conflito de interesses visto o Banco Central estar dependente dele! Desde quando é que os Bancos Centrais estão dependentes do poder politico? Como é que na mesma transacção uma parte é ilibada e a outra é acusada?

A conclusão foi a de que Thaksin por apor a sua assinatura “apanhou” dois anos de prisão efectiva. Para não servir tal sentença resolveu fugir do pais. O poder politico ameaçou centenas e vezes que iria pedir a sua extradição mas só o fizeram muito recentemente quando o fugitivo entrou no Camboja.

No dia 26 mais uma vez o que vai a julgamento, do ponto de vista processual, são os bens de Thaksin, sempre um assunto tão querido num pais onde o dinheiro toma sempre o lugar de honra. Parece-me que mais uma vez o que está em questão é errado.

O que se deveria julgar, para alem dos crimes contra a humanidade cometidos por Thaksin, na guerra contra a droga, no combate aos povos do Sul do país e outros, era o abuso de poder prática comum durante os seus anos no poder.

As operações que estão em julgamento e que levaram ao excessivo enriquecimento de Thaksin são na sua generalidade legais. Isto acontece em todos os estados em que as instituições são fracas ou corruptas. O poder politico aproveitando-se da situação legisla não em proveito do pais mas em proveito dos interesses privados próprios ou de grupos. Quantas vezes já vimos isto pelo mundo fora?

Assim fez Thaksin. Utilizou o poder de que estava democrática e legalmente investido para, através da aprovação de textos legais, nunca rebatidos quer nos tribunais quer no Parlamento devido à sua fraqueza politica, para seu proveito pessoal. O locupletamento não é uma causa mas uma consequência de uma prática criminal ou no mínimo dolosa, e portanto o que deveria estar em julgamento eram os seus anos no poder e a forma como utilizou esse poder para si, sua família e as suas empresas.

A investigação e o sistema de justiça é tão pouco eficiente que há dois ou três dias a caravana do PM Abhisit, foi por duas vezes “atacada” por dois carros que tentaram intrometer-se nela sendo que um deles quase que chocou com o caro oficial, e até agora nem sequer foram chamados para interrogatório os condutores sendo que as viaturas estão identificadas. Como é óbvio casos destes, e as acções ou falta delas consequentes, levantam logo a dúvida se na realidade isso aconteceu, se foi feito pela própria “entourage” ou seja se foi só um golpe de propaganda, como tem havido vários nos últimos dias, tendente a criar um clima propício a que as forças de ordem, que montaram postos de controlo por toda a capital, possam intervir contra os camisas vermelhas que alegadamente estarão a preparar o “ataque final” para o tal dia 26, coisa que já formalmente desmentiram dizendo que nem sequer se irão manifestar junto do Tribunal.