quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Situação na Fronteira

Após 6 dias de escaramuças na fronteira e das queixas de muitos, fundamentalmente daqueles que ou vivem nas zonas onde se passam os combates ou do comércio que por elas passa, parece que a postura dos militares de ambos os lados abrandou ligeiramente e hoje, até ao momento não ouve troca de tiros.

Contudo estamos longe de ter as questões esclarecidas.

Uma reunião entre os dois Ministros da Defesa agendada para hoje acabou por ser esta manhã cancelada abruptamente pelo Ministro Pravit depois de um jornal de Phnom Penh ter reproduzido palavras atribuídas ao Ministro da Defesa cambojano dizendo que os tailandeses teriam solicitado que as partes se sentassem á mesa das negociações facto que foi visto, deste lado da fronteira, como uma tentativa de fazer crer que os tailandeses tinham capitulado ou estavam a ser forçados a sentarem-se a uma mesa negocial depois de serem derrotados na frente de combate. Entretanto, em mais umas declarações desligadas, o PM Abhisit disse também esta manhã durante uma visita que fez ás tropas estacionadas na frente de combate, que as reuniões com os cambojanos, com o objectivo de encontrar uma solução pacífica para o conflito, aconteceriam como estava previsto.

A tensão é tanta que qualquer mal entendido é pretexto para atitudes ou respostas de uma ou de outra parte.

Num artigo de fundo hoje no jornal The Nation, Supalak Ganjanakhundee, titula que a Tailândia necessita de rever a sua posição sobre a questão da fronteira e alega que Abhisit tem errado na postura diplomática ao tentar misturar várias questões diferentes e impossíveis de coordenar no mesmo período de tempo.

A seguir os desenvolvimentos durante o resto do dia. Recorde-se que as escaramuças ontem aconteceram não só no local onde se têm desenvolvido desde Sexta-feira mas também e de novo em volta de Prahe Viharn, cerca de 150 km a nordeste.

Entretanto ontem o conselho de ministros aprovou dois pedidos pelos militares de mais fundos: um no valor de 28 milhões de Euros para as actuais operações na fronteira e outro de 207 milhões de euros para um fundo especial do Comando Operacional das Forças Armadas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mais Uma vez. Tailândia e Camboja

Tropas tailandesas e do Camboja voltaram a confrontar-se desde Sexta-feira passada contando-se até ao momento 12 mortos e umas dezenas de feridos, alguns com gravidade, números referentes a acidentados dos dois lados.

Como de costume ambas as partes acusam a outra de ter feito o primeiro disparo e cada vez parece mais longe a possibilidade de encontrar uma solução negociada e pacifica para o conflito nesta tão mal demarcada fronteira entre os dois países membros da ASEAN. Hoje mesmo o MNE Indonésio, presidente em exercício da associação, era para se ter deslocado às duas capitais no sentido de entender a situação e encontrar uma saída mas acabou por ter de cancelar as visitas visto ter concluído que não iria conseguir adiantar nada.

Para além da longa história já várias vezes relatada recorde-se que a 22 de Fevereiro passado, após uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, os MNE dos 10 países da ASEAN reuniram-se no sentido de encontrar uma plataforma de entendimento para o conflito e acordaram que a Indonésia enviaria para a fronteira uma equipa de observadores e igualmente acolheria no seu território uma reunião da Comissão de Demarcação de Fronteira (JCB) que está inoperante desde há muito.

O Camboja de imediato acordou nos termos de referência da missão de observadores mas a Tailândia, por imposição dos seus militares, paralisou o processo. De igual modo o Ministro da Defesa e o comandante-chefe do Exército recusaram participara na reunião do JCB alegando que ela deveria realizar-se sem a participação de terceiros ao contrário do acordado pelo MNE Kasit em Jacarta.

Deste modo foi-se vivendo umas tréguas não formalmente acordadas e nada foi avançado no processo de encontrar uma solução para o problema. Tem sido sempre esta a posição da Tailândia a de evitar a intervenção de terceiros no conflito possivelmente devido ao sentir de que se estes vierem a ter alguma participação numa decisão essa será, como sempre tem sido nos fóruns internacionais, favorável ao Camboja.

A Tailândia prefere viver assim numa paz podre alegando sempre que os militares dos dois países têm uma muito boa relação e as escaramuças que possam acontecer são sempre incidentes provocados com intenções políticas externas aos interesses na região.

Refere hoje uma notícia que ontem mesmo quando o MNE Kasit visitou de surpresa a área os militares não o deixaram ir á zona do conflito alegadamente por motivos de segurança mas, relata-se, na verdade para mostrar o desacordo por parte dos militares com a forma como tem conduzido o processo.

Os militares de ambos os países fizeram deslocar para o local fortes contingentes e ambos têm também utilizado por vezes a força aérea quer para espionagem quer para bombardear posições, isto no caso dos tailandeses, como é conhecido muito mais bem apetrechados em equipamento.

Parece contudo hoje claro que o incidente desta vez foi preparado e montado pelos cambojanos no intuito de mais uma vez pressionar os tailandeses a aceitarem a mediação internacional.


Na semana passada o exército cambojano fez deslocar para o local homens e equipamento para "um exercício de rotina" e numa zona territorial em disputa começaram a construir um "bunker" de protecção tendo levado, segundo observadores, a que o exército tailandês tivesse aproximado os cambojanos exigindo a destruição dessa construção. Do lado contrário diz-se que os tailandeses em vez de solicitarem a paragem dessa construção começaram logo a disparar e desse modo as tropas tiveram de responder.

Enfim as escaramuças vão continuando, os locais (mais de 30.000 deslocados no lado tailandês) sofrendo as consequências e como sempre culpando os políticos pela situação.

Resta continuar atento e ver o que se passa amanhã mas o volume e a qualidade de tropas e equipamento colocado de um e de outro lado na fronteira nas províncias de Surin e Buriram, do lado tailandês, não é bom presságio de nada positivo.