sábado, 27 de março de 2010

Um Dia Tenso

Embora não tivesse havido a préviamente anunciada e posteriormente cancelada marcha pela cidade, à semelhança da do dia 20 e muito maior segundo os desejos dos orgamizdores, o dia acabou por ser bastante tenso mas mostrou por outro lado a capacidade de entendimehto que há entre as duas partes.

As conversasões entra Veera da UDD e o Primeiro Ministro Abhisit ainda não se realizaram mas hoje alguns dos segundos segundos planos desempenharam bem o seu papel.

Como referi de manhã a UDD tinha decidido enviar manifestantes para os oito pontos onde estavam estacionados soldados no distrito de Dusit.

Tal aconteceu e os manifestantes tinham uma palavra de ordem para os militares: regressem aos quarteis.

Durante algumas horas houve mensagens trocadas através quer dos microfones quer da comunicação social e acabou por haver um compromisso com os soldados a sairem dos locais sendo substituidos por forças da Polícia.

O caso mais complicado aconteceu quando os manifestantes decidiram dirigir-se para a Governement House, a sede do Governo, que está transformada numa verdadeira fortazela protegida por várias cercas de arame farpado para além de vários equipamentos pesados do exército, bombeiros e carros da municipalidade.

Talvez a memória dos 193 dias em que os "amarelos" do PAD ocuparam e destruiram muito nos edifícios e parques do complexo, destruição que custou aos cofres do estado cerca de 15 milhões de Euros de reparações, segundo o actual Ministro das Finanças, tenha criado o fantasma de nova ocupação selvagem e de tudo o que se seguiria.

A UDD contudo tinha só um pedido, o mesmo que fez nos outros locais. Que os militares abandonassem o local.

A tensão durou pouco mais e uma hora, o que foi bom pois terá evitado que alguém de dentro da multidão se exaltasse e fizesse explodir os acontecimentos.

As negociações levadas a cabo pelo Major General Wichai do exército e Suporn da UDD acabaram por produzir efeitos e, de um lado os manifestantes retiraram para a ponte Phan Fa, e por outro os militares entraram para dentro do complexo abandonando o cerco exterior que mantinham.

Foi anunciado que amanhã Veera Musikapong, o líder principal da UDD e que assina os comunicados do movimento como Presidente, em conjunto com os manifestantes irá deslocar-se para o 11º Regimento de Infantaria onde está retirado o PM desde o início dos acontecimentos, na intenção de falar com o PM. Recorde-se que a UDD tem sempre insistido que só fala com o PM pois diz que ele é o único que pode dar resposta ao pedido deles: a dissolução do Parlamento.

Entretanto um pouco por toda a cidade havia pequenas caravanas de "vermelhos" mas sem que isso tivesse causado qualquer incidente. Entretanto está neste momento a decorrer a recepção oficial oferecida pelo Presidente do Paralamento Tailandês aos participantes na reunião da associação interparlamentar (IPU) que traz a Bangkok cerca de 1.500 deputados e senadores de todo o Mundo. Só a Espanha, à última da hora, decidiu não participar por motivos de segurança. Aliás o Ministério dos Assuntos Exteriores de Espanha foi o único a emitir um aviso aconselhando os seus nacionais a não visitarem a Tailândia.

O dia acaba assim com calma e a razão acabou por prevalecer evitando que a tensão escalasse e acabasse por ser incontrolável.

Veremos o que nos trás o amanhã!

Hoje Sábado dia 27

Afinal ficamos num ponto intermédio sobre as manifestações do dia de hoje.

A UDD decidiu não avançar com a marcha pela cidade como aconteceu no passado dia 20 mas vai organizar oito diferentes desfiles, todos dentro do distrito de Dusit, onde se encontram actualmente.

Os manifestantes, em oito grupos como referi, irão até aos locais onde estão estacionados os militares que o Ministério da Defesa fez deslocar para a protecção da cidade para lhes dizer que é altura de regressarem aos quarteis.

Não me parece que tenham grande sucesso na missão.

Os oitos pontos, são para espanto daquilo que pode ser o nosso entendimento, seis templos, uma escola e o jardim zoológico de Bangkok.

Pessoalmente faz-me um pouco confusão que os militares tenham ocupado os templos e a escola. Parecem-me ser locais dedicados a outras funções mais nobres.

Outra questão pela qual por certo a acção da UDD não terá grande sucesso é o facto de os soldados destacados estarem a receber 400 bath por dia. Este facto também está a causar grande contestação devido ao facto de os militares que estão estacionados no Sul, onde diáriamente existem rebentamentos de bombas e morrem pessoas, receberem somente 180 bath.

Ontem a UDD levou a cabo uma reunião com o corpo diplomático para explicar os objectivos da sua luta. Estiveram presentes 15 países e dois fizeram-se representar ao nível de Embaixador.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Será ou não Será

Cada vez se torna mais complicado dizer algo sobre o que se passará nem que seja daqui a uma hora.

Parece agora que afinal a decisão sobre haver ou não manifestação amanhã voltará a ser revista pela manhã.

A imposição de medidas especiais pelo Governo, há pouco anunciadas pelo seu porta-voz (seja bem vindo Dr Panittan pois há dias que tinha sido substítuido pelo Coronel Samsern), devido à realização da convenção dos parlamentares de todo o Mundo que começa amanhã em Bangkok, terá sido a razão ou a desculpa para que a UDD anunciasse que só pela manhã a decisão final seria tomada.

Sábado 27

Durante a semana a UDD tinha anunciado que amanhã, 27, iria repetir a manifestação pelas ruas de Bangkok ao estilo, mas maior, do que aconteceu Sábado passado.

Ainda não é oficial mas há grande probabilidade de que tal não venha a acontecer.

Conversações entre Weng e Korbsab acordaram no cancelamento da manifestação contra a promessa e garantia dada pelo governo de que a UDD pode continuar em Phan Fa sem ser incomodada. Falta agora as bênçãos dos superiores.

Desde Quinta-feira que a UDD começou a queixar-se dos movimentos de militares nas redondezas do centro da manifestação e da eventual carga contra os manifestantes que esses militares estariam a preparar.

A UDD reagiu dizendo que se fossem desalojados pela força do local se reagrupariam na intersecção de Rajaprasong, mesmo no centro de Bangkok, e se tal acontecesse seria um verdadeiro caos no trânsito na cidade ficando esta porventura bloqueada. Para além disso traria ainda maiores problemas para a convenção da Inter-Parliamentary Union que se inicia no Sábado na capital e traz á cidade Deputados de muitos países do mundo. A cerimónia de abertura está marcada para aquele local no centro da cidade amanhã pelas 6.30 da tarde. Teria sido extremamente mau para o já tão desgastado prestigio internacional do país.

Um bom sinal o facto de as partes falarem e de conseguirem pequenos acordos o que mostra sempre a possibilidade de estender esse diálogo a outros temas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Cerco ao Parlamento

Ontem era para ter havido uma sessão do Parlamento mas esta acabou por decorrer sem a presença dos Deputados da oposição.

Depois de na manhã todas as forças terem declarado estar prontas a reiniciar os trabalhos na parte da tarde de ontem os militares, aparentemente sem ordem do governo, mas no exercício dos poderes que lhes confere a Lei de Segurança Interna, fizeram deslocar para o local um contingente de polícias e militares, bloquearam o edifício com arame farpado e montaram uma guarda cerrada á volta da câmara o que fez com que os Deputados da oposição se recusassem a estar nos trabalhos enquanto cercados pelos militares.

O aparato e a reacção dos militares foi de tal forma desmedida que o próprio presidente do Senado, Prasopsuk Boondet, um senador da área do governo e pertencente á metade não eleita, comentou que muitos dos Senadores se sentiam incomodados pelo ambiente demasiadamente tenso que se vivia e que impedia o normal desenrolar dos trabalhos.

Hoje o Vice Suthep já anunciou que pela tarde os militares levantarão o cerco ao Parlamento mas essa medida é inútil, e só para consumo político, visto que amanhã não está prevista nenhuma sessão.

Thaksin

Amanhã Thaksin e os membros da sua família condenados na decisão do Tribunal para Detentores de Cargos Políticos do passado dia 26, apresentarão recurso da sentença.

Esta instância só permite apresentar recurso caso os condenados mostrarem ter obtido provas adicionais que podem fazer reverter a direcção da sentença. O recurso sobre o mérito ou sobre os fundamentos da sentença não é admitido visto tratar-se de um tribunal especial.

De qualquer modo o "clã" Shinawatra deve entender ter encontrado evidências adicionais e irá apresentar amanhã os seus recursos. O prazo termina no Domingo 28.

Posto isto o Tribunal decidirá sobre se aceita ou não o recurso e no caso de o (s) aceitar irá proceder à sua apreciação e decisão sobre a matéria.

Terminada toda esta tramitação a sentença transitará em julgado e iniciar-se-á o processo de execução da sentença que implicará a atribuição ao estado dos bens confiscados e retorno aos arguidos dos bens libertados. A partir dessa altura poderão iniciar-se, igualmente, todo o tipo de processos criminais e civis julgados necessários em funções de certidões extraídas da sentença e ou do processo inicial.

Como já uma vez referi o processo de colocar os pregos no caixão de Thaksin será então iniciado.

O fugitivo ex PM tem estado silencioso desde o seu regresso ao Dubai e o facto deve-se a que as autoridades dos Emiratos o alertaram para a obrigação de não utilizar o território para lançar actividades políticas contra um estado com o qual os Emiratos mantêm relações diplomáticas. Os cantos no mundo onde se pode esconder e daí manter a pressão sobre os seus apoiantes vão se reduzindo e isso será porventura mais evidente se Thaksin vier a ser condenado em qualquer acção criminal na sequência da condenação do passado dia 26.

Recorde-se que após três anos e meio de ter sido removido do poder pelo golpe de estado de 2006, Thaksin ainda não foi condenado por nenhuma actividade criminal e a única condenação, transitada em julgado, é por conflito de interesses. Este é uma das razões porque a comunidade internacional, e todos os juristas, ficam confundidos quando o Ministro Kasit, continuadamente fala em requerer a extradição do ex PM. Declarações politiqueiras só feitas para consumo interno mas profundamente enganosas. Porque é que nunca se pergunta porque é que a Tailândia não extradita o negociante de armas Victor Bount, em prisão preventiva na cadeia de Klong Prem, quando ele é acusado de crimes pelos Estados Unidos e existe um pedido de extradição emitido pelas competentes autoridades?

Thaksin vai a partir do momento do trânsito em julgado da sentença passar por certo um mau bocado. Até agora tem podido "divertir-se", jogando quer golfe quer à politica, mas os tempos que se aproximam prometem ser mais complexos. Thaksin deveria saber bem e ter a clara consciência de que a única solução que tem é (ou era pois já me parece tarde), ter pedido perdão, aceitar o veredicto da primeira sentença, ir passar uns dias á cadeia, pois por certo seria-lhe concedida liberdade condicional, e participar no processo da mudança política, se assim entendesse, sem ambições de poder.

Thaksin não é nem pode ser parte da solução para as divisões no país. A sua postura a partir do momento em que decidiu ter um caminho contrário quer á prática quer á cultura da sociedade traçou-lhe o destino.

A cultura budista assenta muito em dois conceitos quando se lida com práticas erradas. "Forgive and Forget", ou seja pede desculpa que serás perdoado ou que esqueceremos os teus maus actos.

Thaksin, com a sua teimosia que o levou sempre a nunca ouvir ninguém – tenho um amigo pessoal que trabalhava diariamente com ele e tal confirma – e o convencimento de que o seu poder lhe permitia tudo, foi o seu próprio coveiro. Agora como disse só falta pregar os pregos no caixão.

Ontem ouvi um dos mais influentes membros do governo ter uma visão clara daquilo que é a UDD. Dizia o Ministro: são actualmente três grupos – os thaksinistas, os comunistas e os verdadeiros democratas.

É um facto que assim se passa na UDD e assim normalmente se passa em todos os movimentos frentistas. Até agora quem tem tido a condução dos acontecimentos são os Democratas e aqueles que querem fazer as mudanças pacificamente e de uma forma evolutiva.

É urgente que o governo saiba estender a mão a estes que os liberte dos radicais que os cercam e encontre a (s) plataforma (s) de trabalho para delinear o futuro.

Infelizmente as palavras que ouvi desse Ministro, não são as mais encorajadoras já que quer fazer exactamente o que disse mas através de métodos que se querem ver abolidos, no fim através dos mesmos meios de que acusam a UDD e que têm servido para retirar legitimidade aos actos eleitorais.

Abhisit que é um homem de outros círculos e que sabe aquilo que não se deve fazer, tem a palavra.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ontem e Hoje


Thanpuying Viraya Chawakul, até há bem pouco tempo uma das mais próximas aias da rainha Sirikit e presidente de várias associações de iniciativa da rainha, espantou tudo e todos quando decidiu aparecer na manifestação da UDD e falar para os manifestantes.

Ainda recentemente em 2009 numa entrevista para uma estação televisiva tinha afirmado que os camisas vermelhas eram estúpidos e que tinham caído numa armadilha.

Na passada semana quando decidiu ir visitar e falar para os manifestantes em Phan Fa disse estar muito satisfeita por ter tido um acolhimento tão caloroso e que todos sabiam ela trabalhava para causa caritativas e gostava de ver o povo tão unido e alegre e tinha sido essa a razão por que ali estava. Disse ainda que a comunicação social dizia muitas coisas sobre ela mas sabia que as pessoas ali sabiam distinguir quais os media em que deveriam acreditar ou não.

Numa nota com alguma piada disse que era acusada, por essa tal comunicação social, de ter beneficiada com Thaksin mas que ela era muito mais rica que o ex PM pois não tinha marido nem filhos e não sabia onde gastar o dinheiro.

Ficou assim a saber-se de onde vem o dinheiro para a manifestação. Suthep dizia na passada semana que havia agora muitas pessoas, para além de Thaksin, a financiar a campanha, e pelos vistos alguns mais ricos que o fugitivo ex PM, de novo a gozar as parais dos Emiratos Estados Unidos.

O Passado e o Futuro

O passado é fundamental para sabermos interpretar os acontecimentos e para sedimentar-mos os nosso conhecimentos.

Sem o conhecimento do passado o futuro é vazio, desfocado talvez!

Mas será que sem olhar para o futuro conheceriamos tanta coisa nova que temos? Ou será que as não queremos conhecer?

Seria sem ver mais além que iamos construíndo, desenvolvendo algo?

Ficar no passado é morrer, ficar no passado é cegar voluntáriamente, é descrer e é sobretudo não acreditar nas pessoas e na sua capacidade para construir o futuro.

Sei que é uma frase feita mas construir o futuro é imperioso senão os nosso filhos, os nossos netos vivem de quê? De recordações? De ideais gastos?

A história é o alimento dos homens e da sua mente mas se não a digerem, engordam, aburguesam-se e param. Parar é renegar, é descrer é ser o não ser.

Torna-se imperioso entender o momento, comparar "notas" com o passado, olhar aquilo que está à frente a agarrar o desenvolvimento e a criação do futuro. Ele está a acontecer a todo o momento e os que o querem travar são os cobardes da história mas são fundamentalmente os derrotados da história.

O futuro se não se faz aqui faz-se ali e quem perde é quem está aqui.

terça-feira, 23 de março de 2010

Passos Atrás e para a Frente


O Almirante Pajun Tampratheep, ajudante de campo do General Prem Tinsunalonda, 90 anos no próximo Agosto, desmentiu que este estivesse hospitalizado dizendo que se encontra de boa saúde.

Não sei se o General Chavalit afirmou estar o seu amigo General Prem no hospital por conhecimento directo do facto ou se terá sido uma "boa mentira" no sentido de tirar da boca dos manifestantes as permanentes palavras de ordem contra o Presidente do Conselho Privado do Rei.

Entretanto também o anuciado retormar dos trabalhos parlementares acaba de sofrer um retrocesso quando o Puea Thai afirmou não se apresentar no Parlamento enquanto lá estiverem aquartelados militares.

De facto ao início da tarde foram deslocados para o complexo onde se econtra o Parlamento 300 soldados armados e o edifício foi cercado presumívelmente para protecção ao seu funcionamento com medo da repetição dos incidentes como os do 7 de Outubro de 2008 quando o PAD cercou o Parlamento impedindo os deputados de funcionar e agrdindo os que sairam pela porta principal o que obrigou muitos a saltarem os muros das traseiras fugindo para o local que acolhe o antigo palácio de verão do Rei Rama V.

Quando se dão passos atrás e passos para a frente o importante é que o saldo seja positivo ou seja que se avance, nem que seja um milímetro.

Unir ao Centro

O partido Puea Thai, aquilo que se pode chamar o braço político dos vermelhos, realizou à pouco uma conferência de imprensa e ela revelou alguns aspectos que merecem nota e comentário.

Talvez sem ser uma coincidência o líder da bancada parlamentar dos Democratas anunciou, ao mesmo tempo, que todos os Deputados do partido irão estar presentes nos trabalhos do Parlamento.

Daquilo que foi dito na conferência de imprensa há a realçar o seguinte:

O General Prem está hospitalizado e não intervem na presente actividade política tendo Chavalit, o Chairman do partido dito ainda que iria enviar alguém para ver o velho General com quem muito trabalhou no passado. Prem é um (o) dos alvos principais da UDD na medida em que o identificam com tudo o que é objecto da contestação vermelha. Afirmar que Prem está ausente do presente debate retira “legitimidade” ao movimento para continuar a pressionar o General. Util seria que o mesmo pudesse acontecer com Thaksin. Muito ajudaria o presente momento.

Outra importante afirmação foi a de que o partido tem agendados encontros com os parceiros dos Democratas na coligação no poder para os convencer a aderir à dissolução do Parlamento. Anteriormente o Puea Thai afirmava sempre que o que pretendia era que os parceiros da coligação retirassem o apoio aos Democratas para regressar ao seu seio de onde sairam em Dezembro de 2008. É uma pequena diferença mas suficiente para ver que o partido evoluiu na sua posição e aborda agora uma posição constructiva no sentido de encontrar uma nova e renovada legitimidade para o governo do país.

A forma organizada, pacífica e ordeira como a UDD se tem manifestado e as forças que apoiam o governo têm igualmento agido, mostra que as duas partes se respeitam e acima de tudo querem encontrar formas de diálogo positivas e respeitandoras do país e do povo.

Compete ás forças políticas entender a necessidade de encontrar os pontos de acordo e não os pontos de conflito. Isolar as franjas, quer os hiper conservadores quer os radicais, criando o espaço no centro onde, apesar das diferenças de ideias, se pode debater e fazer avançar o processo de consolidação da unidade e reconciliação, é no momento a grande tarefa que os partidos políticos deverão ter em mente.

Abhisit já entendeu isso, parece que os partidos com assento parlamentar também, a própria liderança da UDD está nesse caminho e por isso é fundamental não deixar fugir da mão esta oportunidade sob pena de se ver quer Abhisit quer a UDD reféns de radicalismos nefastos.

Presente de Bom Comportamento


Embora o governo continue com dificuldades em se reunir, sendo apelidade pela comunicação social de governo em movimento, isso não impediu o Ministro da Defesa de emitir um comunicado para todas as unidades dos três ramos das forças armadas para que preparassem a sua lista de compras.

As unidades foram assim instruídas para enviar ao Ministério a lista do material que julgam necessário adquirir.

Num momento em que os agricultores sofrem um forte declínio nas suas produções devido à seca, num momento que que estão parados vários projectos de investimento público face aos cuidados com que o Ministro das Finanças manuseia um orçamento ainda não suficiente para apoiar a retoma, já ténuamente visivel, da economia, não se compreende que as forças armadas vejam os seus orçamentos reforçados e o seu equipamento aumentado.

Tem sido um prática constante deste Ministro da Defesa, ele próprio um General na reserva, o pedir mais e mais para os seus homens e para que isso suceda tem contado sempre com o forte apoio do Vice-Primeiro Suthep.

Não admira que hoje o Bangkok Post na sua primeira página faça a ligação desta notícia com o facto de Abhisit ther de agradecer aos militares o apoio “comprando”, com este presente mais tempo desse indispensável suporte e a garantia de que não intervirão com mais um golpe de estado.

O orçamento para o sector militar aumentou neste ano fiscal em cerca de 15%.

Já anteriormente o Governo tinha aprovado uma linha especial de despesa para dar subsídio aos 30.000 soldados, este acaba por ser o número anunciado pelo Ministro, que estão neste momento encarregados da segurança em Bangkok. O per diem dado a estes soldados é 3 vezes o que eles recebem em tempo normal.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Frases e Comentários Soltos

  • A UDD sabe todos os meus planos logo que eu os penso – Vice Primeiro Ministro Suthep.
  • A manifestação de Sábado não convenceu os habitantes de Bangkok – Thai Rath
  • Abhisit Vejajiva, está enfraquecido e já é um dos líderes políticos mais contestados da história da Tailândia – Thai Rath
  • A UDD rompeu com as negociações – Matichon e Post Today
  • As entradas de visitantes no país subiu ligeiramente comparando com o mesmo período de 2009 - Ministério dos Negócios Estrangeiros
  • O número de visitantes para o ano de 2010 deverá cair cerca de 30% - Presidente da Associação das Empresas de Turismo
  • Tenho saudades da minha mulher e dos meus filhos - Abhisit Vejjajiva
  • Um dos manifestantes contraiu o virus da gripe H1N1 – Jurin, Ministro da Saúde Pública
  • O homem que contraiu o virus da gripe H1N1 é um voluntário do Ministrério do Interior e não um manifestante - Vice Governador de Bangkok
  • Os militares disseram que não usarão as armas contra nós – Manifestante depois de ter podido investigar o equipamento dos militares
  • Thaksin tem de escolher se quer ser Tailandês ou Montenegrino – Buranat, Deputado Democrata

Chang Noi àcerca de Sábado


Chang Noi (pequeno elefante), é o pseudónimo da parelha, Chris Baker e Pasuk Pongpaichit, académica de Culalongkorn, é o autor de inúmeros livros sobre questões da política tailandesa.

A Professora Pasuk tem sido uma das vozes mais activas na denúncia da corrupção no país.

Qualquer presença quer de um quer do outro é sinal de “casa cheia” tamanha é a respeitabilidade por estes dois académicos e escritores.

São duas, ou uma através de Chang Noi, das vozes mais independentes e mais lúcidas na Tailândia e é comum vê-los a falar em foruns quer vermelhos quer amarelos para simplificar o exemplo, e todos os escutam com atenção e respeitabilidade. Pasuk, uma forte crítica de Thaksin foi convidada pelo Governo saído da junta que tomou o poder após o golpe de estado de 2006 para acessora mas declinou aceitar preservando a sua independência. Chris foi o autor de um estudo elaborado pelas Nações Unidas sobre a política económica elaborada pelo Rei Rama IX, a Sufficiency Economy Policy.

Regularmente escrevem artigos de opinião no The Nation e mais uma vez o que escreveram sobre a Marcha do passado Sábado ilustra uma visão lúcida daquilo que aconteceu.

Vão ou Não Começar as Negociações?

É esta a questão que se coloca neste momento a pouco menos de 10 minutos da sua esperada concretização não no Parlamento como Abhist propunha mas no Royal Princess Larn Luang Hotel como acordado pelas partes, após proposta da UDD.

A UDD diz que só fala com Abhisit e o Governo decidiu que não será o PM o interlocutor tendo inclusivé Abhisit viajado para o Nordeste do país para observar os efeitos da seca que afecta a região e os agricultores. Abhisit está a caminho de Udon Thani, mas a UDD já fez saber que não deixará pousar o seu helicoptero.

Ontem os parceiros da coligação governamental deram o seu apoio a Abhisit para iniciar negociações mostrando com isso a sua solidariedade com a acção do governo.

O impasse parece ser neste momento difícil de quebrar e a UDD eventualmente poderá ser acusada de teimosia em não abrir um pouco mão da sua exigência de só falar com o PM. Há que entender que também do lado da UDD os anunciados representantes ás negociações não é o seu mais importante líder, Veera, mas outros elementos e assim essa teimosia carece de justificação.

Acresce que seria normal que o diálogo começasse a um nível mais técnico para posteriormente poder subir até ao nível dos decisores. É assim que se conduzem negociações, é assim que se faz uma casa. Primeiro as fundações para no fim pôr o telhado.

Possívelmente a UDD está encantada com os seus sucessos e sente-se com força para continuar e colocar mais pressão sobre o governo. Ontem receberam um muito importante apoio de um dos mais poderosos monges tailandeses, Lungta Maha Bua de Khon Kaen, curiosamente em 2008 uma peça importante na ascensão dos amarelos do PAD na província. De igual modo na sondagem feita pela Universidade Católica e que ontem já mencionei, diz-se, e por uma esmagadora maioria de 88%, que colocar fim à injustiça social e à política de dois pesos e duas medidas, exactamente os slogans da UDD, é fundamental para acabar com o conflito no país.
A questão da teimosia da UDD muito possívelmente estará também ligada com a falta de uma liderança unida e efectiva. É sabido que em muitas questões existem divergências entre os membros que compôem a direcção da UDD uma liderança demasiada alargada para acomodar todas as sensibilidades. Este sempre foi um dos pontos fracos do movimento.

A UDD decidiu também transformar a zona que ocupa numa rua só para peões e, para além de abrir espaço para a tradicional feira da Cruz Vermelha, convidou os artesãos do projecto One Tambon One Product (OTOP), ou seja cada conselho o seu produto, para aí instalarem uma mostra dos seus produtos.

Acabo, por agora este escrito, sem que tivesse houvido eco de que afinal os “teimosos” da UDD apareceram no Hotel. São 11 horas e 14 minutos e nada.

Vence a teimosia ou o bom senso?

domingo, 21 de março de 2010

Explosões e Informações


No momento em que as pessoas perguntam sobre a segurança em Bangkok, se devem vir, se podem regressar, etc é fundamental que a informação seja correcta, isenta e não crie ideias erradas como a que aqui vi expressa. Para que fique claro não há nenhum país, repito, nenhum, que tenha emitido qualquer aviso para os seus nacionais não viajarem para a Tailândia nomeadamente para Bangkok. Requer-se, como normalmente acontece, que as pessoas se abstenham de se misturar com os manifestantes ou frequentarem as suas actividades, embora até ao momento todas tenham sido totalmente pacíficas mesmo a associada ao derramamento de sangue em vários edifícios, que foi na realidade de muito mau gosto, mas não violenta no que respeita a pôr em perigo a integridade fisica de pessoas.

Refere-se a notícia de duas explosões que ontem aconteceram. Deflagraram efectivamente na noite de ontem dois engenhos. Um em Nonthaburi, uma província parte da grande Bangkok e a Noroeste desta cidade, e outro, não no Ministério do Interior como inicialmente foi noticiado, mas junto ao Ministério da Defesa. A primeira granada, já que disso se tratava de acordo com a polícia e o CAPO, não fez nenhuns estragos no edifício da Comissão Nacional Contra a Corrupção deixando no solo uma pequena cratera de 30 cm de diâmetro, e a segunda sim fez uma vítima ligeira, um elemento do pessoal da limpeza para além de ter partido uns vidros. Aliás a fotografia acima, esta manhã publicada pelo Bangkok Post mostra bem os "estragos" provocados pela explosão junto da CNCC.

Igualmente o governo não está a estudar a possibilidade de declarar nenhumas leis de excepção. Desde o dia 11 e até ao dia 23 que o Acto sobre a Segurança Interna está já em vigor e o que o porta voz do governo afirmou foi que o Governo irá analizar a possibilidade de estender o período para além do dia 23 em prícipio até ao próximo dia 7.

Os rebentamentos que aconteceram não foram os primeiros nesta semana mas o quinto e sexto, e em quase todos eles não houve danos significativos a não ser os dois soldados feridos no Regimento de Infantaia 11 mas que estão já recuperados. A UDD negou qualquer envolvimento e o comando metropolitao da Polícia, bem como o CAPO, corrobrou essa afirmação não ligando as explosão com o movimento vermelho. Somente sobre as duas de ontem à noite não há ainda nenhuma declaração.

O único facto de relevo neste contexto foi dito pelo CAPO, que afirmou que as divisões ocoridas na UDD podem ser propícias a actos isolados.

O importante informar e dizer é que ambas as partes acordaram iniciar amanhã no Parlamento o processo de negociações.

Isso é que é importante informar. A decisão das duas partes trabalharem no sentido de econcontrarem plataformas que permitam caminhos para a solução da presente crise que ja se estende desde Outubro de 2005, pois é essa a data em que o governo, nessa altura de Thaksin, deixou de exercer o poder. A partir daí esteve-se sempre em crise, com governos incapcitados por uma ou outra razão de governar e assim conduzir o país.

Muito forte é este país e este povo que mesmo assim consegue avançar e olhar o futuro com olhos de esperança.


Negociações Amanhã?


A marcha de ontem foi um facto que não pode ser ignorado pelo governo e disso já se apercebeu o PM Abhisit que muito prudentemente avançou com o calendário para as negociações. Abhisit falou também da possibilidade de convocar eleições este ano.

Abhisit marcou para amanhã ao meio dia no Parlamento o local e hora para se iniciarem as negociações. De um lado estariam dois emissários do governo, Satit e Korbsab, e do outro dois da UDD, Dr. Weng e Jaran.

Esta vem agora, ou numa manobra de pressão ou de rejeição, anunciar que só dialoga directamente com Abhisit.

Espera-se que sejam só os normais soluços pré negociação como sempre acontece quando cada uma das partes tem necessidade de sentir o pulso da outra.

O facto, e positivo, é que ambas as partes falam de se encontrar e discutir as divergências e encontrar os pontos em comum para bem do país. Acaba de sair uma sondagem em que 74,7% dos inquiridos é favorável a negociações entre as partes.

Uma muito importante tafera pesa agora sobre os ombros dos líderes da UDD. Manter a manifestação dentro dos limities que ela tem conhecido e evitar qualquer desvio do principio de não violência que anunciam.