A próxima pronunciamento será no dia 7 de Outubro, e muito provávelemente será um novo adiamento. Aliás ainda não há muito tempo ouvi, eu e muita gente visto estarmos num fórum público, um alto representante do governo, equiparado a Ministro, dizer que quem tinha encerrado os aeroportos não tinha sido o PAD mas a AOT, a empresa que gere os aeroportos no país, e só depois é que os manifestantes os ocuparam visto terem necessidade de encontrar um local para descansar. Não é brincadeira. Foi mesmo dito por esse alto representante do governo de Abhisit na presença de muita gente estupefacta. Usando estes zelosos argumentos legalistas é possível tudo argumentar.
Outros incidentes acabam por se envolver pelo meio e afinal a notícia pode não ser tão boa.
Na reunião da UNESCO recentemente realizada no Brasil, o Camboja apresentou o plano para a gestão do parque histórico do templo de Phrae Viharn que incluía um Comité de Coordenação Internacional para o qual a Tailândia foi convidada, facto que recusou, alegadamente por temer isso ser visto como uma concessão ao país vizinho na disputa que mantêm sobre terrenos não demarcados adjacentes ao templo. Contudo o Ministro tailandês presente acabou por assinar a declaração final da reunião onde estava expresso a manifestação de regozijo dos estados presentes sobre o plano de gestão apresentado, facto que foi de imediato utilizado pelo PAD para mais uma vez levantar a bandeira nacionalista dizendo que o Ministro tinha capitulado e anunciado que iria manifestar-se na Government House, este próximo fim de semana, contra essa posição de fraqueza.
O governo de Abhisit é bem conhecedor de todo o intricado problema, embora ele próprio defensor, enquanto na oposição, da tese amarela de que o templo é do Camboja mas a terra onde está assente é tailandesa, veio dar grande voz ao facto de o Conselho da UNESCO não ter tomado nenhuma decisão na sessão no Brasil e adiado para a próxima reunião esse ponto dando assim algum espaço para "dormir sobre o assunto". Hoje veio também a lume uma carta escrita pelo Príncipe Sisowath, Thomico assessor do Rei Norodom Shiamoni, uma verdadeira peça de cultura diplomática, onde o Príncipe chama a atenção para o que é mais importante neste conflito e que os dois países não devem pôr em perigo a estabilidade da região com argumentações de reclamações territoriais que irão afectar os interesses dos dois povos que têm tanto em comum. Abhisit já deu apoio ao espírito da carta embora comentasse que não conhecer todo o seu conteúdo.
A posição do PAD, mais uma vez puxando pelas emoções nacionalistas, está assim contra o espírito que o governo quer instalar de conciliação e entendimento o que já levou o Vice Suthep a avisar de que se o PAD, os sempre aliados dos Democratas, avançar com alguma manifestação essa será dispersada pela força atento o Estado de Emergência reinante na capital.
Coincidência ou não, hoje mesmo a polícia, depois de já ter confirmado que o processo contra os líderes amarelos iria ser adiado para o dia 7 de Outubro, como acima se refere, avançou que os membros do movimento que não se apresentarem na esquadra amanhã (para ouvir essa decisão direi eu) serão objecto da emissão de um mandado de captura.
Entretanto os líderes vermelhos continuam presos, excepto os que fugiram e Veera Musikapong que foi libertado sob fiança de cerca de 75.000 Euros, e ainda não foram formalmente acusados, facto que é possível devido à lei sobre o Estado de Emergência que rege todas as detenções que têm vindo a ser feitas por todo o país e que ascendem a milhares. Entretanto a Comissão Nacional para a Reconciliação, presidida pelo ex-Acusador Público Kanit na Nakhorn, solicitou ao governo que ponderasse não mostrar em público os detidos agrilhoados de pés e mãos visto tal ser uma imagem de degradação.
Assim prossegue a justiça.