quarta-feira, 2 de junho de 2010

M.R. Sukhunbhand no FCCT

O Governador de Bangkok esteve ontem no Clube dos Correspondentes Estrangeiros para falar da sua cidade, dos acontecimentos dos dois últimos meses e dos desafios que se lhe colocam.

Já uma vez me referi ao excelente trabalho desempenhado por M.R. Sukhunbhand quer durante a manifestação da UDD, onde sempre tentou preservar o melhor que podia os destinos da capital, quer no pós 19 de Maio quando em pouco mais de três dias limpou as ruas das marcas deixadas por 2 meses de ocupação.

O Governador falou ontem com grande emoção sobre o seu trabalho para reconstruir a cidade e para recuperar as feridas deixadas entre os seus habitantes. Nunca da sua boca saiu uma acusação a ninguém e sempre falou no plural usando o "nós" quando se referiu a tudo inclusive aos incêndios que deixaram a cidade a arder.

Começou por dizer que no seu entender tinha sido o período mais triste dos 227 anos da cidade e comparou com a destruição de Ayudhya mas disse que naquela altura podiam apontar o dedo aos birmaneses mas agora "tínhamos sido nós próprios a destruir a nossa terra" e não poderíamos acusar nenhum invasor.

Falou longamente nos planos para recuperar a cidade e para tornar aquilo que era designada a zona vermelha numa área enobrecida da cidade e de todos os esforços do governo da capital para ajudar todos os que foram prejudicados com os acontecimentos de Março/Maio.

Referiu uma questão importante que raramente se vê na comunicação social. Disse que diariamente pela manhã a manifestação de Rajaprasong contava pouco mais do que 1.000 pessoas mas que esse número começava a engrossar a partir das 6 da tarde e que por volta das 9 chegou algumas vezes a atingir os 70.000. A partir disso afirmou que um dos trabalhos grandes na cidade é o de sarar as divisões entre as famílias, os colegas de emprego, os amigos visto no seu entender àparte o núcleo duro que veio de fora da capital o grosso dos manifestantes, tal como os que se manifestavam contra os "camisas vermelhos", eram gente de Bangkok.

No período que se seguiu, de perguntas e respostas o tema que era de esperar apareceu. O seu papel nas negociações, e o seu, conhecido de muitos, encontro com Thaksin.

Sobre o primeiro o Governador disse que após os acontecimentos de 10 de Abril entendeu que era seu dever como "zelador da cidade" fazer algo em seu benefício e assim entendeu entrar em contacto com os líderes da UDD. Disse ser um homem do passado e acreditar muito que os problemas têm de ser discutidos cara a cara e não através de intermediários e que não via isso estar a acontecer. Avistou-se por várias vezes com Khun Nathawut, como referiu, e acordou com ele vários passos possíveis para melhorar o funcionamento da cidade como algumas aberturas de corredores e de espaços neutros. Posteriormente transmitiu as suas conversas ao PM que lhe disse para continuar, até um dia, 8 de Maio, em que recebeu uma mensagem para parar.

Quando lhe perguntaram sobre se era verdade que tinha ido ao Brunei encontrar-se com Thaksin, parou um momento para reflectir para dizer o seguinte: "acredito que quando o Senhor X é o responsável por tudo o que acontece, se queremos resolver a situação é necessário ir falar com o Senhor X", para continuar afirmando que se entender que devo fazer alguma coisa só o faço com o conhecimento do PM. Esta frase despoletou uma nova questão sobre a capacidade do actual PM sobreviver á presente crise.

M.R. Sukhumbhand, que é um potencial sucessor de Abhisit no caso de este "cair", já que é uma figura de topo do partido Democrata, disse que um dos problemas que o PM tem actualmente é que não tem interlocutores com quem falar. "Os líderes da UDD estão atrás das grades. Arissaman, não obrigado! O Senhor X (nunca disse o nome de Thaksin) é actualmente considerado um terrorista". O governo tem agora de arredondar os cantos do quadrado que construiu (em inglês: round the corners of the square it created), concluíu.

Acabou a sessão recebendo uma grande salva de palmas mas antes "requereu" que a Polícia passasse a estar dependente do governo da metrópole pois no seu entender poderia servir o público muito melhor uma indirecta à sempre controversa actuação daquela força de segurança.

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