terça-feira, 1 de junho de 2010

Moção de Censura

Ontem começou, no lugar onde deve acontecer, o debate sobre a situação política no país focado sobre os acontecimentos durante os últimos meses.

O Pheu Thai lançou uma moção de censura contra o governo do PM Abhisit Vejjajiva concentrada principalmente na responsabilidade do próprio e do seu Vice Suthep naquilo que chamam o "ataque à UDD e ao acampamento de Rajaprasong".

É de saudar que os debates sobre as questões pertinentes do país se façam no Parlamento pois a casa da Democracia deve ser, ao contrário da rua, o local privilegiado para se dirimirem diferenças de carácter político.

Um dos problemas que vem acontecendo na Tailândia desde há vários anos é que o debate político é feito na rua e dessa forma diminui-se o papel do Parlamento e do sistema político partidário em geral. Em 2008 vimos o PAD ocupar Bangkok e lutar contra os governos de Samak e Somchai durante 192 dias a fio e em 2009-2010 vimos a UDD trazer também para a rua a luta contra o governo de Abhisit. Em ambas as situações o papel dos deputados dos partidos na oposição foi desprezada e toda a força foi canalizada através destes movimentos de rua com as consequências desastrosas que são de todos conhecidas.

Aplaude-se assim a moção de censura por vir trazer de novo o debate para dentro dessa casa que deve ser a da Democracia.

Contudo este debate de dois dias acaba por não parecer mais do que um debate de surdos. A oposição ao governo, que como disse pretende mostrar a responsabilidade do Governo e das suas duas principais figuras nos acontecimentos de 10 de Abril e 19 de Maio, mostra evidencias, por eles recolhidas, da acção das forças armadas, alegadamente em violação dos preceitos anunciados pelo governo, o que este nega.

Um dos argumentos da oposição é a de que os fogos quer no Central World quer no Siam Theatre ocorreram quando os soldados já controlavam ambas as posições, acusando assim os militares de ou serem os autores ou serem desleixados no cumprimento do seu dever. O outro tema central tem girado à volta dos corpos que foram encontrados no templo Pathumwanaram e de quem terá causado as mortes daqueles que estavam num local considerado terreno neutro e livre de violência.

Ontem o debate terminou passadas as 2 horas já desta madrugada mas pouco mais se pode concluir do que as acusações de um lado e as negações do outro.

Hoje segue o debate e faz-se votos para que o tom se eleve. O país necessita de respostas dadas pelos políticos que elegeu não por "líderes" de movimentos de rua.

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