sábado, 19 de junho de 2010

Wassana Nanuam

Wassana é tida por ser a jornalista com maior conhecimento de assuntos militares.

O trabalho principal é feito no Bangkok Post, onde dirige exactamente aquele sector no grupo editorial, mas colabora também com a rádio e com a televisão para além de escrever.

Um dos seus livros mais lidos é uma autobiografia autorizada do General Prem que lhe deu o acesso quer a ele quer aos dados necessários para produzir o texto mostrando assim a sua confiança na jornalista.

Wassana é engraçada pois ela própria parece um militar já que usualmente se veste como aqueles com quem convive no seu dia a dia.

Costuma dizer-se que os militares têm um pacto com Wassana usando a sua posição na comunicação social para transmitir "cá para fora" factos e notícias que querem ver a circular.

Lidar com uma instituição militar tem sempre os seus segredos e procedimentos e até é capaz de ser certo esse pacto, o facto é que Wassana consegue manter sempre uma imparcialidade e sabe muito bem onde está o risco que não deverá pisar sob pena de perder a confiança daqueles com quem trabalha.

Pode dizer-se, e sei que muitos militares pensam o mesmo, que é um prazer conhecer esta profissional e ter o previlégio de a ter como amiga. Sabedora, segura e muito alheia a especulações.

Acontece que o seu estilo mudou. Veja-se este artigo que hoje insere no Bangkok Post com o título que sugere que o exército está no seu ponto mais alto na escala de poder desde os acontecimentos de Maio. Nele Wasana passou de analista e comentadora a simples relatora de factos. Não existe nele uma opinião quando era isso uma das suas grandes forças como jornalista. Apresentar os factos e fazer a sua interpretação de acordo com o vasto conhecimento que tem dos meandros militares.

Por certo que não é alheio a esta mudança de estilo, com a clara perca para o leitor, o facto de ter sido afastada de participar num programa de rádio que vinha realizando há anos. Nesse programa Wassana entrevistava pessoas ligadas ao sector militar e durante o mês de Abril, e já depois dos confrontos sangrentos do dia 10 desse mês, era natural que quizesse ouvir as partes em contenda de forma a poder dar ao público as opiniões daqueles que se opunham nas ruas de Bangkok.

Por decisão do Vice PM Suthep foi afastada do programa pois este não queria ver aparecer na televisão, estatal como todas, vozes que fossem contrárias ao regime.

Para além de Wassana vários outros jornalistas foram, substituidos, transferidos, afastados, enfim, impedidos de fazer a sua actividade pelo facto de estarem a tentar trazer para o ar e para a informação ao público vozes das duas partes que se confrontavam.

Triste. Necessitamos de ter a pena e a voz de Lek, o nome porque Wassana é conhecida pois é pequena de estatura, aptas a continuar a dar a todos a sua visão privilegiada que o conhecimento de tantos anos de contacto e vivência com os militares lhe permitiu acumular.

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